Na manhã do último domingo (12/07), ocorreu uma coletiva de imprensa virtual com os atores Seiko Senoo e Hiroshi Watari – que viveram papéis marcantes na infância de milhões de brasileiros, dando vida, respectivamente, às versões civis dos heróis Metalder e Sharivan (no caso de Watari, posteriormente ainda teve o Spielvan e o coadjuvante de destaque Boomerman, em Jaspion).

A iniciativa é do evento Alma Tokusatsu, que promove um modelo de Meet & Greet Online para aproximar os fãs destes astros – que sempre são presença de destaque em eventos de cultura pop japonesa.

Reunindo diversos veículos da chamada “Tokunet brasileira”, a coletiva contou com Narú (um dos organizadores do Alma Tokusatsu) como intérprete e permitiu que ambos os convidados contassem um pouco sobre os trabalhos que desempenharam em séries tão queridas por aqui.

Imprensa reunida virtualmente com Hiroshi Watari e Seiko Senoo.

Como fã, confesso que já há alguns anos havia passado a enxergar as séries tokusatsu da chamada Geração Manchete superestimadas por aqui, a ponto de conseguir conter meu lado fanboy e enxergar essas produções como um entretenimento infantil e despretensioso, que traz lembranças boas de uma época que, definitivamente, não vai mais voltar. Só que quando os caras entraram no chat, me senti tomado por um sentimento inexplicável.

Ao longo dos meses que transcorrem essa pandemia, assistimos muitas vidas perecendo, em meio a trocas de ministros da Saúde, declarações desnecessárias do nosso presidente e atitudes culturalmente novas para nós – como adotar o uso de uma máscara para preservarmos a saúde alheia (um hábito muito comum no Japão). Não demorou muito, e o Brasil logo ficou em evidência no mundo – sem ser pelo futebol, a destruição da Floresta Amazônica ou do Carnaval – em particular, pela curva crescente dentre os países com maior incidência de óbitos por conta da doença.

Foi então que Hiroshi Watari, que já veio em nosso país em várias ocasiões, nessa mesma época do ano,  teve a ideia de ajudar o Brasil de alguma forma. Ele se ofereceu para interagir com os fãs brasileiros para alegrar esse momento de pandemia, que só têm noticias tristes e pelo menos oferecer um pouquinho de lembranças boas para os fãs brasileiros.” – informou Narú.

Watari convidou Seiko Senoo, que ainda não veio ao nosso país pessoalmente, e topou o convite proporcionando então um contato inédito para nós brasileiros com o cultuado Metalder. A dinâmica da coletiva proporcionou a cada veículo fazer uma pergunta.  Uma crescente de nervosismo foi tomando conta de mim na medida em que os colegas de outros veículos  iam fazendo suas (ótimas) perguntas!

Watari e Senoo atentos às questões. | Reprodução/Alma Tokusatsu

A razão do nervosismo não era por conta de um viés inexperiente de jornalista (afinal, não sou formado na área…) mas sim porque eu estava prestes a interagir com dois caras que me ajudavam a preencher minha imaginação de criança pobre, com o sonho de ser um super herói.

Não sei se cabe, mas a título de curiosidade, sempre que um cabo de vassoura quebrava em casa eu ia no lixo e pegava uma das metades (a maior!) e  fingia tinha  minha “espada laser”. Não tinha muitos brinquedos na época e então ficava sozinho cortando o vento, lutando contra inimigos da imaginação de algum império maligno.  E quando assisti Metalder, vi que um super-herói não precisava usar armas, e isso formatou minhas brincadeira de faz-de-conta… Até Spielvan surgir com um cabo de vassoura inteiro como arma (risos).

Perguntas que revelam curiosidades de bastidores trazem sempre grandes revelações e a impressão transmitida é que os diretores exigiam bastante dos atores em jornadas de gravação árduas, que às vezes duravam o dia todo. Senoo compartilhou que, como seu personagem era um ciborgue, todas as vezes que ele transpirava as gravações eram interrompidas pois… robôs não suam afinal. E  ainda levava esporro!

Reprodução/YouTube

A “lendária” pedreira que a Toei utilizava como set para gravação de muitas cenas de produções durante os anos 1980 traz até alguma nostalgia, mas a realidade é apenas uma: Não tem nada! Só tem pedra, não tem sombra, não tem banheiro… (Risos) – nas palavras de Watari.

As deslumbrantes armaduras dos heróis são na realidade roupas quentes, ruins para respirar e que proporcionavam um incômodo muito grande. A visão dos capacetes dos metal heroes não é tão ruim como a das máscaras de Kamen Rider ou Ultramen, que possuíam orifícios minúsculos que dificultavam as coreografias – lembrou Watari, que antes de estrelar Sharivan foi dublê do JAC (atual JAE) e chegou a vestir o traje do herói Gavan, seu predecessor.

Na minha oportunidade, perguntei se os atores sabiam sobre a existência dos famigerados V.R Troopers. Aos que não conhecem, essa produção da Saban, nos moldes de Power Rangers, feita em 1994 e reuniu em uma só história as séries de Metalder e Spielvan (e posteriormente Shaider), apresentando uma trama que tentava tratar de temas “modernos” na época, como a realidade virtual.

“Spielvan” e “Metalder” reunidos em VR Troopers | Reprodução/Saban Enterteinment

Watari revelou que ficou sabendo da série e que inclusive realizou visita nos locais de filmagem (!). “É uma grande pena que nossos amigos [V.R Troopers] não fizeram muito sucesso. Acompanhando o design dos personagens, como por exemplo o rosto [do Spielvan]; está muito achatado, não tendo um volume. Talvez os japoneses tenham feito melhor…

Para Senoo, a série era totalmente desconhecida até uns anos atrás e, quando dissemos que os brasileiros odiaram a versão, a resposta foi direta e curta: Ainda bem que não vi!

Mas o que que torna esses heróis tão amados e queridos por crianças de todo planeta (que conheceram as séries originais, claro) mesmo com as histórias retratando tanto a cultura japonesa? “[…] Mesmo não entendendo o nosso idioma, (as séries) têm em comum a justiça, o erro e o valor da vida que é igual pro mundo inteiro […] Pessoas certas, derrotam pessoas erradas, e isso é uma coisa muito positiva pro mundo inteiro (…) – completou Senoo.


Você pode ter a oportunidade de conversar pessoalmente com seu herói da infância e fazer as perguntas que quiser (dentro do tempo estipulado, claro) através do evento Alma Tokusatsu. Acesse o site e saiba como! Mas corra que os últimos Meet & Greet com a dupla rolam nesse fim de semana!