Texto: Leandro Larc e César Filho
Edição: Rafael Jiback
Última atualização em 23 de dezembro de 2023.
O sucesso do Policial do Espaço Gavan (Uchuu Keiji Gavan; Space Cop no Brasil), exibido na TV japonesa entre 1982 e 1983, levou a Toei Company a investir em novas séries semelhantes onde os heróis se apresentavam com uma “armadura metálica” e tinham uma temática espacial como pano de fundo. E assim foi por cinco anos a fio. Isso mudou apenas a partir de 1987, com Metalder – O Homem Máquina (Choujinki Metalder), que trouxe uma trama mais, digamos, realista e com uma alta carga dramática e reflexiva – muito vista nas séries da década anterior. Tudo por cima tinha ainda um visual claramente inspirado em Kikaider, de Shotaro Ishinomori, embora a produtora não admita oficialmente.
Em alguns episódios desta série vimos algumas referências à arte ninja. O mesmo também podia ser visto em Defensores da Luz Maskman (Hikari Sentai Maskman), do mesmo ano, que tinha a personagem Sayaka (Haruka, no original), a Yellow Mask, como uma ninja da equipe. Afirmar que essas referências possuem conexão com uma certa “ninjamania”, presente na cultura pop dos anos 1980, é um tanto imprudente; mas logo iríamos testemunhar a Toei abraçando com força essa tendência, para tentar recuperar o interesse da audiência que vinha se perdendo ano a ano.
A empresa já havia feito várias outras produções tokusatsu sobre ninjas: Kamen no Ninja Akakage (1967~68), Henshin Ninja Arashi (1972~73) e Ninja Captor (1976~77) – vale citar que os dois primeiros foram baseados nos mangás de Mitsuteru Yokoyama (Robô Gigante) e Shotaro Ishinomori (Kamen Rider), respectivamente, enquanto o último foi criado pela equipe de roteiristas que atende pelo pseudônimo Saburo Hatte, a mesma responsável pelas séries Super Sentai e Metal Hero.
Porém, antes de saltarmos para o tema principal desta matéria especial, não podemos deixar de fazer a seguinte contextualização: o que conhecemos como a franquia Metal Hero esteve em exibição pela TV Asahi de 1982 a 1999. Durante estes 17 anos ininterruptos, a franquia não tinha esse nome e sequer era uma franquia! Era apenas um espaço na grade da emissora para heróis da Toei, que começou, como dito na abertura, com o Gavan.
Tal espaço estava sujeito a mudanças de horário na programação da TV Asahi, o que ocorreu durante as exibições de Jaspion (em janeiro de 1986), Metalder (em outubro de 1987) e Jiban (em abril de 1989). O termo Metal Hero foi criado por fãs em meados da década de 2000 e a Toei acabou adotando por pura conveniência, transformando a antiga faixa numa franquia.
Por isso que, no ano de 1988, tivemos um herói que não tinha uma armadura 100% metálica como seus antecessores e a Toei se permitiu explorar com mais liberdade as temáticas diferentes (coisa que já havia testado em Metalder), conseguindo até mesmo alguma inovação para o gênero. No lugar do espaço ou do solitário drama de um homem máquina, a família adquire um destaque maior, e um protagonista mais jovem, imprudente e praticante de ninjutsu (a arte marcial que surgiu por conta da necessidade dos ninjas no Japão medieval) dão o tom para um dos ninjas prediletos das crianças no Brasil no final dos anos 1980 e começo dos anos 90: Jiraiya.
A Guerra Mundial dos Ninjas
“Toha, vista isso e lute. E apresente-se com o nome de Jiraiya.” Tetsuzan Yamashi, episódio 1
Na história da série, a família Yamashi (Yamaji) é detentora da metade de uma inscrição que revela o paradeiro de Pako, que muitos acreditam ser o Tesouro do Século. Sua origem data de uma época anterior ao nascimento de Cristo (mais ou menos no ano 300 AC), e se relaciona com uma cápsula espacial enviada ao nosso planeta por uma civilização alienígena antiga — mas tecnologicamente avançada.
Já a outra metade dessa inscrição está nas mãos de Oninin Dokusai. O vilão a roubou quando traiu o clã dos Togakure — que a família Yamashi representa — e fundou a Família de Feiticeiros (Youma Clan) com sua filha Benikiba, o capanga Retsuga, e um trio “imortal” de Karasutengus (personagens derivados do folclore japonês, e que servem de alívio cômico ao mesmo tempo que prestam pra morrer quando Jiraiya não tem um vilão interessante no episódio — risos).
Como estratégia para tomar a inscrição que revela o paradeiro de Pako, Dokusai espalha pelo mundo informações sobre o “tesouro”, movimentando diversos ninjas de um tal Império dos Ninjas — que só existe na dublagem brasileira, OK? — que começam a surgir no Japão atrás dos Yamashi para arrancar informações sobre o cobiçado item.
Quando Dokusai ataca o dojo dos Togakure, o furdunço se instaura com o saldo do velho patriarca da família (Tetsuzan Yamashi) ferido e a sua filha (Kei Yamashi) sequestrada. Não resta outra opção senão o jovem Toha, filho adotivo de Tetsuzan, vestir uma armadura e empunhar a Espada Olímpica (Jikkou Shinkuuken — leia mais sobre essa alteração na parte de curiosidades ao fim da matéria) para resgatar sua irmã. E assim surge Jiraiya, o sucessor dos Togakure e 35º representante da linhagem.
Durante sua saga, Jiraiya conta com a ajuda de aliados, com destaque para a dupla Rei Yagyu/Kinin Reiha e Ryu Asuka/Yanin Spyker (Yarunin Toppa). Rei possui um misterioso poder que faz seus olhos brilharem — e o “dom” de ser totalmente inexpressiva como personagem. Depois de perder a memória para salvar a vida Jiraiya, ela retorna à ativa com seu ameaçador traje ninja composto essencialmente de um maiô, luvas e botas brancas (!), e um capacetinho que ela consegue levantar o visor; e ganha mais tempo de tela — ofuscando a graciosa irmã do herói, que logo no começo da série ganha uma armadura branca muito melhor trabalhada e tem muito mais carisma em cena (aliás, com essa veste, ela assume o nome de Himenin Emiha).
Na ocasião do evento que fez Reiha manifestar seus poderes e perder a memória, Jiraiya leva um pau olímpico da dupla Kanin Dragon (Kannin Ryokuryu) e Kanin Chang Kung Fu Jr. (filho de um ninja derrotado logo no começo da série e que usa, por total comodidade da produção, a mesma roupa do pai). Para vencer os vilões, o herói tem um “upgrade” em seu visual o deixando mais radical (e rendendo outro bonequinho na coleção, claro). O kit de atualização consiste em partes especiais como o Supra Visor (Jiraiya Searcher), a pistola Olimpic Laser (Jirai Buster), elegantes ombreiras – onde os vilões vão sempre insistir em aplicar um golpe e ter suas espadas quebradas – e uma gargantilha que não tem função alguma (mas ainda assim, deixa o herói com cara de mais poderoso).
A galeria de aliados de Jiraiya é bem vasta, já que boa parte na verdade são vilões que ele derrota, como os ninjas Jounin Barão Owl (Fukuro Danshaku), que usa um capacete que lembra uma pílula; Ronin Haburamu, com seu penteadinho punk; Igyonin Beni Lagarto (Beni Tokage), que usa como shurikens lagartixas de plástico; Kaminin Oruha, que possui a arte de fazer origamis e arremessar tesouras nos inimigos (ui); Bakunin Homem-Míssil (Rocket Man); Rainin Wild; e Seinin Alan (Alamsa), um personagem bastante interessante e que só apareceu duas vezes.
Ah, não podemos esquecer também do atrapalhado Henry Hakushin, que se vende como vidente, mas que é também um ninja. Curiosamente, Hakushin tem meia-idade e é apaixonado por Kei, que é uma estudante colegial (da série: coisas esquisitas dos anos 80). E não menos importante, resta o caçula dos Yamashi: Manabu. Apesar de mais fazer travessuras (tipo… roubar a espada do irmão), o moleque se fortalece e até faz sua própria “armadura” usando um estilingue como arma principal. Jiraiya é um cara com tantos amigos que até seu cachorro e pombo de estimação (!) são ninjas, viu?
