Morreu nesta quarta-feira (17) aos 82 anos o mangaká Kazuo Koike. Ele sofria pneumonia e estava submetido a tratamento médico. A confirmação veio através da conta oficial do autor no Twitter. Koike era conhecido pelo mangá Lobo Solitário (Kozure Okami), obra realizada em parceria com o ilustrador Goseki Kojima. Koike foi responsável pela formação de autores de mangá como Rumiko Takahashi (Ranma ½, InuYasha), Tetsuo Hara (Hokuto no Ken), Keisuke Itagaki (Baki – O Campeão), entre outros.

No último ano, Koike continuou tuitando e sempre ressaltava a importância de manter a mente ativa, apesar de sua saúde debilitada. “Enquanto aqui, percebi algo importante. Mesmo quando há limites para o que você pode fazer, é importante fazer algo criativo. Uma vez que sua mentalidade se torna desatenta, todo o resto se desmorona, então permanecer criativo é uma maneira de se manter saudável“.

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Nascido em 8 de maio de 1936, Kazuo Koike começou sua carreira como auxiliar no estúdio de Takao Saito (Golgo 13, Barom-1). Além de Lobo Solitário, Koike trabalhou em Yuki – Vingança na Neve (Shura Yukihime, de 1973), em parceria com o desenhista Kazuo Kamikura (1940~1986). De 2006 a 2007, o título foi publicado no Brasil pela editora Conrad em seis volumes editados. O mangá ganhou dois filmes lançados em 1973 e 1974. O primeiro foi lançado em DVD no Brasil como Lady Snowblood – Vingança na Neve. Tal versão inspirou o diretor Quentin Tarantino na concepção de Kill Bill.

Junto com Ryoichi Ikegami, Koike produziu em 1986 o mangá Crying Freeman. O título era conhecido pelo teor erótico e teve um OVA produzido pela Toei Animation entre 1988 e 1994, além de um filme live action dirigido e escrito pelo francês Christopher Gans e estrelado pelo americano Mark Dacascos.

Na década de 70, Koike atuou numa versão em mangá de O Incrível Hulk, da Marvel Comics. Em 2003, roteirizou para a edição 50 da revista X-Men Unlimited.

Koike também contribuiu para o gênero tokusatsu. Escreveu os episódios 5 e 6 de Spectreman (1971) que formavam o arco “O exílio de Spectreman“, onde o herói sofria uma punição dos Dominantes por não matar uma família portadora de uma doença capaz de destruir a humanidade. Ao lado de Tomio Sagisu assinava a produção de Denjin Zaborger, série de 1974 da mesma produtora. O mangaká não escreveu nenhum episódio e apenas ajudou na concepção geral da trama.

Sua versatilidade permitiu que ele escrevesse canções para o live action de Lobo Solitário, para os animes Mazinger Z (1972) e Great Mazinger (1974), obras de Go Nagai. Além de temas de abertura e encerramento das séries tokusatsu Denziman (1980), Goggle V (1982) e Dynaman (1983).


O mangá Lobo Solitário foi publicado originalmente entre setembro de 1970 e abril de 1976 pela Weekly Manga Action, da editora Futabasha. A série de 28 volumes encadernados contava a saga situada na era Edo, onde Ogami Ittou, um ex-executor do shogun que foi acusado injustamente pelo clã clã rival Yagyuu. Ittou se torna um assassino de aluguel e viaja pelo Japão ao lado de seu filho Daigorou, de apenas três anos.

Em 2003, a revista Shuukan Post (ed. Shogakukan) publicou uma continuação conhecida como Novo Lobo Solitário. Koike assumia novamente o roteiro, enquanto Hideki Mori era quem ilustrava o mangá, substituindo Goseki Kojima (falecido aos 71 anos em janeiro de 2000). Foram 11 volumes encadernados no total.

Clássico dos mangás, Lobo Solitário foi publicado pela primeira vez no Brasil em 1988 pela Cedibra (sendo o primeiro quadrinho japonês oficial no Brasil) e republicada mais tarde pela Nova Sampa durante a década de 1990. Ambas as editoras descontinuaram o título. Uma nova chance veio em 2005 através da Panini, onde a obra foi publicada até o fim. Desde 2017, a Panini vem republicando os volumes de Lobo Solitário.

Além de Lobo Solitário, outras obras de Koike chegaram ao Brasil: Crying Freeman (Nova Sampa e Panini) e Samurai Executor (Panini).

Recentemente, uma história de Koike foi publicada no Japão na revista Golf Enjoy Comic, especializada em golfe.

[Via Crunchyroll]