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Amigos, primeiramente vou confessar: não estou com a menor vontade de escrever a coluna. Sério, tá um calor desgraçado aqui no Rio, então deixa eu tomar banho…

Tomei banho, o calor ainda tá desgramado, mas vamos em frente…

Pra quem me acompanha no twitter, eu falei na sexta-feira que adquiri um MD Play. “Mas alface, o que picas é um MD Play?”. Calma gafanhoto, lhe respondo: MD Play é um portátil lançado pela Tectoy que roda jogos de Mega Drive. Na memória, ele contém 20 games, alguns, clássicos do console, como Golden Axe, outros, porcarias completas, mas ainda assim jogos do Mega Drive.

A Tectoy colocou uma entrada para os tais MD Cards, cartões com jogos que ela comercializaria para o portátil, só que bem… Os tais títulos do MD Card são ridículos, e não acrescentam em nada. E MAIS, o MD Card nada mais é que… Um cartão SD, então, o que o dono do MD Play faz? Isso mesmo, pega suas roms de Mega Drive e taca elas na pasta game de um SD Card qualquer e aí corre pro abraço.

Mas enfim, vamos falar do que interessa? O game dessa semana foi um dos que eu mais joguei na minha infância, e costumo jogar até hoje, trata-se de Gunstar Heroes.

Gunstar Heroes é criação da Treasure (empresa formada por ex-funcionários da Konami) e pertence ao gênero Run’n Gun, como Contra e Metal Slug. Ele saiu em 1993 para o Mega Drive, ganhou uma conversão bonita para o Game Gear, uma adaptação para PC’s no Japão em 2004 e reapareceu numa coletânea do PS2 da série Sega Ages 2500. Mas, cheguemos de falar sobre coisa irrelevante, e comecemos a falar sobre o jogo:

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Primeiramente, ele tem dois roteiros, um na versão japonesa e um da versão americana. De acordo com a americana, a dinastia Gunstar tem sido a protetora do planeta Gunstar 9 (G-9) por gerações. Na sua juventude, Dr. Brown derrotou Golden Silver, um andróide destrutivo que viajou milhões de quilometros para roubar todos os recursos do planeta. Dr. Brown foi capaz de extrair as Quatro Gemas Misticas, a fonte de poder do robô, e imprisionou-o em uma das luas de G-9.

Anos depois, uma nova ameaça aparece. Smash Daisaku, um ditador, descobriu que os Gunstars sabem a localização das Gemas Místicas. Daisaku sequestra o irmão mais velho de Gunstar, Green, e usa uma máquina de lavagem cerebral para fazer ele seguir suas ordens. Com a ajuda de Green, Smash Daisaku rouba as Gemas Místicas, transformando os droides trabalhadores de G-9 em ameaças mortais e agora está se preparando para embarcar para a lua de G-9 e re-ativar Golden Silver.

O roteiro da versão Japonesa é um tanto diferente*: O mundo estava próximo do fim. Uma organização maligna criou a arma suprema, Golden Silver, o deus da Ruína para destruir incontáveis cidades na Terra, atacando da Lua. Os Gunstars (Red, Blue, Green e Yellow – Nomes MUITO criativos) vendo a Terra se transformar num Inferno, decidiram agir e combateram o poderoso Golden Silver. No fim, eles conseguiram a vitória e para ter certeza de que ele não retornaria, eles selaram seu corpo na Lua e trancaram as 4 gemas que dão poder a ele em locais diferentes da terra.

Os Gunstars, levados ao limite, rezaram pela chegada de uma nova civilização, e hibernaram por um longo tempo. Todos, exceto um…
O tempo passou, e uma nova civilização surgiu na Terra. Uma lenda começou a se espalhar pelo mundo: “Ressucite o Deus que dorme na Lua e ele irá guiar os homens mais justos à Utopia”.

Grey, o comandante de uma ditadura que se auto denominava “Império” acreditou nessa lenda e tentou torná-la real. Então, ele mandou pessoas à Lua, numa espaçonave chamada Ark, para procurar as 4 gemas que invocariam o Deus. Foi quando o líder da busca, Professor Brown, descobriu algumas cápsulas, aonde os Gunstars dormiam.

