A Panini resolveu inovar e unir forma e conteúdo para o lançamento de um dos seus mais novos títulos. A edição brasileira de Goblin Slayer, que até tem um pezinho no horror, não terá apenas uma história aterrorizante: o preço promete causar arrepios em qualquer um!

Com pré-venda já disponível e previsão para dezembro, a série de Kagyu Kumo e Kurose Kousuke chega ao Brasil no formato 13,7 x 20 cm, 182 páginas em miolo offwhite, um marca-páginas de brinde no 1º volume e pelo preço de – segure-se! – R$ 29,90. Em tradução para o bom e velho português, trata-se de uma edição convencional da editora, mas com um preço longe do razoável.

Capa do volume 1 de ‘Goblin Slayer’ | Divulgação/Panini

A título de comparação, o mangá de Takagi: A Mestra das Pegadinhas será lançado ainda em novembro com as mesmas especificidades técnicas de Goblin Slayer, no entanto terá o valor fixado em R$ 24,90. Apesar de também ser pouco convidativo, é um valor consideravelmente mais barato.

 

Opinião:

É sabido que a péssima condição econômica atual do país prejudica a cobrança de preços considerados justos. Há anos o salário mínimo sequer repõe o valor da inflação, o que implica num poder de compra cada vez mais reduzido para a população. Ao mesmo tempo, temos na outra ponta uma empresa que, como qualquer outra, depende da obtenção de lucro para se sustentar, estando também sujeita às condições de uma economia ruim.

Considerando esses e outros fatores, talvez fosse o momento de uma editora como a Panini buscar meios de garantir a popularidade de um produto que precisa chegar a todas as camadas da sociedade, mas se torna cada vez mais inacessível. A prática de aumento de preço, característica de países com moeda desvalorizada e índices altos de inflação, pode ser a via mais fácil para quem comanda o mercado. Parece ser o momento de recuar e estudar formas de manter um limite razoável do que se cobra por um quadrinho de 200 páginas e acabamento comum. Mesmo que haja justificativas para os valores praticados hoje em dia (e elas existem, como mencionado acima), o público consumidor tem, além do direito de questionar, o de deixar de consumir. Espero que isso não esteja acontecendo – o que dificilmente tomaremos conhecimento, tendo em vista que os dados de vendas das editoras são guardados à sete chaves –, pois a indústria livreira no Brasil tem passado por dias difíceis. E os mangás fatalmente não fogem à regra.


Fonte: Catálogo Loja Panini


Goblin Slayer surgiu no Japão em 2016 como uma série de light novels, que atualmente já conta com 12 volumes. Rendeu também três derivados em mangá (dois ainda não finalizados, desenvolvidos por outros autores), e um spin-off chamado Goblin Slayer Side Story: Year One. O título que a Panini publicará no Brasil é a adaptação principal, atualmente com 10 volumes.

A adaptação animada em formato de série foi um dos títulos de maior repercussão na temporada de outono de 2018 (equivalente ao nosso período de primavera, no último trimestre). O animê foi produzido pelo estúdio White Fox (de Steins;Gate, Re:ZeroAkame Ga Kill!), em 12 episódios com direção de Takaharu Ozaki (Girl’s Last Tour). A exibição no Brasil, com legendas em português, ocorreu oficialmente pelo serviço de streaming da Crunchyroll. Em fevereiro de 2020, houve ainda o lançamento do filme Goblin Slayer: Goblin’s Crown, sequência direta da animação principal.

A trama aborda uma sacerdotisa em um grupo de aventureiros. Eles acabam em apuros, e é quando vem o Goblin Slayer, um homem que dedica a vida a matar todos os goblins, ao resgate.