Será que um mundo com heróis batalhando contra vilões constantemente realmente seria algo belo? No que isso mudaria em impactos sociais como a miséria ou discriminação? Aliás, isso não seria apenas mais um fator contribuinte para o crescimento desses problemas? Zetman nos traz essa perspectiva. Nos traz a perspectiva de humanos e não-humanos tentando ser normais.

Somos apresentados a Jin Kanzaki, um menino que vive em um barraco em condições horríveis junto de Goro Kanzaki, homem que lhe adotou como um avô. Jin é um garoto bem hiperativo e inteligente. Também mostra ser forte e, com essa força, tenta ganhar dinheiro salvando pessoas de bandidos nas ruas, mas dificilmente o garoto tem sucesso em obter grana. Certo dia, ele sai para um passeio com seu avô e quando estão voltando para o barraquinho, se deparam com uma estranha criatura que assassinou vários dos companheiros dos dois, também moradores de rua. Jin, contando com sua força, ataca a criatura, porém não tem sucesso. O avô então parte para proteger seu neto e a pior das situações parece ter ocorrido.

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Zetman é uma obra de Masakazu Katsura, também autor de mangás como Video Girl Ai e DNA², ambos publicados no Brasil também pela editora JBC. Ele também é o responsável pela arte do mangá Tiger & Bunny, publicado pela Panini. O mais novo título dele publicado em nosso país, o aqui apresentado, teve sua publicação iniciada no Japão no ano de 2002 pela Weekly Young Jump e foi finalizado em 2014 com um total de 20 volumes encadernados.

A obra nos traz uma história adulta com boa dose de ação e ficção científica. As cenas mais frenéticas são espetaculares e no primeiro volume já temos isso bem retratado. Notamos uma tensão nos quadros. Não são lutas pelo mero lutar, há todo um sentimento imposto que faz o leitor ficar tenso muitas vezes.

Como já reconhecido de Katsura, a arte do mangá é excepcional. Seus traços são extremamente caprichados. Nota-se a existência de uma verossimilhança ótima com a realidade. As influências do autor em HQs de super-heróis também é algo que se percebe bastante em sua arte. Por mais que essa presença não esteja tão clara no decorrer do primeiro volume em si, na capa e nas páginas páginas temos belas prévias disso.

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capa da edição nacional de Zetman

A edição nacional

Zetman chegou às bancas em junho deste ano pela JBC. O mangá havia sido anunciado em um Henshin Online no mês de abril, durante a grande maratona de anúncios da editora. A edição chegou ao nosso país no formato 12 x 18 cm e lombada reta. O papel das páginas normais é pisa brite 52g e o das oito páginas coloridas, couché. O total de páginas do primeiro volume são 246. A capa, que está muito bonita, é fosca.

Zetman chegou com o preço de R$17,50, terá publicação mensal com distribuição para todo território nacional e disponível para assinatura. A questão do preço de Zetman foi algo bem discutido pelas redes socias desde que foi confirmado. A editora trará páginas coloridas em todos os volumes e a qualidade do mangá está muito boa, mas talvez R$17,50 para o tradicional pisa brite não seja tão aceitável para os leitores. Outro ponto que pode acabar afastando os consumidores é a tradicional publicação mensal da JBC. Sabe-se que a proposta é sempre deixar o mangá visível para o grande público nas bancas, mas também sabe-se que isso pode afastar boa parte destes consumidores, ainda mais pelo preço imposto.

Como supracitado, a qualidade em geral está realmente boa. O acabamento do volume está ótimo. Creio que o formato menor combinou bastante com o mangá. As páginas em papel couché são o grande charme, ainda mais porque estarão em todas as edições, mas há um contraponto, já que, ao menos nesse volume, apenas metade das páginas são coloridas de fato. Em outras temos a presença do título do mangá, índice e título do prólogo. Por último, e não menos importante, é válido lembrar que as capas internas também são coloridas.

Em questão de adaptação de escrita e revisão, tudo está ótimo e bem quadrinizado. Nesse quesito não há nada a acrescentar.

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Conclusão

Uma obra excepcional em uma edição cara, porém recompensadora. A aquisição de Zetman é altamente recomendada para os que tiverem condições de bancar e creio até que vale o esforço de reservar uma graninha. Com tantos lançamentos bons chegando ultimamente ao Brasil, pode ficar complicado, mas acho válido que se dê uma chance. Reforço que a obra é realmente muito boa e melhora em níveis exponenciais. Merece o sucesso que tem e acredito que mereça também sucesso em nosso país.

História: 5/5

Edição Nacional: 4,5/5