Até por volta dos anos 1960, os folhetins dramatizados na rádio, as chamadas radionovelas, eram um grande sucesso no Brasil. Daí veio a popularização da TV e logo o estilo seriado em áudio foi perdendo fôlego por aqui (antes de um retorno recente via podcasts, mas isso é outro assunto).

imagem: capa do audiodrama da saga de hades

Imagem: Capa do audiodrama de ‘Hades’ | Reprodução/Columbia

No Japão, no entanto, os audiodramas encontraram seu espaço no mercado fonográfico, com vendas em discos. Novas produções continuam surgindo até hoje, muitas delas sustentadas em franquias animadas, mangás e games. A Saga de Hades d’Os Cavaleiros do Zodíaco, por exemplo, bem antes de existir em animação, ganhou um audiodrama — cuja capa gerou uma confusão no Brasil, com revistas que faziam crer que aquilo era o arco em animê.

Mesmo que o consumo de audiodramas japoneses seja um mercado inexistente em nosso país, não podemos dizer que nunca houve uma tentativa. Em 2000, durante o auge da febre Pokémon, numa época que as empresas donas ainda não tinham tanta burocracia com a marca como hoje, alguém achou que seria uma boa ideia unir os monstrinhos com a imagem da atriz e apresentadora Cissa Guimarães. E a Nintendo (ou quem quer que seja) topou.

A promoção do jornal Agora, pertencente a Folha de São Paulo, consistia no seguinte: na compra de um exemplar dominical, com mais R$ 4,90, você poderia levar um volume em CD da série Os Segredos de Pokémon, sendo ao todo 3 volumes.

imagem: capas dos discos Os Segredos de Pokémon

Imagem: capas dos discos Os Segredos de Pokémon | Foto: JBox

imagem: interior dos CDs, com imagens de Cissa Guimarães junto a diferentes Pokémon

Imagem: interior dos CDs, com imagens de Cissa Guimarães junto a diferentes Pokémon | Foto: JBox

Cada volume continha uma historinha de pouco mais de 20 minutos onde Cissa Guimarães interagia com Ash Ketchum (e seu dublador original, Fábio Lucindo), aprendendo o beabá do mundo dos monstrinhos de bolso — como os tipos, as batalhas, evoluções, esse tipo de coisa. Havia também um segmento para responder questões aleatórias de crianças sobre a franquia e a maior parte do conteúdo era uma troca de informações sobre cada Pokémon com a Pokéagenda (também com seu dublador da época, Wellington Lima).

A novelinha era uma espécie de isekai (!) lembrando o plot do concorrente Monster Rancher: Cissa estava chamando por seu filho e não obtinha resposta. Entrou no quarto dele, ligou o videogame e de repente foi parar no mundo de Pokémon. Acontece, né?

Segundo comentário do próprio Wellington, em vídeo no canal de Wendel Bezerra, a gravação com Cissa teria acontecido em janeiro de 2000, com ele e Fábio indo de avião para o Rio de Janeiro, em um esquema “bate e volta”. Possivelmente é dele também a voz do Pikachu, que surge de vez em quando na narrativa (Wellington chegou a gravar todos os Pokémon em um outro produto da franquia).

E aí, soube desse lançamento na época?


No Instagram

Pela hashtag #JBoxTBT, publicamos lembranças como essa semanalmente em nosso Instagram. Acompanhe por lá pelo @jboxbr!