Estreou hoje (7) o novo clipe do rapper Emicida, “Quem tem um amigo (tem tudo)”, que conta com as participações de Zeca Pagodinho, do grupo japonês Tokyo Ska Paradise Orchestra e da dupla paulista Prettos. A canção, lançada em outubro do ano passado como parte do último disco de estúdio de Emicida, AmarEloé uma parceria com o cantor, compositor e percussionista Wilson das Neves, falecido em agosto de 2017.

O clipe se trata de uma releitura do universo de Dragon Ball — com direito a uma espécie de Godzilla tocando tamborim. Nele, o pequeno Goku dá lugar a Emicida, que abre o clipe viajando na sua kintoun (a conhecida nuvenzinha amarela flutuante) em busca de discos de vinil em amarelo e vermelho que remetem às esferas do dragão.

O jogo com a série de Akira Toriyama se estabelece do início ao fim evidentemente desde o traço, até a caracterização dos músicos como personagens do animê, além de pequenas recriações de cenas presentes na primeira abertura.

Wilson das Neves VS Shenlong

Emicida VS Goku

Zeca Pagodinho VS Mestre Kame

Todos correm do Godzilla VS Todos correm do Ozaru

No lugar de Mestre Kame e seu cajado, temos Zeca Pagodinho e seu (tradicional) copo de cerveja. Tenshinhan e Caos são substituídos pelos Prettos (Magnu e Maurílio Souza). Wilson das Neves faz a vez de Shenlong, no início, quando as letras E, M, I, C, I, D, A formam as esferas reunidas e depois reaparece ao final, como Kami-Sama.

“Quem tem um amigo (tem tudo)” nasceu de uma fita cassete enviada por Wilson das Neves a Emicida, anos atrás, na qual o sambista cantarola a melodia que havia composto. “Eu escrevo muito. Eu não sabia quais musicas iriam integrar o projeto [AmarElo]. Mas eu tinha certeza absoluta que a gravação que ele me mandou na fita cassete iria”, declarou o rapper em entrevista a Ronald Rios.

No início da canção, está presente um trecho do original da fita gravada por Wilson das Neves: justamente no momento em que o sambista dá as caras como se fosse Shenlong contornado pelas esferas. Essa composição de signos, com tudo o que é capaz de evocar, pode passar despercebida, mas é talvez um dos maiores acertos do clipe, ao que remete ao poder das esferas do dragão em efetuar um desejo qualquer que seja pedido por aquele que as reunir. Aqui, claramente, esse desejo — realizado pelo clipe e pela própria canção — é o de trazer de volta à luz o grande parceiro de Paulo César Pinheiro e Chico Buarque. A arte, entretanto, elemento essencial da vida humana, pode mais que ressuscitar: sua capacidade extrapola os limites do que possibilita a criação máxima de Akira Toriyama e trata de eternizar um dos grandes nomes da nossa música, cuja obra fala por si.