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Falar de Pokémon é meio que voltar aos tempos aonde eu era uma criança que apenas estudava. Lembro que meu primeiro contato foi com o anime, falado e alardeado na TV no fim dos anos 1990 no programa da Eliana na Record. Eu estudava de manhã, mas quando não tinha aula ou saia cedo, ia correndo pra casa (são uns 5 ou 10 minutos andando até minha antiga escola) e assistia a dobradinha Ultraman Tiga e Pokémon.

Bons tempos e haviam diversos produtos licenciados (ou não) aqui no Brasil como aquela promoção da Elma Chips com os Pokémons da primeira geração, aonde tinhamos uma espécie de Card Game do jogo. Eu e meus amigos colecionávamos a vera isso. Éramos crianças, apenas preocupadas em ser crianças, e não em imitar os adultos, como vemos hoje em dia.

Enfim, tempo vai, tempo vem, e chegamos no aprazível ano de 2001 quando colecionava com meus amigos a extinta Pokémon Club, onde eles informavam os monstrinhos da temporada Johto, então inédita aqui no Brasil. E eis que meu amigo chega com seu recém ganho Game Boy Pocket (uma versão menos tijolo do Game Boy), com um tal de Pocket Monsters Kin (também conhecido como Pokémon Gold) e apesar das dificuldades de se jogar à noite, nos divertimos um bocado, mesmo sem entender bulhufas do jogo.

No ano seguinte ganho meu primeiro PC, e usualmente, chego a bendita (e maldita) emulação. Após jogar os games do GB e do GBC, fico sabendo a existência da rom dos mais recentes jogos da série e um tal de Visual Boy Advanced, um emulador ‘novato’ na área. Após muito esforço (por conta da internet discada e limitações da época, lembram de ter que ficar até meia noite nos dias de semana pra usar a internet em pulso único?), experimentei o jogo e empaquei… por conta da língua japonesa.

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E de tempos em tempos, sempre rejogava Pokémon, embora as circunstâncias tivessem me impedido de terminar a maioria dos games (até hoje, afora Black, só terminei o Gold).

Pokémon foi algo que sempre me interessou, pois era ao mesmo tempo simples e complexo (com bom conhecimento de elementos, venci um pokémon 10 levels mais forte que o meu). Mas bem, voltando ao assunto do jogo. Quando foi anunciado, o B/W sequer chamou minha atenção (meados de 2010). Papo vai, papo vem, a versão japonesa é lançada, a Famitsu dá um 40/40 pro jogo e no começo de 2011, decido comprar um DS (desejo que acalento desde o fim de 2008).

Com o preço de um novo acima da minha capacidade aquisitiva, adentro fóruns da internet para buscar um usado. Negociei em fevereiro, mas devido a alguns problemas de saúde do vendedor, o DS chegou aqui em maio. E eis que ponho minhas mãos numa cópia de Pokémon Black, que é o jogo que analisaremos hoje. Espero que não tenham cansado do longo texto introdutório, pois este review também será longo.

A ordem em Pokémon sempre foi evoluir sem perder as raízes, foi assim na transição de Red/Green*/Yellow para Gold/Silver e em seguida, Crystal, depois para a geração Advance e logo depois para a geração Diamond & Pearl. Tivemos leves avanços nos remakes Heart Gold/Soul Silver, culminando agora com a nova geração, aonde a série finalmente mostra uma evolução parruda e pesada, coisa que não víamos desde que um segundo continente foi habilitado em G/S/C.

Logo no início da jogatina, ou melhor, logo após o logotipo da Game Freaks aparecer, temos o indício de algo acontecendo, com a abertura numa cutscene do Team Plasma (mais precisamente os sete sábios, Ghetsis e N). A história continua o padrão simples, seu personagem (garoto ou garota) almeja se tornar um Mestre Pokémon e toda aquela coisa óbvia, com seus rivais e os líderes de ginásio. Ah, sim, eu disse rivais, pois não há apenas um rival no jogo, mas três: Cheren, seu amigo de infância, que escolhe um pokémon do tipo oposto ao seu, levando vantagem, Bianca, sua amiga de infância, que escolherá um pokémon do tipo oposto ao seu, levando desvantagem e N, um misterioso rapaz que esconde seus segredos (revelados aos poucos durante o jogo).

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Unova é uma região deveras interessante, inspirada na cidade de Nova Iorque (idéia tida pelo produtor Junishi Matsuda quando ele foi aos Estados Unidos para o lançamento de Pokémon Diamond & Pearl), com cenários variados e efeitos 3D renderizados, com zoom e tudo mais. É impossível não ficar maravilhado ao passar pela Skyarrow Bridge de bicicleta, assim como não relacionar os arranha-céus de Castelia aos da cidade inspiradora.

Somando-se a tudo isso, há a incrível maneira como a história é contada em Pokémon Black. Todos os mitos ao redor de Zoroa e Zoroark (disponíveis apenas num evento especial que infelizmente já passou), a lenda do herói e os lendários dragões que deram origem a região de Unova. As motivações do Team Plasma por exemplo, seriam sinceras, exceto quando descobrimos a verdade por trás dos planos de Ghetsis.

E se você acha que ao terminar o jogo pode largá-lo, ainda há mais coisa por explorar. Ao contrário dos jogos anteriores, onde geralmente visitávamos todas as cidades durante a primeira jornada, há muitas áreas inéditas por se explorar após o fim do mesmo. E principalmente, pokémons das gerações anteriores a se procurar para preencher sua Pokédex.

