Enquanto os mangás derivados de séries tokusatsu estão sendo publicado aqui no Brasil, a editora Panini resolveu entrar nessa onda, só que desta vez com uma versão em quadrinhos — ou HQ ––de um grande clássico. A Ascensão de Ultraman (The Rise of Ultraman) é o primeiro título realizado em parceria entre a Marvel e a Tsuburaya.

imagem: capa alternativa, explicações abaixo.

Homem-Aranha na capa alternativa de A Ascensão de Ultraman, por Olivier Coipel e Romulo Fajardo Jr. | Foto: Lídia Rayanne

Esta não é a primeira vez que a Marvel teve parceria com uma produtora japonesa. A empresa se juntou à Toei Company para produzir Spiderman (1978), a série tokusatsu do Homem-Aranha japonês; Battle Fever J (1979), a primeira série Super Sentai a inserir um robô gigante; e foi coprodutora das séries Denziman (1980) e Sun Vulcan (1981), também da mesma franquia que daria origem aos Power Rangers. Uma passagem importante da Marvel que, inclusive, serviu como embrião para formar, por exemplo, o conceito de Zords e Megazords.

Agora, a Marvel tem a missão de renovar o fandom de Ultraman através dos quadrinhos, desta vez recontando as origens do herói gigante da Nebulosa M-78, mantendo os elementos essenciais e tentando causar algum impacto entre antigos e novos fãs da franquia.

Coube aos roteiristas Kyle Higgins e Mat Groom a criar uma conexão entre o passado e o presente, formando uma ponte para o futuro da saga neste formato. Outros dois nomes importantes dos quadrinhos também estão envolvidos. Francesco Manna é o responsável pelas artes, enquanto o renomado Alex Ross criou as artes das capas variantes.


Made in USA

A introdução se passa em 1966, justamente o ano em que a série original estreou no Japão. Um fato misterioso à época causou a morte de um agente da Patrulha Cientifica — sim, o termo da primeira dublagem para designar a SSSP foi utilizada aqui para se referir à USP (United Science Patrol), equipe anti-montros da série de quadrinhos.

imagem: foto de páginas do quadrinho.

Ultraman surge impetuosamente diante de Shin Hayata, Kiki Fuji e Capitão Muramatsu | Foto: Lídia Rayanne

Logo a trama dá um salto no tempo para 2020, quando uma versão imatura/irresponsável de Shin Hayata tenta ajudar a equipe, apesar de ter sido rejeitado por sua má conduta. Ele tem uma forte amizade com a agente Kiki Fuji — contraparte de Akiko Fuji –, recém-recrutada pela USP, que ainda investiga o caso de 1966.

Mesmo tendo característica bem fora do padrão Hayata foi escolhido para ser o hospedeiro de Ultraman. Mas isso tem uma boa razão, já que a relação entre ambos é explorada. Hayata e Ultraman precisam conciliar suas diferentes vidas. Caso contrário, eles perecerão.

Esse é um ponto que não costuma ser explorado em demais produções da franquia e que mostra o quanto esta versão de Hayata precisava evoluir como pessoa. O conceito do multiverso também é explorado por aqui, bem como a abrangência do conceito de luta entre a raça Ultra e os kaiju.

Lançada originalmente em 5 volumes nos EUA, A Ascensão de Ultraman pode causar alguma estranheza ao leitor que está acostumado com uma postura mais heroica de Hayata, o que é bem convincente. Mas a HQ vai conquistando à medida que uma conspiração é desvendada e Hayata vai entendendo sua responsabilidade como hospedeiro do herói gigante.

O interessante é que a série aborda sobre consequências de decisões tomadas décadas atras, que são refletidas no tempo presente da trama. Além disso, a série reserva uma moral da história bem reflexiva sobre remissão que merece ser apreciada e retida pelo leitor.

imagem: mais páginas do quadrinho.

Bemlar ataca na adaptação de Ultra Q, um dos extras da versão encadernada de A Ascensão de Ultraman | Foto: Lídia Rayanne

A versão encadernada da Panini também traz extras como as tirinhas Passos de Kaiju, protagonizado por Pigmon e um inexperiente cadete chamado Pierre. Tudo bem engraçadinho, com traços bem infantis do artista Gurihiru.

Agora, o destaque dos extras é uma versão em quadrinhos de Ultra Q — baseada na primeira série Ultra, também de 1966. Escrita por Michael Cho, a trama de 11 páginas se passa em 1954 — uma clara homenagem ao primeiro filme de Godzilla — e que apresenta personagens diferentes da série que precedeu Ultraman no Japão. O mais legal é que eles usam armas com tecnologia muito avançada para a época.

E as últimas páginas são dedicadas a um breve histórico sobre Eiji Tsuburaya (1901~1970), o criador de Ultraman, além de algumas imagens da série clássica.

A Ascensão de Ultraman não tem o mesmo impacto do mangá ULTRAMAN, da dupla Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi, mas é um bom começo para a expansão da franquia nos quadrinhos, que em breve fará crossover com os Vingadores em 2023. Até aqui, o enredo é diferente, tenta não ser chato e pretende marcar os fãs – com um jeitão americano de contar boas histórias.

PS: Em setembro, a Panini publicou no Brasil a sequência de A Ascensão de Ultraman, intitulada como Os Desafios de Ultraman (The Trials of Ultraman).

Confira mais imagens da edição:

 

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