Entrevista publicada originalmente em 12 de outubro de 2018, como parte da Coluna do Daileon #18.


Venuzianos de plantão, hoje orgulhosamente recebemos o grande Marcelo Robocop. Como hoje e é Dia das Crianças, fizemos questão de trazê-lo pra cá para conversarmos e sabermos mais sobre sua carreira como cosplayer e cosmaker de tokusatsu. Marcelo está na ativa há seis anos e teve a oportunidade de conhecer pessoalmente artistas do gênero e seu trabalho está em ascensão. Tanto é que foi convidado pelo próprio Danilo Gentili para participar em seu programa no SBT. Para a realização dessa entrevista, conto com a parceria da querida Lulu Gabriella, do Serial Cookies. Essa mesma entrevista também está sendo publicada no site de entretenimento (veja aqui).

Primeiramente boas vindas ao Marcelo à nossa redação interplanetária e passo a palavra para a Lulu para a primeira pergunta:

Serial Cookies: Olá, tudo bem? Comece contanto um pouco de quem é o Marcelo e quem é o Marcelo Robocop?

Marcelo Robocop: Então, quem é o Marcelo? Meu nome é Marcelo Ferreira. Tenho 38 anos. Sou funcionário público efetivo há 18 anos. Sempre quis trabalhar com máquinas, caminhões, tratores. Quando eu era criança eu adorava isso. Hoje eu sou operador de máquinas, trabalho com caminhão, trator, gerico, retroescavadeira, essas coisas. Eu sou apto a trabalhar com qualquer tipo de máquina, mas há cerca de três anos eu trabalho na Secretaria de Educação no transporte escolar. Então eu trabalho com ônibus, fazendo transporte de alunos e tal. Gosto muito do que faço. E o Marcelo Robocop? Ele já é uma coisa paralela, mais ali numa coisa mais nostálgica. Eu cresci vendo (séries japonesas) na Manchete. Tokusatsu, Supercampeões e grandes séries que passaram na infância de todos nós. E depois de muito tempo, com a extinção da emissora, eu procurei constituir família, trabalho e esqueci um pouco essa nostalgia até o ano de 2012, quando eu voltei a ter acesso a essas coisas. Jaspion, Jiraiya… Meio que pra mim, na fase da internet, eu comecei ali a achar mais dessas séries pra assistir em casa e poder assistir no momento que quisesse. Eu sou da geração que via as coisas em videocassete, então você tinha que vigiar a programação na TV, gravar numa fita pra poder assistir posteriormente. Não era como nos dias de hoje que você assiste o que quiser e na hora que quiser com essa felicidade toda. Então, eu achei mágico isso de falar “Caramba! Eu consigo ter essas séries em casa com qualidade de imagem melhor do que a gente gravava antes”. E a partir dessa “volta no tempo”, eu comecei a ter interesse de novo. A princípio era só assistir, mas despertou aquela vontade de criança, de que era ter uma roupinha. Só que até então eu não imaginava que fosse possível construir nada daquilo até o dia em que comecei a ver na internet que tinha um ou dois brasileiros que faziam esses trabalhos e aí me despertou o interesse de na época. Como eu não tinha condições de comprar, já que era teoricamente um valor alto pra mim que era assalariado, tinha família, foi onde eu me aventurei a tentar fazer esses trabalhos.

JBox: Quando surgiu a inspiração para criar cosplays de tokusatsu?

Marcelo Robocop: Então, foi isso. Eu voltei a ver as séries, baixar as séries e assistir e aquilo despertou uma nostalgia muito grande. Eu tinha feito um ano atrás um cosplay do Robocop, mas mesmo assim eu nem sabia o que era isso. A princípio era para uma fantasia. Como eu gosto muito do Robocop eu fiz essa fantasia, que é uma armadura. E aí com o resultado final eu falei “Cara, isso é muito legal. Quero fazer mais isso”. Foi aí onde eu migrei pro tokusatsu que é uma das coisas que fizeram parte da minha infância e depois não parei mais. Eu gostei da ideia e venho fazendo os personagens, pelo menos os mais clássicos que foram marcantes pra mim.

