Entrevista publicada originalmente em 3 de janeiro de 2022.


A convite da Funimation, o JBox entrevistou Lipe Volpato e Fred Mascarenhas, os dubladores de Izuku “Deku” Midoriya e Hawks, respectivamente, no filme My Hero Academia: Missão Mundial de Heróis, com estreia marcada para 6 de janeiro nos cinemas brasileiros. A resenha do longa em breve estará também aqui no site.

Antes de partirmos para a entrevista, o JBox gostaria de agradecer à colaboração de Apolo DionísioTonatiú – ambos colaboradores da Sakuga Brasil –, à artista Sarah Chibi Arts, e à Morgan, que contribuíram para a pauta da nossa entrevista (além da equipe do site). Devido à limitação de tempo e outras questões técnicas, nem todas as perguntas formuladas puderam ser contempladas na pauta final, mas acreditamos que boa parte acabou sendo respondida ao longo da entrevista.

A entrevista ocorreu no dia 17 de dezembro e foi gravada por nós em arquivo de áudio, e, posteriormente, transcrita. Os maneirismos e modos de falar dos dubladores foram mantidos dentro do possível, mas por vezes foram retirados para manter uma melhor fluidez no texto escrito. Os maneirismos foram num geral retirados dos textos das perguntas, também por motivos de fluidez. Sem mais delongas, confira a seguir.

Imagem: Deku e o logo de Funimation.

JBox: O Lipe já contou para a gente em uma entrevista, mas Fred, você já sabia alguma coisa de My Hero antes de dublar?

Fred: Então, o My Hero eu já conhecia de ouvir falar, mas nunca assisti. Aí quando o Fábio me chamou para dublar, eu costumo estudar, ver o que vou fazer. Aí ele falou “Fred, você vai dublar” e me explicou como era o personagem e tal. Na verdade, eu comecei a dublar antes de assistir, aí eu comecei a dublar e aí parei para assistir. Aí todos os dias e noites tirava umas duas horinhas pra assistir.

J: Maratonou?

F: Aí não consegui parar mais não. Não dá não (risos).

A história vai andando e os personagens vão mudando. Vocês também mudam com eles, muda alguma coisa?

Lipe: Ah, essa pergunta é boa. Com certeza, e a gente vai mudando para melhor, que nem eles. Do mesmo jeito que eles melhoram a individualidade deles no decorrer da história, a gente também melhora como dublador, como pessoa. Eu não falo mais, sou suspeito pra falar porque eu só tenho 20 anos de idade, né. Pô, “mó” novo ainda, tá ligado? Ainda tá a flor ali nascendo, então… sim, nossa, só de pensar o tanto que eu mudei do começo para cá. Do começo de tudo até agora, então totalmente. Totalmente.

F: Na verdade, comigo é diferente porque o Hawks ele já veio crescido (risos).

L: É verdade (risos).

Imagem: O Hawks em 'My Hero'.F: Não é cara? O Hawks já veio grande.

L: Ô, ele já veio malandraço já.

F: É (risos). O Hawks ele já veio, né, comecei a dublar, ele já foi dublado né. Aí eu entrei e o Hawks, na verdade, eu não acompanhei nenhuma crescente dele e acho que ele não tem nenhuma crescente, né, também. Ele já aconteceu acontecendo (risos). Fiz a quarta para a quinta temporada, não sei qual que fiz.

J: Acho que é na quinta que ele aparece.

F: Na quinta né? No final da quarta para a quinta. Então eu pude, claro, que inicialmente quando eu peguei o personagem eu fiquei um pouquinho mais preocupa em fazer algumas coisas, mesmo assim eu tive total liberdade para trocar o texto, para brincar, porque o Hawks tem todo o jeito jogado, o jeito dele de falar, o jeito dele solto, e o Fábio me deu total liberdade também.

Falou assim “Cara, pode brincar porque o Hawks ele é “zueira”, ele é piadeiro, ele é brincalhão, ele é metido, ele é sério, naquele jeitinho dele ali” e, inicialmente eu fiz tudo no jeitinho soltinho, mas conforme o tempo vai passando a gente vai amadurecendo mais o personagem, até conforme a gente vai assistindo o anime também.

Aí eu comecei a ver a pegada de como era o anime, como é que funcionava, então tinha coisas que eu podia brincar mais, né? Os apelidos que eu coloco nos personagens, então eu já sabia já como que era a magia de cada um, aquele lá como eu sacaneio ele, chamo ele de “dedo que explode”, chamo ele pelo nome, o outro lá da “gola rolê”, eu coloco apelido em todo mundo.

