Durante a JUMP FESTA 2024, foi anunciada a segunda temporada do remake de Samurai X (Rurouni Kenshin), com previsão para 2024, adaptando o arco de Quioto.

O autor da obra, que lucra com licenciamento e também pelo equivalente japonês a royalties em alguns casos, foi detido em 2017: Nobuhiro Watsuki — cujo nome real é Nobuhiro Nishiwaki — possuía vídeos pornográficos de garotas menores de idade, e teria dito aos policiais que “estava interessado na nudez de garotinhas”, segundo o Japan Times. O material foi encontrado no escritório do autor, em Tóquio.

Nada disso impediu a nova série de ser distribuída internacionalmente, com exibição pela Crunchyroll legendada e dublada em diversos idiomas, o que indica um forte investimento por parte do streaming e da distribuidora Aniplex (dona da Crunchyroll) — dubladores americanos estão doando parte de seus pagamentos para entidades que combatem a exploração sexual de menores. Assim como nada também impediu a produção de novos filmes live-action, distribuídos pela Netflix em parceria com a Warner, sob o selo de “original”.

Confira o trailer:

Segundo matéria publicada na época pelo jornal Asahi, foram encontrados em torno de 100 DVDs com material pornográfico envolvendo garotas no começo da adolescência — dada a quantidade enorme, encontramos comentários que diziam que a polícia investigou a possibilidade do autor distribuir material, mas nossa apuração não encontrou veículos jornalísticos confirmando a informação.

Em busca de reportagens, notamos que boa parte dos sites japoneses tirou do ar as notícias sobre a prisão do autor, divulgadas conforme os fatos ocorriam — isso dificulta nossa apuração da veracidade das informações. Felizmente, foi possível consultar algumas fontes via WebArchive.

Desde 2014, é proibida a simples posse de pornografia infantil no Japão, como é de praxe na legislação em países que se comprometem internacionalmente com a causa — antes dessa revisão, era apenas proibido possuir o material com intuito de distribuí-lo.

A posse de pornografia infantil sem intuito comercial é passível de prisão de um ano e multa de até 1 milhão de ienes (34 mil reais na cotação atual) — quando há intenção de comercialização, a pena sobe para até 3 anos de prisão e multa de 3 milhões de ienes (104 mil reais).

Em comparação, baixar conteúdo ilegal no Japão é passível de multa de até 2 milhões de ienes (69 mil reais) e prisão por até dois anos. Vale lembrar que baixar material pirata não é um crime que envolve per se estupro ou importunação sexual de vulnerável, como ocorre na produção de material pornográfico infantil — e a ideia de punir quem consome esse tipo de conteúdo é justamente porque isso indiretamente endossa e estimula o sofrimento de mais crianças (para a produção de mais pornografia), além de facilitar o processo de investigação da indústria de pornografia infantil.

A nova animação é produzida pelo estúdio LIDEN FILMS, readaptando o mangá. A direção é de Hideyo Yamato (Cells at Work! Code Black), com roteiro de Hideyuki Kurata (Girls’ Frontline), desenho de personagens de Terumi Nishii (JoJo Parte 4). Soma Saito e Rie Takahashi assumiram os papéis de Kenshin e Kaoru.

Não sabemos ainda se a adaptação pretende incluir o arco de Hokkaido, cuja seriação foi interrompida em 2017 quando o autor foi detido pelos motivos citados acima. O mangá retornou em 2018, após o pagamento de multa de 200 mil ienes (em torno de 6 mil reais na época).


Fonte: JUMP FESTA