Em nosso mercado, muitos mangás acabam por não se destacar, especialmente quando se trata de uma obra de volume único e de um autor iniciante. Este é o caso de Coyote, de Sei Awata, uma compilação de histórias curtas que merecem um pouco mais de atenção. Por serem histórias curtas, não pretendemos nos aprofundar nelas para não atrapalhar a sua leitura.

Imagem: Personagem dizendo "Eu decido o que é importante".

Reprodução: Jean Clemente.

A história de abertura, Kids, mostra uma família de irmãos, filhos de um falecido super-herói. Por conta disso, todos têm alguma habilidade especial, exceto a irmã Rita Johnz.

Sofrendo por ser a única da família a ser assim, Rita tem que aguentar seus irmãos autoritários e o escárnio das pessoas à sua volta.

A impressão ao terminar de ler é que ela, mais do que os outros capítulos, serve como um piloto. E isso não é demérito, visto que mesmo sendo uma história fechada, seria legal vê-la se desenvolver mais e melhorar alguns aspectos, como diferenciar mais os irmãos mais velhos.

Lenny Worker e Lenny Worker [Alternative] mostram duas versões da mesma história. Nela, um grupo de robôs chamados workers se rebelam contra a humanidade, criando animosidade entre humanos e máquinas. Um destes robôs acaba por se envolver num assalto, junto com uma garota que acabou de conhecer.

Ambas as versões seguem a lição de que não se pode deixar o mundo ditar quem você é ou o que pode fazer. De longe, as duas são as melhores de todo o conto e fecham bem, sem a necessidade de um gancho ou de querermos ver o que vem depois.

Imagem: Cena de luta.

Reprodução: Jean Clemente.

Finalmente chegamos em Coyote, a história que dá título ao volume. Nesta, vemos um homem chegar numa casa de família (dada a quantidade de primas que moram lá, claro). Lá, encontra uma moça que quer se ver livre daquele mundo, mas que não tem coragem para isso.

O destaque fica para o fato de que, mesmo tendo poucas páginas, o autor dosa bem ação e um aprofundamento dos personagens – o máximo possível nessa situação claro. E um detalhe que chama a atenção é a melancolia, presente nos personagens por toda a trama, o que ajuda a criar ainda mais uma camada na história.

Eu Sou um Demônio encerra a coletânea. A história gira em torno de um demônio, agora em tamanho diminuto, que volta para se vingar do herói que o derrotou. Porém, ao invés de seu inimigo jurado, ele acaba por encontrar sua neta.

De todas as histórias presentes, esta é a mais fraca, mas não significa que seja de todo ruim. Awaka tenta seguir um caminho mais voltado para a comédia – e até consegue em certos pontos – mas não é a melhor história para se terminar o volume.

A impressão que passa é que os japoneses poderia tê-la posto no meio, para servir como um respiro entre as ações apresentadas anteriormente, mas que acabaram por deixá-la no final pra terminar de um jeito mais “tranquilo”. Isso acaba deixando uma sensação ruim de quebra de ritmo, mas que não tira o mérito da obra como um todo.

O autor tem uma arte que consegue não só passar toda a emoção necessária, como também criar personagens totalmente diferentes entre si, apesar de usar o mesmo estilo em todas as histórias. Os quadros de ação também não ficam atrás, com boas sequências e deixando claro o que acontece, então é difícil de se perder.

Coyote acaba caindo no limbo de one shots lançadas no Brasil, o que é uma pena. Awata mostra em seu primeiro volume encadernado que tem muito a mostrar ainda. E aqueles que derem uma chance, vão querer ver o que ele ainda pode proporcionar.

Confira na galeria algumas imagens da edição:

 

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Essa resenha foi feita com base em edições de Coyote cedida como material de divulgação para a imprensa pela editora JBC. O preço de capa é R$32,90.


O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.