Histórias que envolvem cãezinhos sempre costumam ser bem bonitas. Criamos aquele apego pelo cachorrinho que aparece na narrativa, queremos apertá-lo. Sempre tão fofo que até nos faz questionar o porquê de não termos um animal tão divertido desses em casa, quando é o caso. Normalmente, essas mesmas histórias costumam ser tristes e fazem com que nós derrubemos lágrimas por causa do cachorrinho. Bem, é um apelo emocional que já está bastante presente em muitas mídias e em Hoshi Mamoru Inu, ou melhor dizendo, em O Cão Que Guarda As Estrelas isso não é tão diferente.caoqueguiaasestrelas-img1

O mangá começa com uma investigação policial de um homem e um cão que foram encontrados mortos. Depois disso há um pulo para outra parte que introduz o achado de um filhote de cão que traz felicidade para a vida de toda uma família e dá grande companhia ao pai, um de seus donos. Os anos passam e a relação do cãozinho com o grupo vai mudando e daí que a história se desenrola.

Contada de maneira delicada, a trama de pouco em pouco vai te conquistando. Nada muito forçado, porém não deixa a parte emocionante de lado em nenhum momento. O envolvimento com a leitura não é nada difícil e o fato de possuir um único volume com alguns poucos capítulos ajuda no entendimento geral e não deixa que o desenvolvimento de personagens seja deixado de lado.

 

A história é dividida em duas partes. A primeira, chamada de “O Cão Que Guarda As Estrelas”, e a segunda parte de “Girassóis”. Apesar de estarem interligadas, foram criadas com o intuito de serem duas histórias diferentes e de fato são. O foco do narrador (o próprio cão) e da história diverge em alguns quesitos (como o fato de um ser humano ver a situação de certa maneira e o cachorro de outra), mas é de suma importância que uma esteja completando a outra dentro das questões apresentadas.

O sentido da expressão “Hoshi Mamoru Inu” também é bem interessante e legal de se pensar durante a leitura. Segundo podemos ver dentro da própria edição que chegou até nós, a expressão é usada para aquelas pessoas que desejam alcançar algo que seja impossível, tendo origem na imagem de um cachorro que olhava para o céu como se desejasse as estrelas para si. Recomendo bastante que leia o mangá com essa visão.

A história também tem seus méritos, dentro da crítica e dentro de premiações também não fica atrás. Venceu nas categorias “Livros para chorar” e “Livro de platina eleito pelos leitores” do Da Vinci Book of The Year do ano de 2009. Além disso, marcou presença entre os dez melhores títulos do ano de 2013 da premiação Great Graphic Novels for Teens, premiação da renomada American Library Story, maior e mais antiga associação de livrarias de todo o mundo. Além disso, o título teve um grande sucesso de vendas, sendo 400.000 cópias vendidas e isso acabou até mesmo ocasionando o lançamento de um filme para os cinemas no ano de 2011.

Bem, podemos tirar vários ensinamentos de O Cão Que Guarda As Estrelas. A história consegue ser clichê no ponto de vista midiático atual, porém o diferencial está nela ser acompanhada na visão do próprio cachorrinho, chamado Happie. Uma visão infantil sempre o acompanha, porém é de forma companheira que ele está ao lado de seu dono em todos os momentos, até mesmo nos mais difíceis e vice-versa. Enfim, uma linda história de companheirismo e amor.

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A Edição Nacional

No Brasil, o mangá foi anunciado no evento Anime Friends 2014 pela JBC. Sendo um volume único, a editora resolveu investir em certo luxo na edição. Trazendo um formato de 14,8 x 21 cm e 132 páginas, temos uma edição num caprichado e agradável papel lux cream (o mesmo do bonito “Death Note – Black Edition”) e com orelhas que continuam a bela paisagem de girassóis da capa. O preço que pode acabar afastando um pouco os leitores, sendo que é R$23,90 por uma edição bonita, porém de poucas páginas. O acerto nisso fica no fato da edição ter sido lançada apenas em livrarias e lojas especializadas.

O mangá em geral está bem bonito e de acordo como deveria estar por todo o capricho o qual foi aplicado. Durante a leitura, não consegui perceber nenhuma falha de escrita que possa realmente ser considerada como erro. A tradução está bem legal e fácil de acompanhar, dando acesso para a leitura entre todas as idades.

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As orelhas são bem grandes e, apesar de apenas serem continuação da (incrível e maravilhosa) arte da capa, fazem com que as capas internas não fiquem apenas naquele aspecto chato de branco total. As orelhas também possuem algumas informações sobre a história do mangá e também sobre premiações que este recebeu (que já citei aqui no post). A lombada está também de acordo e numa tonalidade amarela que combina bastante com a arte de capa.

Dentro da obra, os quadros que representam narração/pensamento do cachorro narrador estão bem separados e dando facilidade para entendimento da leitura. Os capítulos não estão numerados, apenas separados por uma página padrão, porém creio que dentro da obra não exista necessidade de numeração, ainda mais por ser um volume único.

Conclusão

A história de O Cão Que Guarda As Estrelas tem tudo para emocionar algumas pessoas, então a leitura é recomendável para quem tem sensibilidade a esse tipo de obra. Creio que o interesse nela seja o de muitos, mas talvez o preço da edição brasileira afaste um pouco os leitores. Como é um volume único, pode ser uma boa pedida para aqueles que desejam ao menos ter uma obra bonita em sua estante e facilmente compartilhável.

História: 4/5

Edição Nacional: 5/5