Deus Jirai e o ninja da cabeça de pião
“A partir daqui nenhuma pessoa se aproxima. Dorme aqui um demônio do universo” — Mensagem escrita na antiga prisão de Dell Star, lida por Tetsuzan e Barão Owl no episódio 38.
Quando a série estava começando a ficar um tanto monótona, os roteiristas resolveram tomar uns saquês dos bons e sacudir a vida do nosso ninja favorito (desculpe Naruto, mas você não tem metade do carisma). Quando as duas metades da inscrição se unem, descobre-se que Jiraiya tem um robô gigante (!) chamado Deus Jirai. Lento e cafona, o robôzão só tem uma luta digna em toda a série contra um monstro gigante que os Feiticeiros conseguem arrumar. Ao invés de dar um jeito de arrumar mais monstros, Dokusai — agora com o reforço de uma ex-peguete do passado chamada Aracnin Morgana (Yonin Kumo Gozen, no original) — tenta dar cabo do gigante usando mísseis e até tamancas explosivas dos Karasutengu. Falamos que o saquê era brabo!
Pouco depois do tal Deus Jirai surgir, entra em cena Uchunin Dell Star (Demost), que guarda um ódio por Jiraiya de 2.300 anos. Descobrimos que um antepassado de Toha (que usava a armadura e a Espada Olímpica) chegou à Terra com Dell Star e Pako com a missão de destruí-la. Porém, ele se encantou com nosso planeta e o seu povo, mas Dell Star queria cumprir sua missão e por isso Jiraiya o trancafiou numa prisão para deixá-lo morrer. Quando Deus Jirai desperta, Dell Star consegue voltar à vida e desfila por aí com sua cabeça flutuante — que parece um pião de lata dos anos 1980 — e calça de alumínio. Quando Pako finalmente surge, descobrimos ainda que Dell Star movimenta um planeta mecânico para se chocar com a Terra e, para impedir isso, Jiraiya abre mão de seu robô e sua espada de estimação (além de Pako, que nem é um tesouro propriamente dito) para que o planeta das trevas de Dell Star desloque sua trajetória.
Dokusai, muito fulo da vida a esta altura, desafia todos os Togakure e seus aliados para uma batalha final e nem precisamos dizer quem vence ao fim dela, né? Jiraiya “se aposenta” e se torna um mestre, a exemplo do velho Tetsuzan, para difundir o estilo da arte dos Togakure. E assim chegou ao fim Jiraiya, O Incrível Ninja, que não só teve um considerável sucesso no Japão (conseguindo melhorar a audiência baixa que Metalder deixou), como também é um dos clássicos do tokusatsu mais importantes a passar no Brasil.
Com seu cativante ambiente familiar, a série transmite valores como vitória, respeito, perseverança e disciplina. Quem viveu a época conheceu muito moleque que passou a querer fazer artes marciais para virar um “ninja” que nem o herói da TV. Era a ninjamania, transcendendo para o mundo real.
Abrindo um parêntese para criticar um pouco (mais, perdão) a série, muitos fãs brasileiros consideram a adição de Deus Jirai à história amplamente desnecessária – especialmente pelos vilões não passarem a evocar novos monstros gigantes. O visual de alguns amigos e inimigos do herói também deixam bastante a desejar (como a dupla de mercenários Killer e Comando, o ninja mergulhador Suinin Tubarão-mor e o pobre do Homem Míssil — que mais lembra um daqueles membros da Ku Klux Klan com roupinha de verão).
Vários personagens aparecem na série mais de uma vez, deixando a impressão de que faltou orçamento para as fantasias. Pelo menos os roteiristas eram criativos ao “ressuscitar” algum vilão como ameaça da semana. Personagens interessantes como a ninja Honin Jane e Hananin Agnes não possuem tanto espaço quanto mereciam — mesmo suas atrizes e visuais sendo mais interessantes que o da prima do herói – a Reiha. O desenlace final também ficou um pouco confuso e não ver a Emiha dando um fim em sua arquirrival Benikiba deixa um sentimento de frustração.
Depois da série de TV
Em 2012, a franquia Metal Hero completou 30 anos. Aliás, mais do que isso, a comemoração era dos 30 anos de Gavan. Na ocasião, o primeiro Policial do Espaço teve um crossover com Gokaiger e depois teve um filme próprio, onde aparece seu sucessor, Gavan Type-G. Isso sem contar que ainda fomos apresentados aos sucessores de Sharivan e Shaider.
Em 27 de abril de 2013, os Policiais do Espaço da nova geração estiveram em Kamen Rider × Super Sentai × Uchuu Keiji: Super Hero Taisen Z, o segundo filme da famigerada série Super Hero Taisen, que é praticamente um “caça-níquel” que promovia crossovers entre personagens das franquias Kamen Rider e Super Sentai – sem grandes preocupações com lógica, continuidade e coisas do tipo.
Em uma das cenas, os heróis de Kaizoku Sentai Gokaiger, a série Super Sentai de 2011, se transformam em Metal Heroes através das seis Ranger Keys, emprestadas pelo Gavan Type-G. A Jiraiya Key foi utilizada por Gokai Green. As outras cinco Rangers Keys eram: Jiban Key, Draft Redder Key (Exceedraft), Janperson Key, Blue Beet Key (B-Fighter) e B-Fighter Kabuto Key. Elas foram utilizadas por Gokai Silver, Gokai Red, Gokai Pink, Gokai Blue e Gokai Yellow, respectivamente. Como e onde o segundo Gavan conseguiu essas Rangers Keys? Isso jamais foi explicado e talvez nunca saibamos.
Em 18 de outubro de 2015, o ator Takumi Tsutsui reprisa o papel de Toha Yamashi/Jiraiya no episódio 34 de Shuriken Sentai Ninninger, a série Super Sentai daquele ano (adaptada no Ocidente como Power Rangers Ninja Steel/Super Ninja Steel). Esta é (de fato) a primeira aparição do herói 26 anos após o final da série clássica.
Jiraiya aparece impetuosamente, com seu Jiraiya Power Protector (algo que acontece desde Super Hero Taisen Z pra cá), e inicialmente enfrenta os heróis do super esquadrão, pensando que eles fossem ninjas do império do mal da vez e que estavam atacando os cidadãos. Depois que o mal-entendido foi esclarecido, Toha e Takaharu, o alter-ego de Akaninger, líder da equipe, se tornam amigos e juntos enfrentam o monstro da semana.
Este episódio de Ninninger teve imagens de divulgação de Jiraiya, referências, BGMs e até a volta da Espada Olímpica, que havia sido levada para o espaço junto com o Deus Jirai.
Vale citar que, em 2018, este mesmo episódio de Ninninger foi adaptado em Power Rangers Super Ninja Steel. No capítulo 14 da temporada, aparece o Xerife Skyfire, que é nada menos que a contraparte americana de Jiraiya. Apesar da personalidade um tanto “banana” do personagem, ao menos ele ajuda os Rangers no final das contas. Além disso, foi interessante e muito inusitada a utilização do ninja na franquia nipo-americana.
Algo do tipo já havia acontecido em 1995, quando Masked Rider, a contraparte americana de Kamen Rider Black RX, apareceu nos três primeiros episódios da terceira temporada de Power Rangers – antes da estreia de sua tragicômica série na TV americana. E em 2020 foi a vez de Gavan Type-G, que havia aparecido em dois episódios de Go-Busters, virar o Capitão Chaku na segunda temporada de Power Rangers: Morfagem Feroz, que teve até mais consistência.
A liga de super-heróis da Toei que nunca sai(u) do papel
Voltando um pouquinho no tempo, mais precisamente em 2017, a Toei deu início à série de filmes Space Squad, que reúne heróis das franquias Metal Hero e Super Sentai. Nos momentos finais do longa Space Squad: Gavan vs. Dekaranger, Jiraiya, além de Jaspion, Jiban, entre outros heróis metálicos, aparecem brevemente como citações.
Neste mesmo filme, e também no prólogo chamado Girls in Trouble: Space Squad Episode Zero, surge então uma nova versão de Benikiba, interpretada por Mikie Hara, a Honey Kisaragi na série tokusatsu de Cutie Honey (2007).
