Há quem pense que o Japão é uma terra livre de pirataria — não é bem verdade, afinal, se é preciso criar leis tão duras contra alguma coisa, é porque essa coisa existe. Enfim, no final dos anos 1990 e começo de 2000, havia diversos serviços P2P (peer-to-peer) — hoje um sistema mais conhecido pelos arquivos torrent — que caíram em desuso, como eMule, Napster (esse virou um streaming de música), LimeWire, etc.

No Japão, o mais famoso era o Winny, criado por Isamu Kaneko em 2002, na época um assistente de pesquisa na Universidade de Tóquio. O Winny usava um sistema de criptografia que permitia o anonimato, o que tornou o serviço um prato cheio para distribuição de material protegido por direitos autorais, e agora será fonte de um documentário intitulado Winny.

Chegou ao ponto do hoje falecido Shinzo Abe, que na época era Secretário Geral do Gabinete, pedir para as pessoas não usarem o serviço:

Pirataria é um problema comum para todos os criadores de serviços P2P, mas o Japão sempre teve uma postura rígida contra pirataria digital, e Kaneko foi preso em 2004 por facilitar a infração de direitos autorais, iniciando uma longa batalha jurídica, que terminou apenas em 2011 quando o Supremo Tribunal do Japão considerou o professor-pesquisador inocente — infelizmente, ele faleceu em 2013 após um infarto do miocárdio.

O documentário abordará Kaneko, o auge e queda da plataforma, e a batalha jurídica que se estendeu em função dela. O filme está programado para estrear em março de 2023 no Japão —  o documentário deve colocar a indústria de entretenimento como vilã da história, uma faceta talvez pouco explorada pelas produções nipônicas mais famosas, e é produzido com ajuda de uma campanha de financiamento coletivo.


Fonte: SoraNews