Então o meu amadurecimento foi de saber que a personalidade do Hawks, ele é um personagem que me deixa sem limites. Eu não tenho limite para brincar com ele, e ele permite isso, o roteiro permite isso, e o anime permite isso então a gente só vai e deixa a maré levar.

L: E acho que é legal de falar isso que ele disse que assistiu todos os episódios e foi isso que deu liberdade para ele poder brincar, porque ele conhecia a história, né? E legal isso porque como dubladores a gente não tem o privilégio de saber nem o que a gente vai fazer toda vez, “tá” ligado? Então ele conseguiu saber, enfim, e se aproveitou disso, né, então agarrou a oportunidade. Porque, infelizmente, a gente às vezes, na maioria das vezes, a gente não sabe o que vai fazer, né? Chega lá no estúdio para fazer e “ó, você vai fazer tal coisa e tal coisa”. Algumas vezes a gente fica sabendo antes mas não são todas as vezes, então é uma coisa interessante isso.

Ainda tem algum desafio para dublar o Midoriya depois de 5 temporadas?

L: Ah, eu acho que sempre o desafio maior é que, assim, o grito mais icônico dele é contra o Muscular, na minha opinião, né. Todo mundo lembra daquele “um milhão por cento”. Então pra mim, o grande desafio, do que eu assisti até agora, no filme foi desafiador também né, porque assim, óbvio, o filme é super épico, então é sempre desafiador para mim fazer os gritos de golpe dele extremos.

Tanto que, no Muscular, foi bem desafiador assim, acho que chegamos num resultado muito legal, né, mas pra mim os gritos sempre são a parte mais desafiadora porque é o ápice da coisa épica, né? Assim, é o ápice de tudo que ele vai construir nas cenas e tal, então eu acho que depois de todas essas temporadas, eu diria que o desafio maior é poder dar aquele grito mesmo que você arrepia todos os pelos do seu corpo. É difícil de fazer. Acho que se fosse [escolher] um desafio maior para dublar ele ainda, são esses gritos tipo da luta contra o Muscular.

E para o Hawks, o que é mais desafiador em fazer o Hawks?

F: O Hawks é exatamente isso, essa coisa de você poder brincar e saber em que momento você vai colocar a piada, ou a brincadeira, ou o sarcasmo dele, né. Isso para mim é sempre uma coisa muito, eu me preocupo muito com isso. Então, eu sempre, como a gente já faz naturalmente, a gente sabe quem tá contracenando com a gente, sabe com que personagens a gente tá contracenando, para poder fazer essa brincadeira, né. E tem as quebras, né, o Hawks é muito sério quando ele está pensando, mas quando ele não está pensando ele é uma pessoa completamente diferente.

Quando ele fala, quando ele conversa com ele [mesmo], ele é muito sério. Ele é extramente sério. Ele não fala piada, ele não faz nada, ele não é brincalhão daquele jeito dele. Mas quando ele bota para fora, ele já é uma pessoa completamente diferente, então, eu tento sempre equalizar essas duas coisas, né. Por mais que sejam dois momentos extremos dele, eu tento sempre equalizar para poder dosar realmente o momento que ele tá com ele e o momento que ele tá contracenando com os outros personagens.

J: É difícil fazer isso?

L & F: Difícil. Muito difícil.

A dublagem foi presencial ou de casa nesse momento?

L: Ah, o filme a gente fez presencial, né, que já tava numa época onde a COVID [COVID-19] já tava mais controlada, enfim, a vacina já estava rolando, e também todos os protocolos de estúdios, né, alguns, eu não sei decor todos, né, mas os principais, que é intervalo entre um dublador e outro, a higienização, a recomendação para levar o próprio fone para gravar, aquela coisa de não usar papel, usar o texto na tela, porque né, o papel, tipo, você vai ficar mexendo no papel aí o outro vai mexer no papel.

F: Não tem como você passar álcool e higienizar [o papel] (risos).

L: É, vai higienizar o papel, tá ligado? (risos). Todas essas coisas assim. Aí algumas partes do anime, não, o anime inteiro foi, acho que só a primeira temporada – e a segunda? – foram presenciais porque não tinha COVID, não existia, aí o resto eu lembro de ter feito tudo em casa. E aí o filme foi presencial, né, porque tem essa coisa de ser pro cinema e tal, eles tratam o som de um jeito diferente. Aí não é minha área mas acredito que eles façam uma configuração diferente no próprio microfone pra captar, tem essa coisa de todo mundo ter o áudio literalmente igual, né, e aí quando você faz no mesmo espaço, você tem o áudio igual, né, tem essas diferenças, né, porque na sala de cinema, aquela caixa gigante [de som], então foi isso, o filme foi presencial e o resto do anime fiz em casa, sem ser a primeira e a segunda temporada, que não exisitia COVID ainda.