Uma vez despertos, eles descobriram os planos do Império de reviver Golden Silver. O companheiro deles, Green, que eles lembravam de estarem juntos até o último momento antes de hibernarem, perdeu suas memórias e está ajudando o Império a ressucitar o Deus da Ruína.
“Não deixaremos tal tragédia acontecer de novo! Recuperaremos as gemas e iremos parar a ressurreição de Golden Silver” Uma vez que o Professor Brown ouve as palavras dos Gunstars, ele decide trair o Império e promete ajudá-los em sua luta.

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*O enredo da versão Japonesa de Gunstar Heroes é usado como base para Gunstar Super Heroes, sequência de Gunstar Heroes, para Game Boy Advance.

Enfim, o jogo é um Run’n Gun como dito alguns parágrafos atrás e o gameplay consiste em basicamente atirar em tudo o que aparece na sua frente, como já estamos carecas de saber em Contra, Metal Slug ou Sunset Riders. O que diferencia Gunstar Heroes dos demais é a quantidade absurda de inimigos na tela, e o sistema de armas.

O sistema de armas, você tem dois tipos de tiro, o fixo e o livre (escolhidos antes de iniciar a partida) e quatro tipos de armas. Você pode usá-las em separado, ou fazer combinações que permitem ter uma variedade imensa de tiros. Mas você não tem só tiros pra dar, é possível agarrar os inimigos, dar carrinho (DÁ CARRIM NÃO MAH) ou uma espécie de voadora. E isso adiciona muito ao gameplay do jogo.

A dificuldade não é nada branda, mesmo no Easy, as fases finais vão te arrancar o couro. Não é como Contra (a série), aonde seu personagem carrega o vírus Ebola e morre em contato com qualquer coisa, mas ainda assim é difícil, principalmente devido a quantidade de inimigos. E como são muitos, não valeria a pena o 1hit die dos Run’n Gun’s, então a Treasure colocou uma barra de vida (na verdade é número) para o personagem.

A escolha das primeiras fases é algo que é inspirado em Megaman, que você define a ordem que quiser, e dentre essas fases se tem algo que você irá lembrar, é a do Tabuleiro. Apenas jogue.

Graficamente, é muito competente, obrigado. Mesmo a paleta de cores do Mega Drive sendo menor que a do SNES, o que obrigava algumas produtoras a saturarem as cores de jogos do console, a Treasure optou por usar cores mais sóbrias ao invés do carnaval de um Sonic 3 da vida. Ainda assim, o visual é cartunizado, e para a época, lembra bastante a estética anime, algo que seria acentuado em sua sequência. E com toda a bagunça de personagens, é muito difícil dar um slowdown, coisa comum em jogos do gênero.

A trilha de Gunstar Heroes é muito competente. Para os entendedores de hardware sonoro de jogos, é sabido que o hardware do Mega Drive é inferior ao do SNES, é só pegar trilhas de jogos da época multiplataforma e comparar lado a lado. Fora que vozes digitais do Mega eram roucas. Raros eram os compositores da época que conseguiam trabalhar o hardware de maneira competente, posso citar aqui Yuzo Koshiro, mas não quero divagar em demasia. Aqui em Gunstar Heroes, as vozes são poucas, com aquela rouquidão clássica do Mega, mas as músicas, como eu disse, são bem trabalhadas.

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Finalizando, o multiplayer a dois de Gunstar Heroes é algo muito bom porque quando um dos jogadores morre, existe a opção de compartilhar o life do parceiro para continuar na jogatina, o que dá uma noção de parceiria, mas ao mesmo tempo pode rolar muita exulisse como já aconteceu comigo na infância em Super C do Nintendinho, mas isso é outro assunto.

Enfim, recomendo Gunstar Heroes, e recomendo sua sequência do GBA, Gunstar Super Heroes, porque valem a pena.

Avaliação do Jbox: 95%