Gavan vs. Dekaranger rendeu uma continuação no ano seguinte, Uchuu Sentai Kyuranger vs. Space Squad, onde fomos apresentados ao Touma Amagi, o novo Jiraiya que representa a 36ª geração de Togakure. Sem mostrar seu rosto, Amagi entrou praticamente no time dos Policiais do Espaço. É que Kai Hyuga, o Sharivan da nova geração, não aparece, já que o seu intérprete (o ator Riki Miura) deixou o meio artístico no final de março de 2018. Em tempo: uma nova encarnação de Dell Star aparece no filme.
Vale citar também que Dell Star dá seu serviço no prólogo Hero Mama League, protagonizado pelas heroínas Nanami Nono/Hurricane Blue (de Hurricaneger), Jasmine/Deka Yellow (de Dekaranger) e Houka Ozu/Magi Pink (de Magiranger). Esse filmete especial estreou no Japão pela plataforma de streaming Toei Tokusatsu Fan Club no dia 13 de maio de 2018, um domingo das mães. Por isso, as veteranas aparecem também cuidando de seus filhos.
Até o momento, a Toei não anunciou uma continuação da série de filmes Space Squad e muitos acreditam que o projeto foi pra gaveta.
Veio pra ficar!
Enquanto Jiraiya era exibido no Japão, a dobradinha Jaspion e Changeman fazia um grande sucesso aqui no Brasil, pela extinta Rede Manchete (1983~1999). Flashman chegou um pouco mais tarde, em 6 de março de 1989, e só amplificou ainda mais o sucesso do gênero. Diante do fenômeno, a distribuidora Top Tape decidiu concorrer com a Everest Video, do empresário Toshihiko Egashira — e o responsável pelo lançamento das três séries citadas anteriormente. Originalmente, Toshi tinha planos de lançar Jiraiya e Jiban ainda no final dos anos 1980. Mas a nova concorrente saiu na frente e as adquiriu.
A Top Tape, uma empresa da família Rozemblit (cujo grupo de mesmo nome foi uma das maiores gravadoras do país), já atuava com esse tipo de produção por conta das trilhas sonoras nacionais de Jaspion e Changeman. Foi o estrondoso sucesso de vendas desses discos que provavelmente motivou a estratégia da empresa de “furar o olho” da Everest. Além de Jiraiya e Jiban (que ainda estava em fase de produção), a empresa trouxe do Japão o “diferente” Lion Man — que tinha duas séries produzidas em 1972 e 1973 pela extinta P Productions – a mesma de Vingadores do Espaço (Magma Taishi), O Príncipe Dinossauro (Kaiju Ouji) e Spectreman.
Numa tentativa de colocar um samurai da era feudal e um ninja da era moderna na mesma equivalência e surfar na ninjamania já comentada no começo dessa matéria, a distribuidora fechou parceria com a Manchete, que lançou a dobradinha Lion Man e Jiraya (na ocasião grafado assim, sem o “i” antes do “y”) na manhã do dia 2 de outubro de 1989, como atrações do Cometa Alegria, programa infantil estrelado por Patrick de Oliveira e Cinthya Rachel — e que estreou na mesma data. Embora Lion Man tivesse episódios mais, digamos, carrancudos e violentos, a série do homem com cabeça de leão não fez tanto sucesso quanto o Ninja Olimpíada.
Jiraiya conquistou em cheio o público brasileiro, se consagrando como um cult. É praticamente impossível quem assistiu a série na exibição original não se recordar dos temas de abertura e encerramento em português, cantados por Renato Ladeira. Essas músicas foram lançadas em LP e Fita Cassete pela mesma Top Tape, mas o planejamento do disco foi um tanto “diferenciado”. Acontece que apenas essas músicas foram adaptadas da trilha sonora original da série. As demais foram composições brasileiras baseadas em trilhas instrumentais — com letras que nem sempre pareciam fazer muito sentido em relação ao herói. Curiosamente as versões originais japonesas, da abertura e do encerramento, incluindo as instrumentais, também foram incluídas no LP.
Ainda assim, as vendas motivaram a Top Tape a investir em um novo LP (Jiraya 2) com músicas ainda mais “diferenciadas” e novamente com letras sem muito sentido baseadas em trilhas instrumentais. Com isso, Jiraiya conseguiu a façanha de ser oficialmente a única série com 2 discos lançados no período. Só lembrando que o LP Jaspion 2, da RGE Fonográfica, era a trilha adaptada de Spielvan (ou quase, pois tinha uma música perdida de Jaspion e outras de Kamen Rider Black!). A Top Tape também lançou uma coleção de 9 fitas VHS com episódios da série que cobriram até o episódio 36.
Além dos discos e fitas VHS, o sucesso rendeu lançamentos de bonecos da extinta Glasslite – incluindo veículos jamais utilizados pelo herói (que não passavam de reciclagens de produtos de outras linhas da fabricante), uma série em quadrinhos pela também extinta editora Ebal e itens de festa da empresa Festcolor (que também lançou uma máscara de plástico do herói, a exemplo do que a Everest fazia com os seus licenciados). De todos os produtos lançados, um dos mais cobiçados pela gurizada da época era a versão da Espada Olímpica que, além de um ótimo acabamento, ainda acompanhava duas shurikens do ninja.
Jiraiya foi ainda parodiado numa edição do gibi As Aventuras dos Trapalhões, publicado pela Abril Jovem. O quarteto Didi, Dedé, Mussum e Zacarias viraram versões abrasileiradas de Jiraiya, Wild, Homem-Míssil e Barão Owl, respectivamente em uma historinha divertida – e muito melhor do que todas as lançadas pela Ebal.
Como todo bom clássico de tokusatsu exibido na Manchete, Jiraiya sofreu com o fatigante método de segurar certos lotes de episódios até o final. A primeira exibição da série ia até o episódio 14 (O Franco-Atirador). Depois os episódios restantes foram apresentados, mas os últimos custaram a ser “soltos” – em uma estratégia similar à que a Everest realizava com seus programas.
Após reprises que pareciam não ter mais fim, Jiraiya saiu do ar em meados de 1992, quando outras séries tokusatsu se despediram da programação da Manchete, devido à saturação desse tipo de produto por aqui, além da situação econômica do país (que prejudicava os trabalhos de licenciamento de produtos, o motor de combustão para esse tipo de programa). Para vocês terem noção, em 1991, mais de 10 produções, entre inéditas e reprises, eram transmitidas em diversos canais.
Sobrevivendo à crise final da Manchete
Nesse meio tempo, mais precisamente entre 1994 e 1995, a emissora dos Bloch reservava espaço da grade para as produções inéditas Patrine, Winspector, Solbrain, Kamen Rider Black RX, a série nipo-americana Superhuman Samurai (adaptação de Denkou Choujin Gridman) e as reprises de National Kid e Ultraman.
Isso sem mencionar os animês Os Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon, Shurato, Samurai Warriors, o bloco U.S. Mangá, Yu Yu Hakusho e Supercampeões – que agitavam nossas manhãs, tardes e noites (dependendo do horário que você acompanhava) e eram assuntos praticamente obrigatórios nos papos de roda da escola (bons tempos!) entre 1994 e 1998.
Assim como as séries tokusatsu, as animações japonesas também mostravam sinais de cansaço. 1998 foi um ano marcado por outra crise econômica no Brasil. Mesmo assim, a Manchete investiu pesado em sua programação, tentando resgatar sua fórmula de sucesso dos primeiros anos de transmissão.
Yu Yu Hakusho e Supercampeões eram os únicos animês que a Manchete exibia em sua então nova fase, mais precisamente no começo da noite (de segunda a sexta) e como tapa-buraco de programação nas manhãs de domingo. Isso porque a faixa das 19h foi ocupada pelo Manchete Clip Show, um programa de videoclipes que nada mais era que uma versão mais moderninha do oitentista Clip Show.
Outra mudança que contribuiu para a diminuição de espaço dos enlatados japoneses, na mesma noite de 23 de março daquele ano, foi a estreia do popularesco Magdalena Manchete Verdade, programa apresentado pela jornalista Magdalena Bonfiglioli que seguia, digamos, os mesmos casos de família (com trocadilho) vistos em programas da época como Ratinho Livre (da Record) e Márcia (do SBT).
1998 também foi o ano da Copa do Mundo na França, onde a Seleção Brasileira de Zagallo (“Vocês vão ter que me engolir!“) perdeu vergonhosamente para os donos da casa na final. A Manchete não teve retorno em audiência e a transmissão só rendeu prejuízo. Mas a estreia da novela Brida, em 11 de agosto daquele ano, foi uma tragédia anunciada, uma vez que os custos de produção eram absurdos e a aposta no sucesso já era arriscada demais (pra não dizer kamikaze).