F: Eu peguei já na quarta pra quinta temporada, então eu já peguei já 100% remoto a série inteira, né, desde que eu comecei a pegar. Mas o filme, que nem ele falou, nós tivemos que fazer presencial por essas questões, né. Porque no cinema tudo é muito grande, né. A cara é muito grande, o som é muito grande, então qualquer diferençazinha pode incomodar o ouvido de quem tá, “ô tá diferente o som desse microfone aí”, realmente, fica tudo mais, multiplica por cem, o áudio multiplica por cem a imagem, sabe? Então sempre é muito mais rebuscado, muito mais refinado, as interpretações são muito mais, o áudio também é muito mais cuidado, né.  E o filme eu fiz lá em São Paulo, né, mas a série foi toda remota, fiz toda em casa.

E como é voltar pro cinema depois – quer dizer, esperamos que “depois da pandemia” –, nesse fim da pandemia? (tomara).

F: Ó, eu já tô tendo essa experiência por causa do Ned [Leeds], né, porque eu dublo o Spiderman (risos).

L: Ele teve que ficar falando… Até lançar o filme do My Hero ele vai ter que ficar falando isso e ele já tá treinando. O Fred ficou o tempo todo nesse “não sei”, e agora em relação ao filme do My Hero ele já tá treinando pra falar “não sei” (risos).

F: É, foi uma pancada atrás da outra né (risos). É, realmente é isso, a gente vai ter que segurar a onda né, vai sair o filme agora aí. Claro, a gente vai ter a oportunidade de assistir no cinema né, com som grande, aquela tela grande, aquela emoção da pipoca, aquela coisa que a gente gosta muito, tive essa experiência com o Spider ontem [a entrevista foi gravada no dia 17 de dezembro] e fiquei “caraca, isso voltou a acontecer”, como muita gente, e eu tô muito ansioso também para assistir My Hero no cinema.

Pra mim vai ser meu primeiro anime pro cinema, né, já tem uns 15 anos que eu dublo e é meu primeiro anime que vai ser pra cinema, um longa assim, então vai ser mega especial, então com certeza vou no cinema também, vai ser, caraca, vai ser uma coisa de louco. Então já tô mega ansioso pra poder pular no cinema e assistir esse filme no cinema.

Nesse filme, pelo trailer, o Midoriya é acusado falsamente de um crime, assassinato em massa. A trama é mais “madura”, o que a gente pode esperar?

Imagem: Pôster do filme com o Deku.L: Olha, ela é bem interessante assim, por toda a jornada e a relação entre o personagem dele e o outro personagem também que são os dois são protagonistas, né, que foi o Andreatto que dublou inclusive, é muito legal.

Então, juro, eu acho que você pode esperar uma coisa mais intimista mas assim, claro, sempre épica, sempre épica – o My Hero é sempre épico. Mas uma coisa mais íntima, que toca bastante no coração assim.

My Hero sempre toca no coração mas esse filme toca no coração de um jeito diferente. Tem várias cenas onde estão só os dois conversando, e eles vão se conhecendo e o outro personagem também, né, ele é bem mais, por causa das coisas que ele passa, ele é bem retraído, ele fica se segurando pra contar da vida dele, e o Izuku já sai confiando mesmo, aquela coisa de ser bondoso e aí ele vai se abrindo e os dois vão confiando um no outro, até chegar um momento que eles confiam totalmente.

Então, eu acho que é mais maduro mesmo, como você falou, eles exploraram esse tipo de coisa e aí tem essa coisa épica, das lutas e tal, e uma coisa que tá acontecendo em vários lugares diferentes, né. Toda uma questão contra a organização lá, enfim, não vou dar muitos spoilers assim e tals (risos).

Mas é muito interessante e acho que você colocou bem, mais maduro nesse sentido porque, claro, tem a parte épica mas tem muita hora épica de simplesmente os dois conversando e você fica “Mano, que da hora isso. Nossa, que épico isso” mas não é necessariamente um soco, um golpe, um chute, um superpoder, é eles conversando e se conhecendo intimamente e, enfim, é basicamente isso assim. Porque eles têm que fugir, né, você falou, eles são acusados e têm que fugir, não tem o que fazer, a gente vê pelo trailer assim. Então é isso, é mais maduro mesmo, eu diria também.

O que a gente pode esperar do Hawks no filme?

