Em dezembro de 2002, os assinantes de TV a cabo puderam presenciar o nascimento do Toonami, o bloco de “séries de ação” do Cartoon Network que ficou mais marcado pela exibição de animês. Na grade de estreia, dois títulos que já estavam no ar: Pokémon e Gundam Wing. Como atrações inéditas: Dragon Ball GT e InuYasha.

A saga do meio-youkai despertado por uma garota que viaja ao passado se tornou uma das mais queridas pelo público na época. Apesar de diversos problemas na adaptação brasileira em temporadas mais à frente, o trabalho inicial do extinto estúdio Parasi Vídeo foi muito bem recebido, seja na adaptação das músicas ou no elenco que deu vida aos personagens em português. Os problemas mesmo, vinham “de fora”.

Mulher Centopeia e seu sutiã digital | Reprodução

Distribuído pela Televix, o animê contou com “suavizações” pontuais em cenas de violência ou no que fosse considerado mais impróprio ao público infantil ocidental. Um clássico exemplo está já no 1º episódio, quando a Mulher Centopeia recebe um sutiã digital para vestir a silhueta original dos seios.

Outra cobrança veio para que se evitasse piadinhas de duplo sentido com o nome dos personagens. Nomes como Miroku ou Naraku ficaram como Mirok e Narak. Já Kagome, que divide o protagonismo com Inuyasha, teve que virar Agome.

Em entrevista recente para o canal Versão Dublada, o dublador Mauro Eduardo (intérprete de Inuyasha na nossa versão) lembrou o caso e confirmou que teve que redublar diversos capítulos na época da 1ª exibição por uma decisão do cliente (a empresa que bancou o serviço).

“Depois de 25 episódios gravados, mixados e prontos, o cliente resolveu que não era mais Kagome. Era Agome, porque Kagome era pejorativo. Eu tive que regravar 25 episódios inteiros” – comentou. Mauro completa relembrando que o personagem fala o nome de Kagome o tempo inteiro, não havendo outra solução senão refazer o trabalho.

Apesar de todo esse pepino, o profissional guarda o período com carinho na memória, como uma época bastante prazerosa da carreira.

Você pode conferir a íntegra da entrevista no vídeo abaixo. Ao longo da conversa, também são citados outros trabalhos de Mauro Eduardo em séries japonesas, como o Seto Kaiba de Yu-Gi-Oh!, Gai em Shurato e o Jiraiya, O Incrível Ninja.

O Versão Dublada também possui um site dedicado a matérias especiais do universo da dublagem. Confira em versaodublada.com.br


Fonte: Versão Dublada


InuYasha é mais uma criação de Rumiko Takashi, famosa por sucessos como Urusei Yatsura (Turma do Barulho no Brasil) e Ranma 1/2. Seriado nas páginas da revista Shonen Sunday entre 1996 e 2008, a série rendeu um total de 56 volumes encadernados, acompanhando a jornada da jovem Kagome, que viaja sem querer para o Japão feudal e liberta um meio-youkai chamado InuYasha, com quem deve se aliar para procurar os fragmentos da Joia de Quatro Almas.

A série animada estreou no Japão em 2000, com produção do estúdio Sunrise, sendo finalizada com 167 episódios em 2004. Anos mais tarde, em 2009, mais 26 episódios foram lançados na temporada conhecida como InuYasha: Kanketsu-hen (ou The Final Act), que finalizou a saga do meio-youkai e da garota que veio do futuro.

No Brasil, o mangá foi publicado pela Editora JBC a partir de 2002 em formato meio-tanko (totalizando 112 volumes) e será relançado em edição especial em 2021. Já o animê estreou via Cartoon Network também em 2002 e fez sucesso junto ao público – mesmo  sofrendo com cortes e censuras promovidos pela distribuidora Televix. 30 episódios chegaram a ser exibidos também em TV aberta pela Rede Globo e os filmes estrearam por aqui pela Netflix.

A série Kanketsu-hen permanece inédita oficialmente no Brasil.

Uma continuação, com a filha de Inuyasha como protagonista, está prevista para estrear este ano no Japão.