O cancelamento da novela, baseada no best seller de mesmo nome do escritor Paulo Coelho, fez com que a Manchete adotasse uma programação de emergência, formada basicamente por reprises, incluindo a volta de Pantanal (1990), seu maior sucesso, a partir de 26 de outubro de 1998. Shurato (que havia reestreado em 4 de outubro do mesmo ano, substituindo Supercampeões aos domingos) e Yu Yu Hakusho foram os únicos animês exibidos na ocasião, substituindo Magdalena Manchete Verdade (que saiu do ar na mesma noite do “final” de Brida).
É aí onde Jiraiya entra na jogada. Toshihiko Egashira, dono da distribuidora Tikara Filmes (outrora Everest Video), foi quem adquiriu esses animês anos antes. Em 25 de novembro de 1998*, Toshi adquiriu os direitos de Jiraiya e Jiban, que antes eram da Top Tape. Com a renovação, o sucessor de Togakure ajudou o Rei Shura e o Detetive Sobrenatural a segurar as pontas no horário nobre da Manchete.
A reestreia de Jiraiya aconteceu às 19h15 do dia 7 de dezembro de 1998, uma segunda-feira. Ninguém esperava por isso e a volta desse clássico foi uma grata surpresa, apesar do momento crítico. Era uma das séries tokusatsu que o público mais aguardava para ver de novo na TV brasileira. Em tempo, a Manchete não exibia uma produção do gênero desde 26 de dezembro de 1997, quando Winspector saiu do ar.
Sob a permissão da Tikara, a Manchete passou a exibir os primeiros 10 episódios de Jiraiya. Alguns deles, inclusive, com uma imagem tão desbotada, mas tão desbotada que deixava a armadura do herói com tons de rosa (como, por exemplo, naquele episódio onde a coragem de Toha é roubada por Kanin Chang Kung Fu). Sempre quando acabava aquele “lote” de episódios, a série voltava ao início.
Os episódios seguintes foram liberados em meados de janeiro de 1999, logo após o lançamento da parceria entre a Manchete e a Rede Gospel de Comunicação (RGC), empresa da Igreja Renascer. Essa parceria, inclusive, duraria 15 anos, mas rendeu cerca de 40 dias. Sem contar que ainda prometia uma programação que não tinha nada de novo naquele verão 99 (trocadilho com o famigerado slogan daquela fase).
Sempre ao exibir o episódio 14, “O Franco-Atirador”, a Manchete apresentava a prévia do episódio seguinte, “A Maldição Lendária”. Nem esse e nem o seguinte, “A Cruzada dos Ninjas”, teve a chance de ir ao ar nas últimas reprises. Talvez por problema em uma das fitas, considerando que cada U-Matic (o tipo de fita usada pelas televisões na época) carregava dois episódios. Em outras palavras, sempre que Bakunin Homem-Míssil entrava em ação, deixávamos de ver os episódios com Manin Luanna (Manin Silvani como dizia o narrador) e Kazenin Mafia para ver o arco duplo da corrida frenética pela armadura Satan.
Entre reprises e mais reprises, a Manchete exibiu Jiraiya até o episódio 38, “As Mil e uma Faces“, segunda parte do arco que introduziu os vilões Dell Star e Morgana. A primeira vez que estes episódios foram ao ar desde a reestreia se deu em meados de março de 1999.
Depois disso, as reprises ficaram em looping até o dia 31 de outubro de 1999 (uma manhã de domingo), data em que as séries japonesas saíram do ar da programação experimental da RedeTV!, sem ao menos passar os últimos doze episódios. Devido a constantes mudanças de horário (a cada uma ou duas semanas, na média), era bem difícil acompanhar Jiraiya na fase de transição entre Rede Manchete e a Rede TV!, a não ser nas últimas semanas em que a série podia ser vista logo cedinho, às 7h da matina, abrindo a programação do dia.
Sem grandes pretensões de sucesso, Jiraiya (juntamente com Maskman), figurava facilmente no Top 5 dos programas mais vistos da emissora naquele período – variando entre 1 e 2 pontos de audiência.
*Nota de bastidores: Durante a gravação da entrevista com Toshihiko Egashira para nosso canal no YouTube, tivemos acesso a alguns contratos da Everest e Tikara Filmes. Jiraiya e Jiban foram adquiridos pelo empresário em 25 de novembro de 1998. As licenças destas e também da série Maskman tinham sido renovadas em 25 de maio de 1999, por mais sete anos.
Caixa de surpresa… constrangedora!
Em 2009, a Focus Filmes lançou Jaspion, Changeman, Jiraiya e o até então estreante Ryukendo em DVD. A distribuidora acertou no lançamento da primeira box de Jaspion, em maio daquele ano, que contou com o jornalista e cantor Ricardo Cruz na tradução para as legendas e um comando de bate-papos bacanas nos comentários em áudio (OK, eles erraram num tal boneco de brinde, mas deixemos isso pra lá).
O mesmo não dá pra se dizer sobre a primeira box de Changeman, que teve uma qualidade de imagem um pouco aquém de Jaspion, considerando que o lançamento nacional ocorreu cerca de três semanas antes do lançamento do primeiro volume do DVD japonês, com imagem remasterizada. O maior problema da coleção do quinteto colorido residia nos episódios 5 e 20, com imagens “ripadas” das reprises do Toei Channel — isso sem contar o atraso de áudio dos últimos episódios…
Ganhando uma embalagem de encher os olhos, Jiraiya (grafado “corretamente” pela primeira vez em nosso país) teve o azar de ter todos os primeiros 25 episódios, lançados na primeira box com imagens extraídas do Toei Channel – com direito ao selo da emissora aparecendo no início e no final de cada episódio. Não bastasse isso, a qualidade da imagem não era das melhores e as legendas eram as pavorosas dubtitles (uma transcrição do áudio dublado da série só que em formato de legenda).
Tudo isso gerou, obviamente, uma grande revolta na comunidade de fãs de tokusatsu. Quem adquiriu na pré-venda, principalmente, acabou tomando um balde de água fria, pois a imagem remasterizada da série já existia no mercado japonês. Todos esperavam por um recall que nunca aconteceu. Em entrevista para o site JBox (sim, esse aqui), realizada em 31 de maio de 2011, Afonso Fucci, representante da Focus, alegou que aquela era “a única imagem que nos disponibilizaram”.
Ao menos a segunda box teve os últimos 25 episódios com a imagem do DVD japonês, só que com uma tonalidade consideravelmente mais escura por ajustes de imagem realizados na autoração. Posteriormente, em fevereiro de 2014, a Focus relançou a série em um único digistak com 10 DVDs, com imagem, legendas e som consertados. Mas poucos se interessaram no material requentado e a fama da empresa já não andava das melhores depois de sucessivos equívocos em seus produtos.
Em 2015, a Sato Company adquiriu e renovou os direitos de Jiraiya, junto com Jaspion, Changeman, Flashman, Jiban e National Kid (além da inédita série Garo). A ideia inicial era agregar esses conteúdos para a Netflix e foi compartilhada pela própria distribuidora também nesse site. O assunto teve bastante repercussão na web, mas o acordo não foi firmado e um dos motivos alegados era a ausência de materiais com alta definição – que já era um padrão que a plataforma queria seguir na época. Ainda não existiam episódios de Jiraiya em HD, sendo a melhor qualidade a versão remasterizada dos DVDs japoneses.
Todos esses clássicos foram lançados em 2016 pela extinta plataforma de streaming WOW! Play, criada pela Sato Company. Devido aos problemas técnicos que culminaram na descontinuidade do serviço, a empresa criou pouco depois o canal Tokusatsu TV no YouTube (atual TokuSato). Foram lançados semanalmente pouco mais de 30 episódios e a série completa acabou chegando anos mais tarde (e dublada), em 15 de julho de 2019, no Amazon Prime Video.
Tempos depois, os primeiros 30 episódios no YouTube foram reinseridos apenas com áudio original e legendas em português, do mesmo jeito que o seriado apareceu no serviço gratuito VIX em 2021 (com 13 episódios e o restante no ano seguinte) e na programação da Sato+ pelo Samsung TV Plus em 2023.
