Somali and the Forest Spirit é uma coprodução da Crunchyroll, com animação dos estúdios Satelight e HORNETS. A série é uma adaptação de um mangá de Yako Gureishi, ainda em publicação no Japão (e inédito por aqui). O texto abaixo leva em consideração apenas o que foi apresentado na animação, não se baseando no que já foi entregue na obra original.


Levar em conta apenas as imagens de divulgação de Somali and the Forest Spirit realmente não é um bom indicativo do que você vai encontrar no episódio de estreia. Aliás, o que foi apresentado previamente (desconsiderando o trailer) também não faz a jus a beleza em detalhes das ambientações, tanto visual quanto sonoramente.

No primeiro episódio somos apresentados a um Golem, auto-identificado na história como um guardião da floresta. Sem intervir no processo natural das coisas, sem também demonstrar nenhum sentimento (sua rara espécie seria a princípio desprovida disso), ele vagueia pela natureza apenas fiscalizando que está tudo indo nos conformes. A quebra de sua rotina, e até então propósito de vida, muda completamente quando ele encontra uma garotinha machucada, cabisbaixa e com uma corrente amarrada ao pescoço. Sem mais nem menos, a pequena resolve chamá-lo de “pai”.

O visual da floresta natural do Golem é rico e único, com criaturinhas que podiam facilmente entrar em alguma nova geração de Pokémon. Mas logo dali saltamos para uma cidade, um pequeno salto também no tempo que deixa no ar o primeiro mistério de vários que serão jogados ao longo do episódio. O Golem resolve zelar e proteger a garotinha humana, criando um vínculo que a princípio não deveria ter. Algo que não faria sentido em sua natureza de fiscal da vida, incapaz de sentir afeto – que ele segue negando ter.

A garotinha, que passa a ser chamada de Somali, é o grande atrativo para gerar todos os momentos de fofura na historinha. Sua curiosidade ingênua é própria da idade, de alguém que está começando a descobrir um mundo que mal sabe que é extremamente perigoso para si. No episódio somos brevemente apresentados a história de como os seres humanos e as “criaturas fantásticas” se encontraram, e como nossa raça pois tudo a perder, sobrando praticamente nenhum humano pra contar história naquela região. Esse passado (que é muito facilmente jogado porque alguém ali resolve querer lembrar como que os humanos tinham sumido) é o que torna Somali uma presa fácil, mas o Golem dá seu jeitinho de forjar a raça da menina, com falsos chifrinhos de minotauro – lembrar da Boo de Monstros S.A é inevitável neste momento.

Somali and the Forest Spirit começa também querendo questionar como os sentimentos surgem, seus propósitos e sua inerência a todos os seres vivos. Há uma cena onde Somali claramente se sente incomodada com a forma como outros seres se comportam na questão “pai e filho”, pelo fato simples de que todos andam de mãos dadas, coisa que seu “pai” não faz a menor questão de fazer, até perceber mais pra frente uma utilidade prática por trás daquilo. Mas teria o Golem apenas seguido a lógica, ou percebido sem querer uma extensão do afeto que o une àquela garotinha desconhecida?

O passado dos humanos, onde eles estão, como Somali foi parar ali, por que o Golem a protege, onde estão os outros de sua espécie são alguns dos mistérios jogados nesse episódio de abertura, que a princípio não deixa nenhum gancho específico de continuidade da trama. Poderíamos até dizer que as situações serão sempre assim, resolvidas de forma episódica, mas os clássicos spoilers de abertura já entregam a união de mais personagens em uma possível jornada maior. Vamos ver na continuação.

 

Dois centavos sobre a música

Já que a abertura foi citada, vale destacar a bela canção chamada “Arigatou wa Kocchi no Kotoba“, interpretada por Naotaro Moriyama. O cantor de pop romântico se aventurou em uma música que remete a trilhas de clássicos da Disney, orquestrada e com vários momentos distintos.

Essa é uma música original feita apara a série e a primeira composição de Moriyama para um animê. Ano passado, o cantor revelou que escreveu a canção depois de ler o mangá, tentando cantar como se fizesse parte do cenário que a história conta, ficando num limiar entre a fantasia e a nostalgia. Podemos concordar que funcionou muito bem.

A ambientação da aventura também encontra-se bem acertada pelas músicas de Ryo Yoshimata (o mesmo do animê Depois da Chuva), com melodias próprias de obras que se passam em períodos medievais. Talvez o tema de encerramento seja o que menos brilha no conjunto, com a música “Kokoro Somali” (Coração de Somali, em tradução livre), uma melodia simples de Inori Minase, que também faz a voz da personagem principal.

 

Onde assistir

Somali and the Forest Spirit é exibido exclusivamente pela Crunchyroll. O 1º episódio estreou uma semana antes do Japão, disponível na plataforma com legendas em português. Novos episódios chegarão toda quinta-feira, às 14h30.