Serial Cookies: Conte um pouco sobre a produção do vídeo incrível que você fez registrando sua história desde criança até o fabuloso encontro com o Takumi Tsutsui (o ator do Jiraiya) pela 1ª vez.

Marcelo Robocop: Quando eu era criança, não tínhamos acesso aos brinquedos, às roupinhas. Eu via na TV, ficava doido. Hoje em dia ainda é difícil, imagine numa época sem internet e sem muita coisa, era praticamente impossível conseguir essas coisas nos pequenos centros. Por ser de família humilde, eu não tinha condições. Então, eu tive uma infância muito boa de assistir isso na televisão, mas praticamente não tive nenhuma dessas coisas. Na infância eu sofri um pouco de bullying porque eu não tinha os brinquedos e às vezes a criançada achava meio maluquinho da minha parte ficar brincando ali com espadinha de madeira, essas coisas de papelão e o pessoal ria. O vídeo surgiu da história real de quando eu tive o primeiro contato com o Takumi Tsutsui foi incrível, porque eu não tive certeza nenhuma de que eu ia conseguir me encontrar com ele. Eu fui pro evento meio que no escuro sem saber se ia dar certo ou não. Através do encontro, que foi muito legal, foi uma chuva de lembrança na minha cabeça, um lapso muito rápido de pensar “eu era menino, não tive os brinquedos e as roupinhas e hoje eu tô realizando um sonho de infância. Não só de ter uma armadura, mas poder estar aqui junto com o próprio ator”. Então foi surreal isso. Como eu gosto muito de edição e de publicidade, eu já pensei “quando eu voltar eu vou retratar isso em forma de vídeo”. A princípio eu não tinha expectativa que o vídeo fosse tão visualizado. Era mais uma realização pessoal de poder documentar, digamos assim, parte da minha história que tinha acontecido ali e tive vontade de dividir com as pessoas. Foi onde teve essa repercussão tão legal do vídeo. Foi maravilhoso esse encontro e me trouxe muitas coisas boas.

JBox: Como você vê a repercussão dos cosplayers e cosmakers de personagens de tokusatsu nos eventos de cultura pop?

Marcelo Robocop: Eu acho que o tokusatsu tá cada dia mais forte. Há pouquíssimo tempo não existia isso. Os eventos eram limitados, não tinha muita coisa de tokusatsu. Quando tinha eram coisa não tão bem elaboradas, a galera fazia meio que pra zoar. De um tempo pra cá os eventos foram tomando proporções maiores e o pessoal foi levando as coisas mais a sério. Hoje em dia tem a galera que faz escultura em isopor e também com uma coisa que vem auxiliando muito as pessoas pra fazer bons trabalhos são as tão sonhadas impressoras em 3D. Hoje você consegue ter cosplays de alto nível que antigamente você não via no Brasil. Só fora do país. Isso acaba alavancando uma série de interesses, de nostalgia e publicidade pros eventos e vejo cada dia mais forte a inserção deles nos eventos. Acho que se a galera não deixar a peteca cair, cada dia teremos eventos melhores, mais bem elaborados, com novos e antigos atores e isso vai ser um boom muito grande pra talvez trazer coisas boas de tokusatsu pra nós fãs.

Serial Cookies: Como e por que iniciou a confecção de capacetes e armaduras?