No mesmo ano de 2023, em dezembro, a versão dublada apareceu no mesmo canal da Samsung, além do catálogo do Mercado Play. Nessa ocasião, Jiraiya sofreu uma espécie de “tratamento de imagem forçado”, através de uma técnica chamada de upscaling, com uso de inteligência artificial para dar uma polida no material antigo – algo que dá pano para muitas discussões sobre o resultado entregue, porém não vamos entrar nesse terreno por aqui.
Mas sobre a dublagem…
O caso da dublagem perdida (e recuperada)!
A versão brasileira da série foi realizada nos estúdios da Álamo com direção inicial de Líbero Miguel. O diretor e dublador cuidou da série até o episódio 16 e também emprestou sua marcante voz para o personagem Dokusai. Com seu falecimento em outubro de 1989, o restante da série acabou sendo assumido por Nair Silva, e Gilberto Baroli passou a fazer o antagonista da série – lhe conferindo uma personalidade bem marcante.
O dublador Mauro Eduardo teve seu primeiro grande protagonista com o herói ninja. Curiosamente, alguns anos antes, em parceria com Nelson Machado, Mauro trabalhou na produção de roteiros para apresentação de uma espécie de “pocket-show” para promoção de Jaspion e Changeman ao público, para alavancar a venda das fitas VHS – lançadas no mercado em 1987. Depois do fenômeno que essas série se tornaram com a exibição na TV, a dupla também roteirizou o lendário circo show dos personagens que atraía multidões para ver os heróis ao vivo.
O elenco de vozes dos sucessores de Togakure se completava com Cecília Lemes (Kei/Emiha), Hermes Baroli (Manabu) e Waldir Wey (Tetsuzan). Hermes, que anos depois se eternizaria como Seiya de Pégaso, ainda era uma criança ao dublar Manabu, enquanto Waldir Wey teve no velho Tetsuzan seu trabalho mais marcante na área – mesmo com anos de trabalhos em rádio e muitos filmes dublados para tevê e home-video.
Do lado dos Feiticeiros, Zodja Pereira (Benikiba), Francisco Bretas (Retsuga) e mais tarde Maximira Figueiredo (Morgana) dividiram a bancada ao lado de Gilberto Baroli. Retsuga – como quase todos os demais personagens que apareciam na série – sofreu alterações de escala de dublador em vários episódios. Outras vozes marcantes da série são a de Gastão Malta (Barão Owl), Oswaldo Boaretto (Benin Lagarto), Leonardo Camilo (Satan e vários outros ninjas do Império) e Carlos Laranjeira (Yanin Spyker, um dos corvos e outros ninjas do Império).
Mesmo com esses probleminhas de inconstância do elenco secundário, e umas derrapadas na tradução, a dublagem de Jiraiya foi muito marcante, e assistir a série sem ela é uma experiência um tanto “sem graça” para quem cresceu acompanhando dessa forma. Isso passou a ser uma realidade a partir da “crise” dos direitos conexos que surgiu em 2020 com a reestreia de Black Kamen Rider na Band. Como a dublagem de Jiraiya e outras séries tokusatsu são produções realizadas antes da lei instaurada sobre o tema em 1998, cabia sempre um acordo entre a distribuidora e o elenco para acerto de valores referentes ao uso das vozes. Entretanto, a distribuidora Sato Company – última a renovar os direitos da série – alegou que não conseguiu chegar a um acordo satisfatório com alguns profissionais e dessa maneira passou a distribuir as séries sem o áudio em nosso idioma.
Considerando o posicionamento da Sato Company por anos, achava-se que essas dublagens – desde já consideradas clássicas – ficariam (oficialmente) apenas para os que compraram os DVDs da Focus Filmes ou quem ainda preserva os VHS da série. Eis que, em dezembro de 2023, a versão brasileira do querido ninja retornou, após uma longa negociação que terminou com um acordo entre as partes envolvidas. A reestreia foi na programação linear do Sato+ (das TVs Samsung), seguida pelo Mercado Play. Um bom final para os fãs saudosos.
O retorno inesperado
Mesmo chegando ao século 21 em novas mídias, Jiraiya conseguiu um espaço para ser reprisado na televisão brasileira a partir de 22 de março de 2020. Em meio ao cenário da pandemia provocada pela COVID-19, as emissoras sentiram um baque em sua programação. A Band, que sempre teve o esporte como um de seus pilares (e que deixou de ter conteúdo com a situação), teve que recorrer a soluções rápidas para preencher sua grade.
Devido a uma boa relação com a Sato Company, a Band abriu espaço nas manhãs de domingo para a reprise de Jiraiya, acompanhada por Changeman e Jaspion, dentro do bloco Mundo Animado. Inicialmente como um “tapa-buraco”, a atração rendeu ótimos índices de audiência para o padrão da emissora, que ampliou o horário já no domingo seguinte.
Mas com a volta da programação esportiva (e seus patrocinadores) e problemas envolvendo a dublagem como já citamos acima, a Band limou as séries japonesas da programação. Por sorte, todos os 50 episódios de Jiraiya foram exibidos desta vez.
Mangá nacional e novos produtos
No dia 5 de dezembro de 2021, durante uma edição on-line do evento CCXP, a Editora JBC anunciou a publicação do “mangá nacional” de Jiraiya: O Incrível Ninja. A notícia havia sido divulgada diretamente do Japão pelos próprios atores Takumi Tsutsui e Takumi Hashimoto, que interpretaram os irmãos Toha e Manabu Yamashi na série tokusatsu.
O mangá de Jiraiya fará parte do Henshin Universe, a saga de quadrinhos da JBC (iniciada em O Regresso de Jaspion) que apresenta histórias originais baseadas nas séries tokusatsu da Toei Company, em parceria com a Sato Company. O roteiro será de Chris Tex e as artes de Santtos e Jhonny Domingos – autores de Blackout (quadrinho lançado pela JBC com o selo Start!), além da edição de Marcelo Del Greco e produção executiva de Edi Carlos Rodrigues.
Mas esse não foi o único produto brasileiro que o herói garantiu na virada para os anos 2020. De olho nos fãs mais velhos e com grana considerável pra gastar, em 2018 a Iron Studios anunciou na CCXP uma estatueta em polystone do Jiraiya, em escala 1/10. O item exclusivo chegou às lojas da marca tempos depois, mas o preço elevado não impediu que se esgotasse rapidamente (assim como a do “colega” Jaspion). Quem escreve essas linhas que você lê ficou só chupando o dedo mesmo.
Como já dizia uma das canções nacionais da série, Jiraiya “veio pra ficar” e deixar um legado, tanto no Brasil quanto no Japão. Na época do auge do sucesso, ninguém poderia imaginar a força que um ninja poderia ter para atravessar gerações e ainda ser tão importante depois de mais de três décadas. Tamanha popularidade não é à toa, pois…
♪Sempre vai existir Jiraiya!!♪
Outras curiosidades
- No Japão, Jiraiya teve média de 9.6% na audiência. É a 11ª série Metal Hero de maior audiência, perdendo para Gavan (14.9%), Sharivan (13.0%), Winspector (12.8%), Shaider (12.5%), Solbrain (12.8%), Jaspion (11.8%), Spielvan (11.2%), Janperson (10.0%), Exceedraft (9.8%) e Kabutack (9.7%).
- O episódio de maior audiência de Jiraiya foi o 45 (A Ponte da Esperança), que marcou 12.8%. Já o episódio de menor audiência foi o 30 (O Ninja Solitário), marcando 6.3%.
- Outra série Metal Hero que teve a mesma média de audiência que Jiraiya foi Robotack, a última da franquia que foi ao ar no Japão entre 1998 e 1999. Seu episódio de maior audiência foi o 9, com 12.5%.
- Jiraiya era exibido originalmente nas manhãs de domingo da TV Asahi, das 9h30 às 10h. Esta foi a terceira faixa destinada às séries Metal Hero na programação, iniciada em 4 de outubro de 1987, a partir do episódio 25 de Metalder. Jiban ficou neste mesmo horário até o episódio 9, exibido em 26 de março de 1989. Desde 1º de outubro de 2017, a TV Asahi transmite as séries Super Sentai na faixa dominical das 9h30 da manhã.