F: Não sei (risos). O Hawks não apareceu muito no filme, foram pontuais as aparições dele. Ele é um personagem muito pontual, ele aparece pra resolver alguma coisa… ou pra causar alguma coisa, enfim (risos). A gente não pode falar muito, né. Mas, vamos lá.

Se uma pessoa que não conhece a série acabasse vendo o filme, vocês acham que ela conseguiria entender ou é muito voltado para quem acompanha a série?

L: Dá pra entender, sim. Porque a premissa é bem simples, né. Eles explicam direitinho isso, né, e a premissa é muito simples. É uma coisa que todo mundo já conhece: um mundo onde existem superpoderes, assim. Tipo, uma premissa que já existe faz tempo, cada coisa explora de um jeito diferente, o My Hero tem um jeito muito interessante de explorar, que seria na modernidade, né, os problemas que existem a partir dos poderes que existem na modernidade, tanto que tem a coisa do anime de “ah, cidadão comum não pode usar o poder que ele tem, a individualidade” né, ele tem que ter lá a carteirinha, no caso, só os heróis podem usar.

Então acho que é bem de boa, vai entender sim, porque como eu falei, a premissa todo mundo já conhece, e é isso que você falou, assim, premissa que todo mundo já conhece, dá uma confusão, eles são acusados e têm que fugir, assim como qualquer pessoa que, se você for acusado, você vai fazer o que? Você vai tentar provar lá.

F: Resolver o B.O., né [caso não conheça, essa expressão significa “resolver o boletim de ocorrência”, ou seja, resolver algum problema – boletim de ocorrência é uma queixa/notificação feita à polícia, para documentar um crime ocorrido ou algum outro evento capaz de trazer transtornos ao cidadão, como perda de documentos importantes, e pode dar início a uma investigação policial].

L: Exatamente, vai tentar resolver o B.O., né. Então, as premissas são simples, o filme, como eu falei, tem essa parte madura, ele é profundo e tudo mais, mas a premissa é simples na questão do entedimento. Ele é bem profundo mas a premissa pra entender é simples, aí você vai acompanhando. Então eu acho que dá pra entender sim.

Até porque eu acredito que eles façam muito esses filmes pensando no público que não conhece o anime, então eu percebo que eles fazem de um jeito, pelo menos os primeiros minutos, pra quem nunca assistiu entender. Eles fazem de um jeito pra ajudar a pessoa a entender também porque é uma oportunidade de eles trazerem outros públicos, então é isso.

F: E sempre vai ter quem vai assistir e leva alguém que conhece, né, então já ajuda muito. Mas são referências ínfimas que não comprometem o entender geral da história do filme, então é um filme que é feito pra todo mundo. Então, a pessoa pode sentar, que nem o Lipe falou. Tava conversando um dia desses e o Lipe falou assim “ah, a pessoa pode estar passando no cinema e sentar pra assistir, ‘tá passando o My Hero aqui, vamo ver como é que é?’, a pessoa vai sentar e vai entender. Simples.

Imagem: Pôster do terceiro filme de 'My Hero Academia', com Bakugou, Midoriya e Todoroki.

Vocês têm algum herói ou vilão favorito? Além dos personagens de vocês, claro (risos).

F: Eu gosto muito do personagem do Lipe, não é por nada não, eu gosto muito, acho demais, acho incrível, e o Endeavor (risos).

L: Olha só, é sério, não é porque ele falou, tipo, pra eu puxar o saco dele: eu gosto muito do personagem do Fred, cara. Eu gosto muito, porque, tipo, eu admiro muito essa coisa do personagem dele, o cara é um ótimo, tanto que ele tava já, ele entra já numa zoeira de se ele vai ser o melhor herói ou não, né, depois que, enfim, aconteceu tudo aquilo com o All Mighty. E aí, cara, ele tem muito, sabe assim? Ele tem um equilíbrio que eu tô constantemente buscando na minha vida, entendeu?

É o personagem dele, ele é ótimo no que ele faz, sabe assim? O trabalho dele de herói, ele é sério, ele se arrisca, quem assistiu à última temporada sabe. Tanto que ele [o Fred] falou que ele [o Hawks] é pontual porque é um personagem que vai crescer muito ainda, né. Ele é pontual porque ele tá num mistério ainda, o que vai acontecer com ele, ele se enfiou num balaio, num negócio ali, num negócio doido ali, um jogo doido ali.

F: Dos dois ali, ele tá do lado A e do lado B (risos).