Marcelo Robocop: Eu comecei a confeccionar por falta de condições de comprar. Eu lembro que quando eu conheci pessoas que faziam esses trabalhos, eu tentei comprar algumas peças. A primeira armadura que eu quis fazer era do Jaspion e na época o artista que fazia me cobrou em torno de R$ 7.500. Isso há 7 anos. Eu era assalariado, eu ganhava em torno de R$ 850. Por eu não ter condições de comprar, eu fui obrigado a tentar me aventurar a fazer isso. É claro que eu não imaginava que não teria segmento. Eu conheci outro cosmaker de Belo Horizonte, o Wagner Alves Maciel, que foi super atencioso comigo e começou a me dar dicas. Nos tornamos amigos e com a força dele eu comecei a me inspirar a fazer novos trabalhos.

JBox: Seus cosplays geralmente são inspirados nas séries tokusatsu exibidas durante a existência da extinta Rede Manchete. Qual o herói dessa época que mais te inspirou?

Marcelo Robocop: Eu acredito que eu tenho visto mais Jaspion e Jiraiya. Eu acho que uma das séries que mais me inspirou foi o Jaspion. Até mesmo porque foi meu primeiro cosplay que aventurei a fazer.

Serial Cookies: Conta para gente um pouquinho do trabalho por trás das belas artes finalizadas. Qual é a matéria prima que em suas mãos “morfam” e se transformam em peças de arte, as quais arriscamos dizer, são ainda mais impressionantes do que as originais! E quais são as maiores dificuldades?

Marcelo Robocop: Basicamente uso isopor pra fazer a escultura, depois uso fibra de vidro pra fazer a estrutura, depois do acabamento eu uso a massa plástica pra deixar a peça lisinha e depois pintura automotiva. Teoricamente é o mesmo processo utilizado em funilaria de automóveis. A diferença é que eu uso isopor pra fazer a escultura. A maior dificuldade pra mim com certeza é a parte da escultura. Ainda tenho muita dificuldade nisso. Eu até costumo dizer que eu não sou um bom escultor. Mas eu sou persistente. Eu tento, eu insisto. Eu sou mais persistente do que um bom escultor. Da escultura pra frente eu me viro bem. Mas ainda tenho bastante dificuldade pra fazer e é uma das partes que tomam tempo te enho que concentrar bem mais por ser mais difícil.

JBox: Você tem algum outro projeto de divulgação/expansão deste trabalho?

Marcelo Robocop: Eu sempre gostei de publicidade e propaganda. O meu projeto é sempre continuar divulgando isso de forma positiva pra cada dia mais dar uma ênfase ao tokusatsu e pro cosplayer. Quanto à expansão, talvez se um dia rolar um convite pra fazer alguma coisa no Japão ou talvez participar em algum evento de lá. Acho que seria um máximo de expansão. Seria um reconhecimento bem legal.

Serial Cookies: Ainda sobre a magia que tem suas mãos, quais as suas técnicas favoritas para fazer um novo cosplay?

Marcelo Robocop: Como falei, é fibra de vidro, peças de armadura. É uma das coisas que mais gosto de fazer em comparação aos Metal Heroes. É uma linha que curto fazer.

JBox: Você acompanha séries recentes/atuais de tokusatsu? Pretende criar e/ou interpretar algum herói do ano 2000 pra cá através do seu talento?