- O departamento de distribuição internacional da Toei Company vendia a série com o termo “Ninja Olympiad”, justamente porque 1988 foi o ano das Olimpíadas em Seul, na Coreia do Sul. Por isso a dublagem brasileira usa termos como “Ninja Olimpíada”, “Espada Olímpica” e “Consciência Olímpica”.
- Originalmente, a Espada Olímpica se chama Jikou Shinku Ken, que significa algo como “Espada do Vácuo Luminoso Magnético”. Já a pistola Olympic Laser se chama Jirai Buster.
- Após o fim da série, Takumi Tsutsui, o astro que interpretou Toha Yamashi/Jiraiya, participou de episódios das séries tokusatsu Winspector, Thutmose, Ultraman Cosmos, Ultraseven X, Kamen Rider Ghost e Ninninger.
- Dois anos antes de Jiraiya, Megumi Sekiguchi, atriz que interpretou Kei Yamashi/Himenin Emiha, havia participado do episódio 39 de Jaspion como Miyo. Ela tinha apenas 12 anos na ocasião. Sekiguchi está afastada da mídia japonesa há vários anos.
- Takumi Hashimoto reprisou o papel de Manabu no episódio 31 de Jiban. Também ficou conhecido pelos fãs de tokusatsu por ter interpretado Boi, o Tiger Ranger da série Kyoryu Sentai Zyuranger (1992~93). Ou seja, a contraparte de Trini e Aisha, as Rangers Amarelas de Mighty Morphin Power Rangers (1993~95). Hashimoto também participou de episódios de Metalder, Ohranger e Megaranger.
- Masaaki Hatsumi, o Tetsuzan Yamashi, é um ninja na vida real. Ele é fundador da Organização Bujikan e é, de fato, o 34º sucessor de Togakure.
- O mesmo Tetsuzan Yamashi foi dublado por Dai Nagasawa, na versão original.
- Após os primeiros episódios, Tomoko Taya, a Rei Yagyu/Reiha, precisou se ausentar da série por sofrer uma luxação do joelho. Ela retornou no episódio 24.
- Antes de viver na pele de Ryu Asuka/Yanin Spyker, Issei Hirota interpretou Akira/Blue Mask em Maskman. Curiosamente, esta série Super Sentai chegou ao fim em 20 de fevereiro de 1988, pela TV Asahi. Na manhã do dia seguinte, e na mesma emissora japonesa, Hirota estreou no episódio 5 de Jiraiya, onde ficou até o episódio 24. Sua saída da série jamais foi explicada.
- Machiko Soga, a bruxa Aracnin Morgana, interpretou várias vilãs no gênero tokusatsu. O público brasileiro pôde vê-la também como a Rainha Pandora em Spielvan, Rita Repulsa em Power Rangers, entre outras personagens. Vítima de câncer do pâncreas, Soga morreu em 7 de maio de 2006, 18 dias antes do lançamento de The Space Sheriff Spirits, game para Playstation 2 do qual ela interpretou uma nova vilã da saga dos Policiais do Espaço, enfrentando Gavan, Sharivan e Shaider.
- O dublê de Dokusai foi Noriaki Kaneda, conhecido por vestir trajes de vários Metal Heroes como Jaspion e Jiban.
- O jovem Dokusai foi interpretado por Satoshi Kurihara, o General Gailer em Sharivan. Curiosamente, Dokusai teve sua máscara cortada duas vezes: na primeira se apresentando com o rosto de Tetsuzan e na segunda com uma espécie de imagem com estrelas.
- Manin Luana, vilã do episódio 15, teve como dublê a atriz Miyuki Nagato, a Urk em Flashman.
- Masayuki Suzuki, o Hakushin, foi o atrapalhado fotógrafo Kojiro Oyama na trilogia dos Policiais do Espaço – Gavan, Sharivan e Shaider.
- Emi Sato, a embaixatriz Maira no episódio 8, é uma ex-idol da música japonesa na década de 1980. Teve uma breve carreira na TV e no cinema durante o mesmo período. Antes de Jiraiya, Sato apareceu no episódio 13 de Maskman como a misteriosa cantora Marina.
- Ulf Ootsuki, o ninja Gonin Abdad no episódio 8, era um veterano que fez participações em várias séries tokusatsu como Vingadores do Espaço, Robô Gigante, Lion Man, Cybercop e Patrine. Ele morreu em agosto de 2020, por causa não divulgada e sua última participação foi em Kamen Rider Drive.
- Ittoku Yamanaka, o Dr. Smith, participou das séries tokusatsu Kamen Rider Black, Jiban, Turboranger, Kakuranger, Ohranger e Blue SWAT. E sim, o ator é japonês.
- Shouhei Kusaka, o Kamenin Oruha, interpretou o policial Naoto Tamura em Jiban, que substituiu Jiraiya em 1989. No episódio 5 de Sharivan (1983), ele interpretou Tokio, quando tinha apenas 18 anos. Por curiosidade, seus três personagens passaram pela morte.
- Megumi Ueno, a Kazumi — namorada de Oruha — interpretou Kyoko Matoba em Kamen Rider Black RX. Ela esteve em alguns títulos da franquia Toei Fushigi Comedy Series, criada por Shotaro Ishinomori, onde começou sua carreira interpretando Yasuko no elenco principal de Hard Gumi (1987). Na mesma franquia, ela faz uma participação no episódio 21 de Patrine.
- Junichi Haruta interpretou Kazenin Storm no episódio 16 de Jiraiya. O ator também apareceu como outros personagens que se vestem de preto, caso do Goggle Black em Goggle Five e MacGaren em Jaspion.
- Eichii Kikuchi, o presidente da empresa de desenvolvimento no episódio 26 de Jiraiya, foi o dublê de Ultraman Jack em O Regresso de Ultraman e interpretou o vilão Gasami 1 nos episódios 25 e 26 de Jaspion.
- Kaname Kawai, que interpretou Shin (Shintaro) Yazaka no episódio 26, participou de Solbrain (1991) como Takeshi Yazawa, o piloto da nave mãe Solid Saver-I.
- Kenji Ohba participa do episódio 28 como Yajiro Iyo, o homem que veste a Armadura Olímpica e desafia Toha. Anteriormente ele viveu como Shiro Akebono/Battle Kenya em Battle Fever J (1979~80), Daigoro Oume em Denziman (1980~81) e principalmente como Retsu Ichijoji em Gavan (1982~83).
- A cantora e apresentadora francesa Dorothée interpretou a ninja Katherine nos episódios 29 e 31 de Jiraiya. Em 1988, Dorothée também atuou no episódio 45 de Kamen Rider Black e no episódio 30 de Liveman. As séries foram exibidas em seu programa de TV na França.
- Kazuoki Takahashi foi o Aman Negro no episódio 30 de Jiraiya. Ele é lembrado pelos fãs brasileiros como Hayate/Change Griffon em Changeman e Satoru Kiita em Metalder. Outro vilão de tokusatsu vivido por Takahashi foi George Makabe em Janperson (1993~94).
- Jun Tatara foi Gensai, o mestre de Aman Negro, no mesmo episódio 30. Tatara foi o mentor Barza em Kyoryu Sentai Zyuranger (1992~93), praticamente uma contraparte de Zordon em Mighty Morphin Power Rangers (1993~95).
- O ator nipo-americano Mickey Curtis, o David Cat no episódio 36 de Jiraiya, interpretou Guillotine em Spielvan. Fez uma participação especial no episódio 24 de Patrine.
- Sumiko Kakizaki foi a ninja Honin Jane no episódio 40 de Jiraiya. Em 1978, ela foi protagonista de Tomei Dori-chan, série tokusatsu criada por Shotaro Ishinomori. Na época, ela tinha apenas 13 anos. No Brasil, vimos Kakizaki em Sharivan, como Miyuki, a líder das garotas da Ilha Iga.
- Yukiko Yoshino, que interpretou as personagens Sanae Yamashi e Akiko Matsumoto no episódio 42, atuou como Yuko Iga em Sharivan e a mãe de Akira em Maskman.
- O dublê Koji Matoba era quem vestia o traje de Jiraiya em determinadas cenas. Matoba foi o dublê de Change Griffon, Green Flash e Black Mask em Changeman, Flashman e Maskman, respectivamente.
- No primeiro episódio, Lenin Wild aparece sem máscara e foi interpretado na ocasião pelo dublê afro americano Michael Coleman. Jiro Ishii foi o dublê do personagem a partir do episódio 20.