Em termos de ítens, o B/W tem uma suave queda na dificuldade. É muito mais fácil acumular dinheiro, assim como os TM’s não são mais de uso único (podem ser utilizados quantas vezes quiser, assim como os HM’s). Na hora de usar mais de um ítem de cura em seus pokémons, não é necessário selecionar o item novamente para usá-lo. São pequenos detalhes, mas que agilizam um pouco.

Um, diria eu, pequeno passo atrás em relação ao jogo anterior (HG/SS), é que nestes dois citados, o menu era rapidamente acessável pela Touch Screen, função que foi excluída, mas por um bom motivo: o on-line. O jogo tem funções interessantíssimas que usufruem por totalidade dos recursos Wireless, do Online do console e inclusive um recurso que utiliza o Infravermelho DO CARTUCHO. Isso mesmo, aliás, para utilizar o IR do jogo, o DS nem precisa estar ligado.

O game tem uma vastidão de Pokémons a serem capturados (além dos 150 monstros novos (Zoroa e Zoroark disponíveis via evento, Reshiram e Tornadus no Black, Zekrom e Thundurus no White), há pokémons que só podem ser capturados em suas respectivas versões (para mais infos, consulte alguma enciclopédia on-line de Pokémon, não me pergunte porque eu não joguei White XD), outros só podem ser capturados no Dream World, daí a necessidade do On-line do DS, caso você seja um colecionador maníaco dos monstros de bolso.

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Uma das melhores coisas do online de Pokémon Black (e do White) é a ilha Entralink, localizada no centro de Unova (não se preocupe, ela é acessível via teleporte, então fique tranquilo). O que a Entralink faz? Permite capturar pokémons encontrados no Dream World entre outros recursos que não sei porque meu DS infelizmente não tem online (vida de pobre é dureza, gastei 1/6 do meu salário pra comprar esse jogo XD).

As batalhas em sua base continuam do mesmo jeito, mas agora dois novos tipos de batalha foram adicionados, a batalha tripla, que consiste em batalhas de 3 x 3, semelhantes as batalhas de dupla introduzidas em Ruby/Sapphire, mas aqui, os pokémons do meio podem escolher qual pokémon atacar (centro, direita ou esquerda) e os pokémons das pontas só podem atacar os pokémons do centro e o que está em sua frente; e a batalha rotativa, na qual três pokémons batalham, mas apenas os centrais lutam e podem ser trocados por um dos pokémons da esquerda ou direita sem perder turno, adicionando um elemento estratégico no jogo. A proporção de batalhas Rotativas ou Triplas depende da versão jogada, Black tem mais rotativas, enquanto White tem mais triplas.

Em questão de captura de Pokémons, há novos tipos de “grama” que podemos encontrar pokémons mais fortes ou enfrentar batalhas em dupla. Além de “phenomenas”, em alguns cenários (pontes, cavernas ou mesmo na água), um som é ouvido e um ponto do cenário aparece uma sombra. Daí você tem que encostar nela (ou montinho de terra em cavernas), e se iniciará um combate contra um pokémon. Alguns só podem ser capturados desse jeito, então treine seus sentidos, hahaha.

A partir de um momento do jogo, avisarão que um pokémon está causando uma tempestade em determinadas rotas, dê um jeito de ir para tal (desde que você tenha a Master Ball) e você poderá ter a chance de capturar Tornadus, um raro pokémon de vento.

Uma “novidade” são os musicais, que substituem os contests de Sinnoh (Diamond/Pearl/Platinum). Enfeite seus pokémons, faça umas firulinhas no palco e pronto. Sim, este parágrafo foi curto porque não tem muito o que falar.

Graficamente, como havia dito alguns parágrafos atrás (se você não se cansou da leitura e foi embora, não te culpo), graficamente o jogo é o mais bonito da franquia. O design de monstros não é muito espalhafatoso, os cenários contam com um 3D renderizado e ótimos efeitos de zoom em determinados trechos, não se limitando a tradicional câmera aérea da franquia. E as escolhas foram acertadas, não tem como não se sentir isolado e solitário ao visitar Black City pela primeira vez, com a cidade vazia (ainda está em construção) e a câmera colocada longe do jogador aumenta essa sensação.

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Sonoramente na minha opinião, superou a trinca Gold/Silver/Crystal, com ótimos temas e melodias boas. Diabos, aquele tema de batalha do Team Plasma é ótimo. Os pokémons continuam soltando aqueles bzzts de sempre, mas não reclamo, pois levaria mais tempo para eles colocarem as vozes de pokémon e bem… Deixa o resto pra lá. Não, sério, deixa essa questão pra lá, é irrelevante se tratando das versões portáteis. Mas se numa versão “parruda” (vulgo aqueles de batalha pra Wii ou sei lá o quê) tivermos novamente esses grunhidos, você tem o total direito de reclamar lá, porque francamente, eles poderiam colocar as vozes dos pokémons. É preguiça da produtora.

Finalizando, a despedida da série do DS já rolou com Pokémon Black²/White², e até a chegada de Pokémon X/Y no 3DS,  temos o jogo definitivo dos monstrinhos de bolso, mesclando um bom enredo, gráficos bacanas, músicas contagiantes e um ótimo sistema de combates (exceto quando você tá perdendo e tem vontade de xingar as mães de todos os produtores, desde o principal até mesmo os tradutores).

Se puder, compre sem medo. Pokémon Black leva com louvor a nota máxima.

Avaliação do Jbox: 100%

Pontos Positivos: Trama mais elaborada que seus antecessores, Melhorias gráficas
Pontos Negativos:  É um jogo de nicho.