Marcelo Robocop: Eu me cobro muito isso. Eu preciso ver séries novas. Acabei estacionando um pouco ali nas séries tokusatsu clássicas, que eu via com mais intensidade. Então eu acabo tendo um pouco mais atração por fazer coisas que fizeram parte da minha vida. Assim, eu não faço um personagem por moda ou por isso ou aquilo. Para eu possa fazer um personagem, eu tenho que identificar. Então eu não faço um personagem aleatório. Quando eu vou fazer, mesmo que eu não conheça muito, eu quero saber a história, ver a série pra ver ser me identifico. Caso eu não identifique, eu prefiro não fazer. Um exemplo, fora os clássicos que já fiz, eu quero muito fazer o Centurião Azul de Power Rangers Turbo. Esteticamente, achava a armadura linda. Acho ainda. E eu decidi fazer ele a partir do momento que eu conheci a história. Me identifiquei muito por ele ser um policial de trânsito, ciborgue. Quer dizer, é a linha que gosto de fazer. Isso é muito legal. Mas eu quero muito, preciso ver séries atuais pra fazer algo novo. Eu quero começar a migrar também, talvez intercalando entre uma série nostálgica e uma atual. Eu só não fiz ainda porque não tive oportunidade de acompanhar uma série atual completa porque a gente se esbarra na dificuldade de não ter muitas séries atuais no Brasil ou talvez nenhuma mais sendo exibida. E quando você encontra séries de fora, a grande maioria estão legendadas. E eu gosto de entender a história. Às vezes, se eu ficar prestando atenção na legenda, eu acho que tira um pouco da magia das cenas, da ação e tal. Não sei. Talvez seja um pouco de preguiça de ficar interpretando ali. Mas eu quero muito sim fazer um personagem atual muito em breve.

Serial Cookies: Quais os planos para um próximo cosplay ou capacete e dentre os já feitos, quais os seus favoritos?

Marcelo Robocop: Então, acabei de citar isso, né? Quero muito fazer o Centurião Azul. É um dos próximos projetos que quero muito fazer. Era pra eu ter feito esse ano, mas por uma série de fatores eu tive que pausar. Mas é um projeto que quero muito fazer em breve.

JBox: Como cosmaker/cosplayer, quais foram os momentos que marcaram sua história?

Marcelo Robocop: Com certeza dois momentos marcantes pra mim. Foi o encontro com o Takumi Tsutsui. Antes dele eu me encontrei com o Tetsuo Kurata, mas eu não era tão fã dele como era de Jiraiya. Gosto muito do Kamen Rider Black, mas Jiraiya é a série minha série preferida e que me marcou mais pela história e tudo. Eu tive encontro com vários atores, mas o Takumi foi e sempre será inesquecível. E recentemente a entrevista no The Noite que uniu aí a luta em prol do tokusatsu e uma coisa bem legal é participar de um talk show de um dos maiores do Brasil e líder de audiência. E não só isso, mas a parte gratificante é que eu sou fã do Danilo Gentili. Eu costumava dizer para as pessoas que conheço que eu queria muito ter meu trabalho, talvez um dia, a nível nacional, mas que fosse apresentado talvez no The Noite. Porque eu sou fã do Gentili e quando eu era mais jovem eu queria ser humorista. Eu me inspirava muito nele, no Rafinha Bastos, na galera do Pânico e no Casseta & Planeta. E eu me perguntava: “será que um dia eu me encontro com o Danilo?”. As coisas migraram para um lado diferente, eu acabei entrando no lance do cosplay e às vezes eu me perguntava: “Caramba, será que um dia eu vou sentar nesse sofá?”. Confesso que trabalhei muito pra isso e fiquei muito feliz quando eu vi que valeu a pena lutar e sonhar. Com certeza é a parte mais gratificante.

JBox: Em setembro você participou do programa The Noite com Danilo Gentili, no SBT. Como foi a repercussão de seus seguidores sobre esse momento?

Marcelo Robocop: Cara, foi incrível. Tive meu primeiro contato com o Danilo um ano atrás, quando eu levei pra ele um capacete do Spectreman, que era um herói da infância dele, e de lá pra cá eu fiquei muito mais fã dele porque ele foi um cara super simpático comigo. Mantivemos um contato desde a minha última ida pra São Paulo via Instagram e ele sempre me respondia e eu fui recebido muitíssimo bem por ele lá em São Paulo. Isso foi uma parte muito legal. Consequentemente isso me trouxe muitos seguidores devido à minha ida ao The Noite, isso foi uma repercussão muito legal porque eu consegui trazer pessoas que nem sabiam desse lance de cosplay. Então, eu consegui mostrar pra muitas pessoas que isso existe aqui no Brasil e tem pessoas boas que fazem um bom trabalho. E agora eu quero manter esses seguidores sempre regando com novos materiais, nova publicidade e novos vídeos pra que cada dia mais possa atrair mais seguidores e alavancar ainda mais o público que gosta de tokusatsu.