- Inicialmente, a Toei planejava a série Technin Keiji Decker (algo como “Policial Ninja High Tech Decker“) como substituto de Jiraiya. Muito provavelmente pelo sucesso da série de 1988 e também do filme Robocop – O Policial do Futuro (1987). Mas o projeto, obviamente, jamais saiu do papel. Logo, a Toei bateu o martelo para a criação da série Kidou Keiji Jiban (claramente inspirado em Robocop) e com enredo sem ligação direta com seu antecessor. Porém, Takumi Hashimoto reprisou o papel de Manabu no episódio 31 de Jiban, mas sem acrescentar algo de grande importância na mitologia de Jiraiya.
- O design principal dos personagens da série foi assinado por Katsushi Murakami, responsável pelo visual dos cinco primeiros Metal Hero e de várias outras produções tokusatsu da casa. Destaca-se em sua carreira o design do primeiro mecha pilotado em uma produção do gênero (Leopardon, o robô gigante do Homem-Aranha Japonês) e do célebre vilão Shadow Moon (de Kamen Rider Black).
- Os dois últimos episódios de Jiraiya foram adiados em uma semana, devido à morte do Imperador Hirohito em 7 de janeiro de 1989. O episódio 49 estava programado para a manhã do dia seguinte e teve que ser remarcado para 15 de janeiro. Com isso, a estreia de Jiban, originalmente marcada para 22 de janeiro de 1989, foi adiada para 29 de janeiro. O fato também adiou – em uma semana – os episódios do animê Os Cavaleiros do Zodíaco e das séries tokusatsu Liveman, Kamen Rider Black RX, Cybercop, além das estreias de Chukana Paipai! e Turboranger.
- A maioria das canções de Jiraiya foi interpretada por Akira Kushida. O artista havia cantado as músicas de Gavan, Sharivan, Shaider e Jaspion. Em 1989, interpretou as canções de Jiban.
- As músicas de abertura e encerramento cantadas por Akira Kushida são o único caso de uma gravação para tokusatsu, interpretada em japonês, a ser lançada oficialmente no mercado fonográfico brasileiro.
- Takumi Tsutsui cantou o tema de inserção “Kagayake! Jiraiya”. E Megumi Sekiguchi cantou o tema de inserção “Kei to Emiha ~Emiha no Theme~”.
- A trilha sonora de Jiraiya foi produzida pelo compositor e arranjador Kei Wakakusa. Nas séries Metal Hero, ele produziu as BGMs de Janperson, Blue SWAT e Robotack, onde reaproveitou algumas trilhas de Jiraiya. Wakakusa também produziu BGMs para animês como Godmars, Ushio & Tora, Shin-chan e tantos outros.
- Falando em Blue SWAT, essa foi a segunda e última série Metal Hero protagonizada por heróis que não tinham armaduras metálicas cobrindo todo o corpo (Jiraiya essencialmente só tinha um peitoral e um capacete). Entretanto, elementos da arte ninja estavam presentes.
- No tema de abertura de Jiraiya é citado o seguinte mantra: Gakoraitousha, Akumafudou (algo como “Pelos meus ancestrais lutadores, que o demônio não se mova!”). Segundo Maasaki Hatsumi, essa era uma antiga técnica ninja utilizada para imobilizar o inimigo para atacá-lo em seguida.
- A voz brasileira de Toha/Jiraiya, o dublador Mauro Eduardo, tem um timbre considerado parecido com o do ator Takumi Tsutsui. Lembrado por ser a voz brasileira de Inuyasha e do Homem-Aranha (da série animada de 1994), Eduardo também dublou personagens nas séries tokusatsu como o robô Harley em Jiban, Goggle Blue em Goggle Five e o Comandante Balzac em Metalder.
- Cecília Lemes, dubladora de Kei/Emiha, já havia sido a segunda voz de Anri em Jaspion e mais tarde foi a Lady Diana em Spielvan.
- O garoto Manabu Yamashi foi dublado por Hermes Baroli, anos antes de ficar conhecido por dublar Seiya de Pégaso no animê Os Cavaleiros do Zodíaco. Hermes é filho dos dubladores Gilberto Baroli (Dokusai) e Zodja Pereira (Benikiba).
- Os Karasutengu (ou Homens-Corvo) foram dublados, na maioria dos episódios, pelo trio Carlos Laranjeira, Eduardo Camarão e Francisco Bretas. Mauro Eduardo chegou a substituir um deles em alguns episódios.
- Não se sabe por qual motivo, razão ou circunstância havia uma espécie de revezamento entre Carlos Laranjeira e Eduardo Camarão ao dublar Ryu Asuka/Spyker nos primeiros episódios. O primeiro dublava o personagem na forma civil, enquanto o segundo atuava nas cenas em que ele estava transformado. A partir do episódio 11, Laranjeira se firmou no papel.
- A primeira voz de Rei Yagyu/Reiha foi da dubladora Lúcia Castello Branco, até o episódio 12. A partir do episódio 24, Alessandra Araújo assumiu o papel até o fim da série.
- Vozes como dos dubladores Leonardo Camilo e Luiz Antônio Lobue eram bastante comuns entre os personagens que apareciam eventualmente na série, às vezes substituindo ou sendo substituídos por outros dubladores. Ambos são bons exemplos de dubladores que entravam num troca-troca de personagens.
- Jorge Pires era o dublador oficial do ninja “vidente” Hakushin. Mas nos episódios 3, 4 e 6 foi substituído por Nelson Machado, a voz do Quico na série mexicana Chaves e a primeira voz de Lion Man.
- Uma vez que emprestou sua voz para a bruxa Morgana, a saudosa Maximira Figueiredo interpretou outras duas personagens da atriz Machiko Soga – Rainha Pandora em Spielvan e Lalabás (a mãe de Barrabás) no episódio 31 de Maskman.
Numa cena do episódio 30 de Jiraiya, Kei e Manabu aparecem assistindo ao animê Chodenji Robo Combattler V (1976~77), cujo intérprete da trilha sonora era o saudoso Ichiro Mizuki (de Mazinger Z e Spielvan). Disponível em 2020 no canal Toei Tokusatsu World Official, no YouTube, Combattler V foi o primeiro animê mecha da trilogia Nagahama Roman Robo Series, dirigida por Tadao Nagahama (1936~1980).
- Entre 1989 e 1999, Jiraiya era apresentado no Brasil como “Jiraya” sem a letra i. Tal “erro” foi corrigido a partir de 2009, quando a série foi lançada pela Focus Filmes. Curiosamente, Jiraiya foi rebatizado na França como “Giraya”.
- Na versão brasileira, foi criado o termo “Império Ninja”, que não existe originalmente na série. O termo correto, no original, é Sekai Ninja (ninjas mundiais) para designar a maioria dos inimigos e aliados que aparecem durante a trama.
- Ronaldo Barcellos foi um dos cantores das músicas do LP de Jiraiya (aquelas que não são a abertura e o encerramento — seu nome aparece erroneamente creditado no disco como intérprete de todas as canções). Nos anos 1990, liderou o grupo de pagode Ronaldo e Os Barcellos, que fez sucesso com a música “Feliz Aniversário”. Em 2021, Barcellos participou de uma edição do reality show musical The Voice Brasil, da Globo, mas não venceu a competição.
- A primeira participação de Takumi Tsutsui em um evento de cultura pop no Brasil aconteceu em 2004, numa edição do Ressaca Friends, acompanhado de Hiroshi Watari (Sharivan, Boomerman e Spielvan). Desde então, o ator esteve em vários eventos do ramo em algumas partes do Brasil. Em alguns deles, participou ao lado de Takumi Hashimoto (Manabu). Tsutsui tem um parente que mora no Brasil, o que facilitou sua vinda constante.
- Em 11 de agosto de 1999 (o dia do fim do mundo, segundo a profecia de Nostradamus), o extinto programa Turma da Cultura (da TV Cultura), apresentado na época por Luciano Amaral, Cinthya Rachel (Pedro e Biba, respectivamente, do Castelo Rá-Tim-Bum), entre outros, comemorava o Dia da Televisão. Na ocasião, foi apresentado um VT com trechos de programas que estavam em exibição na TV brasileira. Durante alguns segundos, surgiu uma cena do Tetsunin Steel no episódio 23 (O Sequestro dos Cientistas), ainda com a marca d’água da Manchete no tradicional canto inferior direito da tela. Nesta data, a RedeTV! ainda estava em fase experimental e Jiraiya era exibido nas manhãs de sábado e domingo, mais especificamente naquele mês. Infelizmente esse material é raro de ser encontrado na internet.
