Estreou semana passada (07) na Crunchyroll um animê que deve ser uma boa pedida para a galera que curte “adaptações seriadas de jogos de cartas”: Shadowverse. Já com dois episódios na plataforma (assista aqui), o desenho vai ao ar semanalmente, toda terça-feira, às 7h da manhã, com o episódio inédito disponível apenas para assinantes e, sete dias depois, o anterior sendo liberado ao público geral.

Shadowverse é uma produção original vinda do card game online de mesmo nome, lançado no Japão pela Cygames em 2016 para diferentes plataformas mobile e, posteriormente, desktops. O animê é feito pelo estúdio Zexcs e tem direção de Keiichiro Kawaguchi (o mesmo de Nurse Witch Komugi R, de 2016, uma das melhores comédias da década passada), exibido na TV Tokyo. E até então, tem se mostrado o puro suco desse nicho específico de animês infantis – cuja referência mais óbvia, claro, é a série Yu-Gi-Oh!

O argumento é daqueles bem simples, que podem ser resumidos em “este garoto protagonista vai se aventurar por esse jogo e conquistar aquelas ambições”. E, nesse caso, essa simplicidade, obviedade e repetição de clichês é muito bem-vinda, já que Shadowverse cai muito bem como o eventual grande animê “junk food” da temporada. É tudo muito bem feitinho e diverte na medida do esperado, entregando vários dos esteriótipos adoráveis que rolam muito bem para esses moldes.

Os personagens se hidratam na hora do recreio, mas fazem isso de uma forma “cool”.

Temos, por exemplo, uma grande variedade de personagens, com seus visuais e personalidades muito bem variados. Há o arquétipo de protagonista super pra cima, avoado e positivo em seu jeito de agir (ele joga o Shadowverse pela primeira vez e se diverte com isso, levando alegria inclusive a seu adversário malvadão); há o arquétipo do melhor amigo “badass” mais sensato; há o do antagonista intimidador de cabelo cinza, que anda curvado, faz cara amarrada quando fala e usa 俺 (ore, “eu”, mas com um tom mais arrogante) para se referir a ele mesmo; o do antagonista misterioso, com o cabelo ainda mais descolorido e uma pose impraticável, à noite, num parquinho. É escolher o que gostar mais e seguir.

E ainda que o jogo pareça ser bem qualquer coisa em comparação a outros TCGs mais inventivos em questão de temática, personagens, estilo, mecânica, etc, todo ele é muito bem apresentado, com animações em cgi que imitam o 2D gostosinhas de assistir. Os cenários competitivos são bem legais, as movimentações dos jogadores em tela são bacanudas (rolam poses cool imitáveis) e a coisa toda parece não se levar tão a sério, o que deixa o gosto final ainda melhor. Ainda mais com cenários tão bem detalhados e um esforço geral para que a animação pareça bem mais fluida aos olhos que o comum dessas produções costumam entregam.

Se continuar assim ao longo da temporada, Shadowverse tem tudo para ser uma das melhores atrações desse ano. Ao menos por esse início, as expectativas já estão lá no alto.


Esse texto toma como base unicamente os dois primeiros episódios de Shadowverse, já disponíveis oficialmente aqui no Brasil, com áudio original e legendas em português, através da Crunchyroll.