Serial Cookies: Como você se sentiu ao em rede nacional ter o seu trabalho tão aplaudido como quando participou do programa The Noite e outras grandes mídias da Imprensa brasileira?

Marcelo Robocop: A forma como foi conduzida foi maravilhosa. Quando a Débora (da produção do programa) me ligou ela disse: “Marcelo, eu queria te convidar pro programa a pedido do Danilo. Desde quando você veio aqui, ele sempre cita pra fazer uma pauta com você. Estávamos esperando que surgisse uma ideia pra uma pauta. Mas de um tempo pra cá aumentou a pressão dele pra te trazer e hoje ele passou aqui e perguntou se tínhamos comunicado com você sobre vir ao programa. A gente falou que estávamos esperando uma pauta e ele disse que não e era pra ligar imediatamente que ele fazia questão que você estivesse no programa”. Quer dizer, não foi uma pauta pro programa, foi um pedido do próprio Danilo Gentili. Isso foi demais. Eu lembro que tava no camarim e ele entrou lá e disse: “Eu não falei que ia te trazer? Eu não falei que ia te trazer?” Ele sentou e conversou comigo por cerca de 20 minutos, no intervalo das gravações. E aí o programa fluiu naturalmente. Então foi uma coisa surreal, uma coisa mágica. E ainda hoje é muito gratificante poder ver mesmo que ali é um programa no YouTube e falar: “Caramba! Deu certo. Valeu a pena”. Então isso foi muito bom. E agora é só colher os frutos e sempre que possível continuar fazendo bons trabalhos.

JBox: No começo do ano a a atriz Ciara Hanna esteve no Brasil e você a conheceu pessoalmente. Conta pra gente como foi o encontro com a Ranger Amarela de Power Rangers Megaforce/Super Megaforce?

Marcelo Robocop: Foi muitíssimo legal também. Eu lembro que eu fui convidado a participar do Anime Dreams e depois que eu fiquei sabendo que a Ciara estaria no evento. A princípio eu nem ia ir de Ranger Vermelho, eu ia com qualquer outro personagem aleatório. E quando eu descobri que ela estaria lá, eu decidi fazer um Ranger Vermelho e as coisas aconteceram meio que de forma natural. Eu sou amigo do empresário dela, o Adriano, e depois descobri que a Ciara fazia aniversário naquele dia do evento, no sábado (20 de janeiro de 2018). Conversando com o Adriano eu descobri que ela não tinha um capacete de lembrança do que ela usava na série. Juntamente com o Adriano e a organização do evento eu decidi que ia fazer um capacete pra levar de presente pra ela guardar como recordação. Eu acabei confeccionando e a gente fez uma surpresa que foi muito legal. Tem vídeo na internet e tudo. Foi muito legal esse encontro e ela também passou a me seguir no Instagram e é muito legal isso. Ela acompanha meus trabalhos e provavelmente a gente deve se encontrar de novo no fim do ano num próximo evento em São Paulo.

Serial Cookies: Tem planos para confeccionar trajes de outras mídias além do Robocop e tokusatsu? E se sim, quais mídias (filmes, HQs, etc) e tem planos para fazer sob encomenda?