- Em Ninja Sentai Kakuranger, o alter ego do Ninja Black se chamava Jiraiya (sem relação alguma com o Ninja Olimpíada) e era interpretado por Kane Kosugi, filho do também ator marcial Sho Kosugi. A série Super Sentai de 1994 serviu de base para a terceira temporada de Mighty Morphin Power Rangers (em 1995) e seu epílogo, Mighty Morphin Alien Rangers (em 1996).
- Outro ninja Jiraiya famoso da cultura pop surge no mangá Naruto, de Masashi Kishimoto, adaptado em um animê de sucesso mundial. Mais uma vez, não há ligação nenhuma entre esse e o Jiraiya do tokusatsu. O Jiraiya de Naruto está mais diretamente ligado a uma antiga lenda do folclore japonês.
- A Toei resgatou a temática sobre ninjas em mais duas séries Super Sentai: Ninpuu Sentai Hurricaneger (2002~03) e Shuriken Sentai Ninninger (2015~16). Ambas foram adaptadas no Ocidente como Power Rangers Tempestade Ninja (2003) e Power Rangers Ninja Steel /Super Ninja Steel (2017~18), respectivamente.
- Uma grande prova da relevância da série no Brasil é o surgimento da expressão popular “virado no Jiraya”, que atravessou gerações. A expressão, que pode significar algo como alguém “muito contrariado e irritado”, virou título de uma música gravada por Yudi Tamashiro (ex-apresentador do Bom Dia e Cia, do SBT) em 2014. Em eventos no Brasil, o ator Takumi Tsutsui foi apresentado à expressão e, inclusive, a reproduziu.
- Em 2019, Takumi Tsutsui e Takumi Hashimoto foram entrevistados em rede nacional no programa The Noite, do SBT. Na ocasião, eles estavam no país para a participação em eventos. Um encontro dos atores com Yudi Tamashiro foi promovido… com direito a todos dançando “Virado no Jiraya”.
Ficha técnica
- JAPÃO
Título original: Sekai Ninja Sen Jiraiya (世界忍者戦ジライヤ)
Emissora original: TV Asahi
Exibição original: 24 de janeiro de 1988 a 22 de janeiro de 1989
Horário original: domingos, das 9h30 às 10h
Total de episódios: 50 para TV
Estúdio: Toei Company
Criação: Saburo Yatsude
Roteiro: Susumu Takaku, Kenji Terada, Kunio Fujii e outros
Direção: Tetsuji Mitsumura, Itaru Orita e outros
Design de personagens: Katsushi Murakami
Trilha sonora: Kei Wakakusa
Produtores: Kyozo Utsunomiya (TV Asahi), Susumu Yoshikawa e Itaru Orita (Toei)
Elenco: Takumi Tsutsui (Toha Yamashi/Jiraiya), Masaki Hatsumi (Tetsuzan Yamashi), Megumi Sekiguchi (Kei Yamashi/Himenin Emiha), Takumi Hashimoto (Manabu Yamashi), Tomoko Taya (Rei Yagyu/Reiha), Issei Hirota (Ryu Asuka), Hiromi Nohara (Benikiba), Machiko Soga (Aracnin Morgana), Toru Ohira (narração)
Dublês: Koji Matoba (Jiraiya, ep. 5 em diante), Kazuyoshi Yamada (ep. 01 a 04), Noriaki Kaneda (Dokusai e Adolf Sugitani), Ryo Nagamine (Retsuga), Masahiro Sudo (Barão Owl), Hideo Ninomiya (Chang Kung-Fu I e II), Michael Coleman (Lenin Wild; ep. 1), Jiro Ishii (Lenin Wild; a partir do episódio 20), Junichi Haruta (Kazenin Storm), Shunya Sonoda (Kazenin Storm), Miyuki Nagato (Manin Luana), Hiroshi Seki (Bakunin Homem-Míssil; eps 14 e 29) e Yasuhiro Takeuchi (Bakunin Homem-Míssil; eps 44 e 50)
Participações especiais: Masayuki Suzuki (Henry Hakushin), Emi Sato (Maira), Wolf Ootsuki (Gonin Abdad), Shouhei Kusaka (Kamenin Oruha), Megumi Ueno (Kazumi), Kaname Kawai (Shin Yazaka), Eiichi Kikuchi (presidente da empresa de desenvolvimento), Kenji Ohba (Yajiro Iyo), Dorothée (Catherine), Kazuoki Takahashi (Aman Negro), Jun Tatara (Gensai), Mickey Curtis (Yaminin David Cat), Sumiko Kakizaki (Honin jane), Yukiko Yoshino (Sanae Yamashi/Akiko Matsumoto).
- BRASIL
Título no Brasil: Jiraiya, O Incrível Ninja
Distribuição: Top Tape (1989~1998), Tikara Filmes (1998~2006), Focus Filmes (2009~2015) e Sato Company (a partir de 2015)
Exibidoras no Brasil: Manchete, RedeTV!, Wow!Play, Amazon Prime Video, Band, VIX, Samsung TV Plus (canal Sato+) e Mercado Play
Elenco de dublagem: Mauro Eduardo (Toha Yamashi/Jiraiya), Waldir Wey (Tetsuzan Yamashi), Cecília Lemes (Kei Yamashi/Himenin Emiha), Hermes Baroli (Manabu Yamashi), Líbero Miguel (Dokusai; até o ep. 16), Gilberto Baroli (Dokusai; a partir do ep. 17), Zodja Pereira (Benikiba), Oswaldo Boaretto (Retsuga [ep. 1], Benin Lagarto, Ronin Haburamu [ep. 15], entre outros), Carlos Alberto Amaral (Narrador, Retsuga [eps. 3 e 5], entre outros), Francisco Bretas (Retsuga [a partir do episódio 6], Karasutengu e David Cat [ep. 36]), Eduardo Camarão (Karasutengu, Yanin Spyker [eps 6 ao 10], Retsuga [ep. 39], entre outros), Carlos Laranjeira (Karasutengu, Ryu Asuka/Yanin Spyker), Maximira Figueiredo (Katherine e Aracnin Morgana), Lúcia Castello Branco (Rei Yagyu/Reiha; até o ep. 13), Alessandra Araújo (Rei Yagyu/Reiha; a partir do ep. 24), Eudes Carvalho (Dr. Smith [ep. 11], Kenin Parks [ep. 24], entre outros), Luiz Antônio Lobue (Dr. Smith [eps. 16, 23 e 29], Barão Owl [ep. 19], Lenin Wild, entre outros), Lúcia Helena (Hananin Agnes [eps. 17 e 18], Honin Jane [ep. 40], entre outras), Letícia Quinto (Hananin Agnes [ep. 32] e Mitsuko [ep. 32]), Jorge Pires (Henry Hakushin), Nelson Machado (Henry Hakushin [eps. 3, 4 e 6] e Gonin Abdad [ep. 8]), Gastão Malta (Barão Owl), João Paulo Ramalho (Ronin Haburamu [ep. 3], Kazenin Storm [ep. 29], Suinin Tubarão-mor [ep. 24], Pako [eps. 48 e 49], entre outros), Leonardo Camilo (Junin Makumba [ep. 7], Kamenin Oruha [eps. 12 e 45], Yuji/Satan [eps. 17 e 18], entre outros), Ricardo Pettine (Kamenin Oruha [ep. 26]), Ricardo Medrado (Kazenin Storm [ep. 16] e Aman Negro [ep. 29]), Elcio Sodré (Kazenin Storm [eps. 40, 46 e 49]), João Francisco Garcia (Seinin Alan [ep. 21], Kenin Parks [ep. 31], Ushinin Dell Star, entre outros), Robson Raga (Suinin Tubarão-mor [ep. 48], Shakonin Strover [ep. 43], entre outros), Muibo César Cury (Kanin Chang Kung Fu I), Mauro de Almeida (Kanin Dragon [ep. 10]), entre outros.
Direção de dublagem: Líbero Miguel (até o ep. 16) e Nair Silva (a partir do ep. 17)
Versão brasileira: Álamo – São Paulo