Caso você queira comprar um exemplar físico do mangá O Preço da Desonra (Kubidai Hikiukenin) pela Amazon neste momento, só deverá encontrar revendas com preço inflacionado (o quadrinho foi lançado por R$ 59,90 e hoje não aparece por menos de R$ 70,00). Acontece que a obra do mestre Hiroshi Hirata esgotou toda a sua tiragem, para surpresa da própria editora Pipoca e Nanquim.

Em um vídeo publicado recentemente, o editor Bruno Zago comenta sobre o questionamento do público para um retorno da obra à loja. Ele e Daniel Lopes procuram pelo título na Amazon e constatam a venda só por market places (lojas revendedoras).

Surpreso, Zago informa então que a tiragem de O Preço da Desonra foi de 8 mil cópias, considerada “altíssima” para os padrões da editora. A título de comparação, em uma mesa redonda de editoras feita no ano passado, o editor da JBC, Marcelo Del Greco, informou que uma venda de 5 mil cópias hoje em dia no Brasil é considerada um “megassucesso”. Um número bem diferente do início do mercado por aqui, onde títulos como Samurai X e Sakura Card Captors vendiam entre 30 e 40 mil exemplares.

Números de vendas de mangás no Brasil nunca são muito comentados, então a curiosidade vale não só para dar um termômetro do mercado, como para atestar o sucesso da editora Pipoca & Nanquim.

Nascida a partir de um canal no YouTube, comandado por editores de quadrinhos que outrora trabalhavam com materiais da Panini (a maior do segmento), a empresa vem se consolidando por manter um diálogo constante e direto com seus leitores, o que permite que títulos de luxo de autores desconhecidos no país (mas de alta relevância na área) tenham um público fiel garantido.

Quanto a uma reposição de O Preço da Desonra, Bruno e Daniel deram a entender que trabalharão por isso em breve. E não tenham dúvidas de que os fãs da editora poderão esgotá-lo novamente.

[Via YouTube Pipoca e Nanquim]


 

O Preço da Desonra foi publicado no Japão originalmente em 1987, com autoria da “lenda viva” Hiroshi Hirata, importante artista do estilo gekigá – dramas para o público adulto, como Lobo Solitário. O artista também é reconhecido por sua excelência como calígrafo, tendo sido responsável pela grafia do título do mangá Akira, de Katsuhiro Otomo.

Com ambientação no Japão feudal, os samurais desta história vivem numa época em que as guerras possuem altos custos, e combatentes já possuem comportamento bélico no campo de batalha. Qualquer quantia em dinheiro poderia salvar suas vidas; desta forma, muitos samurais contraem dívidas pecuniárias, algumas vezes não pagas e é trabalho de Hanshiro Kubidai, um samurai cobrador, reivindicar o pagamento das dívidas não cumpridas, para os credores que contrataram seus serviços. Através de suas viagens, ele terá de enfrentar diferentes situações. Às vezes herói, às vezes demônio, às vezes carrasco ou homem de coração, Hanshiro Kubidai é em qualquer caso uma personagem complexa e multifacetada, que nos convida a refletir sobre nossa sociedade, tanto quanto o nosso próprio comportamento.