Ed Cura, carioca do Morro do Fallet, é fotógrafo e criador do Anime Dicria, perfil nas redes sociais que coloca personagens de animê em cenas do cotidiano do Rio de Janeiro. O nome é uma alusão ao modo como as crianças criadas nas favelas do Rio são chamadas, os “crias”. 

A página do Instagram, que já conta com mais de 16 mil seguidores, foi criada em fevereiro para servir como uma espécie de “válvula de escape” em relação à pandemia, que interrompeu o trabalho de Ed como fotógrafo de eventos, como ele conta ao jornal O Globo.

Tudo começou com um post envolvendo Fire Force e Bangu, bairro da zona oeste do Rio. — Estava com a cabeça explodindo de ideias, fechado numa quitinete e sem poder pagar terapia. Comecei por diversão, fiz uma montagem de um demônio de “Fire Force” em Bangu, brincando com o calor do bairro — , disse o fotógrafo em entrevista.  — Aí fui postando as colagens dos desenhos nas fotos e as pessoas gostaram, muita gente que curte anime e é da periferia ou de comunidade passou a seguir —, completa.

Entusiasta de séries como Dragon BallJujutsu KaisenAtaque dos Titãs, o idealizador do Anime Dicria se dedica não apenas a dar novas cores para as cenas da vida nos morros do Rio, mas também se vale dos personagens japoneses para levar informação aos seus seguidores.

Com um jornal publicado no Instagram, o perfil comenta desde assuntos relacionados ao universo da cultura pop japonesa – como a estreia de um animê numa plataforma de streaming – até informações específica das comunidades cariocas, além das principais notícias da atualidade (como atualizações sobre a pandemia, resultados dos Jogos Olímpicos de Tóquio, inflação, preço da gasolina e divulgações em geral).

Além de tudo isso, o Anime Dicria almeja ainda a criação de uma Biblioteca Comunitária de mangás e HQs no Morro do Fallet, local onde os “crias” do Fallet e de comunidades vizinhas poderão ter acesso a diversos títulos. Para a efetiva realização do projeto, que já está em andamento e reuniu, até então, mais de 500 revistas, Ed conta com o auxílio de doações. As informações de como fazê-las pode ser encontrada no post incorporado acima, ou clicando aqui.

A ideia é fazer uma campanha de arrecadação para o aluguel do espaço. Já vi alguns pontos vazios, mas quero que seja mais no pé do morro, para que as pessoas que têm medo de subir também possam visitar — disse ao O Globo. — Se der certo, pretendo levar para outras comunidades, ter um espacinho do Anime Dicria na Maré, no Alemão, na CDD (Cidade de Deus).

Para os moradores do Rio, é possível entregar os mangás e HQs pessoalmente, na Feira da Glória, aos domingos, na Av. Augusto Severo, 2702, no bairro da Glória. A quem não tem essa possibilidade, há a opção de enviar as doações por correio (o endereço pode ser solicitado via Instagram).

Há também a necessidade de um novo computador para a plena manutenção do perfil no Instagram. Atualmente uma vaquinha está aberta numa plataforma de financiamento coletivo (clique aqui).

Foto da capa: Hermes de Paula/O Globo.

Fonte: TABUol, O Globo.