L: É, ele tem que se virar, eu admiro muito isso porque, apesar disso, sabe, ele tem os estresses do trabalho, os riscos do trabalho, e ele é muito bom no que ele faz mas ele também equilibra isso zoando, brincando, sabe assim? Então, nem ele fica assim nossa com um super medo, “ai caramba tal”, e nem ele fica, também não exagera, “ai tenho que fazer uma coisa séria” e ele [não] fica zoando, entendeu?

É o que ele falou assim que é o que ele faz dublando, tem o momento onde você pode zoar pra caramba e tem o momento onde você tem que seguir mais o que tá ali. Engraçado que ele apareceu pouco, né, mas eu admiro tanto essa personalidade, juro pra você que eu tento fazer isso na minha vida: equilibrar a hora de tipo “sério, profissional, vamo lá” e a hora de, tipo, zoar. E tudo mais. E também misturar isso às vezes, né? Porque, às vezes, até a gente fala né, quando você vai fazer um personagem muito grande, a gente fica três, quatro horas no estúdio fazendo, e acaba sendo meio maçante, então você também precisa colocar uma pitada de humor, né, na cena, na gravação – não no texto em si, na relação com as pessoas que tão gravando com você pra poder ficar relaxante, não ficar cansativo, que é o que o Hawks faz muito bem, cara.

Ele precisa pegar uma informação, ele faz piada, entendeu, pra descobrir alguma coisa. E na série ele faz um bagulho muito doido com o Endeavor lá, que o Endeavor pega a mensagem que ele manda por causa disso, então, pensando agora de cabeça, acho que se eu pensasse… O Aizawa também, gosto muito do Aizawa, aí ele já não tem tanto essa parte da zoeira, mas ele tem essa parte mais séria, assim, e tal e ele tem, tipo, o coração super mole por dentro. Se eu pensasse mais a fundo, eu ia conseguir falar melhor, mas, cara, por essas coisas assim, não é puxando o saco não, juro, seu personagem eu adoro. É muito bom seu persoangem, cara, é muito bom seu personagem. Sério. É isso.

Pra fechar, esse filme é a primeira vez que mencionam uma organização mundial de heróis. Como seria para vocês se aparecesse um herói brasileiro na série? Como seria o herói brasileiro de vocês?

F: Mais brasileiro que o Hawks não tem não (risos). O Hawks, ele é muito brasileiro. Mas eu acho muito legal essa representatividade do Brasil em outras produções, se eles colocarem um super-herói brasileiro, pra gente sempre é muito legal ter em qualquer produção um brasileiro representando lá. E um super-herói brasileiro, cara? Isso vai ser de mitar, cara, porque o My Hero Academia, ele já tem um misto de cores, ele é muito cheio de receitas, de sobremesas, de sabores, um cardápio farto e você coloca mais um brasileiro, né, você pega mais uma coisa dessas diferentes, é de surpreender, e é de deixar ansioso, e é de vibrar, e é de torcer, e se orgulhar de ter o Brasil dentro disso.

E eu fico curioso pra saber que personagem é [seria] esse brasileiro, tô doido pra ele encontrar com o Hawks. “Mano, onde é que tu mora?” “Na Bahia” (risos).

L: Acho que é isso que ele falou, cara, sempre fico muito feliz de ver essa representatividade e ia ser um trabalho complicado, assim, uma coisa, né, enfim, porque é muita mistura de cultura aqui. Como dizem: toda escolha é uma renúncia, então, ah, ele vai ser mais do Nordeste do país? Ele vai ser mais do Sul? Porque cada um tem um sotaque, ou tem um jeito de falar, ou tem um jeito de existir, e aí, como dizem, toda escolha é uma renúncia. Ia ter que escolher uma cultura brasileira específica e focar nisso, e ia ter que escolher uma coisa que representasse bem, assim.

Mas, duas coisas: ia ter que ser “da zoeira” – tipo assim, não tem como não ser da zoeira –, e ele tinha que ser ligeiro. Tem que ser ligeiro, não tem como não ser.

F: Tem que ser da capoeira.

L: É. Tem que ser ligeiro, uma coisa zoeira, e, sei lá, eu ia gostar que fosse um personagem que comesse bastante. Porque eu não conheço um brasileiro que não gosta de um bom banquete, tá ligado? Muito da hora, muito da hora.

F: A gente fica esperando saber como é que ele vai ser, o figurino, como é que vai representar fisicamente o Brasil pelo figurino, pelo uniforme, os acessórios que ele usa e as referências do Brasil nele.


Agradecemos aos dubladores e à Funimation pela disposição e oportunidade. Lembramos mais uma vez que o filme entra em cartaz em 6 de janeiro, nesta quinta-feira.