Marcelo Robocop: Eu quero fazer por realização pessoal, digamos assim. Alguma coisa nova. Por exemplo, eu tô trabalhando pra fazer o Homem-Formiga. Na verdade nem seria eu que ia fazer porque eu não costuro. Seria um amigo meu que faria a produção pra mim. Eu ia fazer a parte do capacete. Mas assim, quero fazer muita coisa nova e tal. O que me atrapalha um pouco hoje em dia é a questão do meu emprego. Eu não consig fazer muita coisa. Mas quero fazer coisas novas sim de HQ, de filmes e tal. Só tem que ser na linha que eu utilizo por tokusatsu ou até mesmo os outros. Tem que ser um personagem que eu identifique pra falar “eu quero fazer”. Sob encomenda, eu não consigo fazer muita coisa. Eu faço pouquíssimas coisas, talvez ali alguns pedidos limitados, uns capacetes, uns trabalhos um pouco menores. Porque eu não consigo fazer trabalhos grandes, tendo em vista que o meu tempo é muito curto.

JBox: – Jaspion completa 30 anos de lançamento no Brasil e o herói voltou a ser destaque tanto para o fandom quanto para o grande público. Para o Marcelo Robocop, qual a importância desse grande herói e quais suas expectativas para o mangá nacional e o prometido filme?

Marcelo Robocop: Então, igual como eu falei no início. Jaspion com certeza foi uma das séries mais inspiradoras pra mim. Talvez a série que eu mais assisti quando criança. Todo mundo quis ser Jaspion quando criança. E é muito bom ver o nome do herói sendo ventilado positivamente de novo. Depois de tanto tempo as pessoas ainda vibram quando se trata de Jaspion. Eu tô muito na expectativa e torcendo pra que tudo dê certo, que talvez ele seja a porta pra trazer tokusatsu nostálgico de volta. Tanto que o Space Squad vem trazendo aí novos heróis e das antigas também como Jiraiya, Gavan, Sharivan e por aí vai. Eu torço muito pro mangá. Que bom que é uma coisa nacional, uma porta de entrada pra continuar a dar força pro Jaspion. E sobre o filme, eu tô muito muito na torcida pra que aconteça sim. Seria um marco pra nós brasileiros poder ter um filme do Jaspion produzido no país e a gente seria coroado com uma chuva de nostalgia e voltar aos velhos tempos.

Serial Cookies: Quais conselhos você deixaria para quem gostaria de se aventurar na arte do cosmaker?

Marcelo Robocop: Eu acho que é você gostar do que faz, não pensar, talvez, financeiramente, fazer com amor, fazer com dedicação que as coisas vão acontecer naturalmente. Não é fácil, é muito difícil. Não pensa em “espírito de competição”. Pensa em fazer pelo personagem e fazer pra representá-lo. A partir do momento de você não se obrigar a ganhar de ninguém, a ser melhor que ninguém, as coisas vão fluir naturalmente. Eu tenho isso comigo. Praticamente nunca participo de eventos pra concorrer alguma coisa. No início eu participei e me decepcionei um pouco e tava começando a tirar o real intuito de se fazer um cosplay, que é você fazer se sentir o personagem, de se sentir o herói. Isso é o real intuito. Hoje eu não participo pra concorrer a nada. Eu participo pra sentir o herói, tirar uma foto, é ter o orgulho de falar “Caramba, eu fui o Jaspion um dia, eu fui o Jiraiya, eu fui um Changeman”. Tem que ter muita força de vontade, lutar e gostar. É aí onde onde é o ponto principal pra tudo.

JBox: Marcelo, em nome do JBox e do Serial Cookies, queremos lhe agradecer por sua participação e gostaríamos que você deixasse uma mensagem para os nossos leitores.

Marcelo Robocop: É isso. Eu queria agradecer pela oportunidade de poder estar falando com vocês. Desculpem em ter falado tanto, eu sou muito falastrão. (risos) Mas está aqui tudo sobre mim, tudo sobre tokusatsu, tudo sobre cosplay, tudo sobre como comecei. Espero um dia falar novamente com vocês e um abraço pra todo mundo do tokusatsu. Muito obrigado pela oportunidade.

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*Agradecimentos ao amigos Danilo Modolo, do canal TokuDoc e ao Victor Rodrigues, do canal Ilustra Victor pela ponte para a realização da nossa entrevista.