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Benção e maldição. Assim podemos chamar as sequências de franquias famosas, pois aquilo que os jogadores adoraram num jogo pode ser preservado e ampliado, enquanto que as falhas e arestas ruins podem ser lapidadas, melhorando um produto.

Porém, algumas mudanças podem não agradar tanto, ou por serem radicais demais ao contexto de tal franquia, ou por serem mal executadas.

Você, jogador, como reagiria por exemplo, ao ver em God of War II, ao invés das trucidações e barbarizações de Kratos, o cara saltitando feito um bailarino e distribuindo florzinhas aos seus inimigos que morreriam de amores?

Ok, seria MUITO engraçado e eu gostaria mais do jogo, mas acho que me fiz entender, mas o caso é que a série Sonic The Hedgehog começou com um simples platformer de velocidade e ganhou ares (pequenos) de Exploração Urbana em Sonic Adventure no Dreamcast.

A temática urbana permaneceu, mas a exploração foi eliminada de Sonic Adventure 2, tornando o jogo mais dinâmico e menos enfadonho que seu antecessor, mas esbarrava basicamente em Eggman e Tails e seus estágios irritantes. Sim, odeio estes estágios mais que as caças ao tesouro de Knuckles/Rouge.

Depois tivemos Sonic Heroes, que era uma espécie de “volta as origens” na temática. Porém, o jogo esbarrou em problemas técnicos (não muito irritantes) e nas fases enooooooooooooooooooooooooooormes que possuia (isso irritava pra caramba).

Quando você leva 10 minutos para passar do primeiro ato sendo um jogador mediano na primeira vez que joga em um jogo do Sonic, é sinal de que algo tem errado.

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Em 2006, tivemos a premissa “E se Sonic fosse real?” com Sonic The Hedgehog e sua estréia na atual geração. Com um enredo digno de Final Fantasy (e mais adequado a um jogo da série da Square-Enix, diria eu) e conceitos bons com uma execução medíocre, o jogo foi duramente criticado com razão, pois quando de 30 minutos jogados, um terço são loadings e 1/6 são mortes por conta de má programação NA PRIMEIRA FASE, é porque algo está MUITO ERRADO.

Paralelamente tivemos no Wii, Sonic and The Secret Rings, que foi bem aceito pela mídia e jogadores da época, mas o título envelheceu rapidamente e pretendo falar sobre ele algum dia se alguém me der um Wii. XD

E em 2008, tivemos o anúncio de mais dois jogos do ouriço azul, Sonic Unleashed (que em breve pode ganhar uma análise aqui) que apesar dos pontos falhos (eu pensaria num jeito de substituir o Werehog pelo Knuckles e deixaria o jogo uma maravilha) é um título decente e Sonic and The Black Knight, que sairia no ano seguinte e seria criticado por não se parecer um jogo do Sonic. Crítica esta que acho injusta porque o game se trata de um Spin-Off com letras bem grandes, e aposto que se o MESMO fosse estrelado pelo Mario, a crítica estaria o louvando a vera. Pois é, assim é a vida.

Nos parágrafos anteriores, evitei falar sobre a situação do Sonic nos portáteis pois nela tivemos 8 jogos de plataforma com variados graus de sucesso (3 no Game Boy Advance, 3 no nintendo DS e 2 no PSP), um RPG no Nintendo DS feito pela Bioware (e que me dá um soninho gostoso sempre que jogo) e um jogo que mistura luta e elementos de RPG no Game Boy Advance (o bacana Sonic Battle).

E eis que num teaser misterioso, a Sega revelou Sonic The Hedgehog 4: Episode I, e a não ser que você seja um símio, sabe que este é o título que será analisado hoje. Será que ele vale a pena o investimento ou deve ser esquecido? É o que descobriremos hoje.

Antes de começarmos, vou explicar o motivo de ter evitado falar de Sonic Colors ou Shadow The Hedgehog. O primeiro, bem, foi desenvolvido paralelamente a Sonic 4 e eu estava seguindo mais ou menos a cronologia da série.

O segundo também é um Spin-off que eu não considero um jogo do Sonic, porque diabos, ELE NÃO É ESTRELADO PELO SONIC! E pretendo falar dele futuramente. Vamos com a análise de Sonic 4, saído pra PC, PS3, X360 e Wii (todos nas redes online).

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Esqueça tramas mirabolantes, esquemas de dominação do mundo ou pactos com criaturas ancestrais que podem destruir o mundo. Aqui, o que impera é a simplicidade. Após a destruição do Death Egg definitivo (e da máquina maníaca de Robotnick que carregava a Master Emerald), Eggman sobrevive e por algum motivo escuso não explicado, ele começa a capturar animais e os prender dentro de robôs ou em Capsulas estratégicamente colocados em locais diferentes de uma ilha bonita que deve ficar a uns dois quarteirões de distância da Angel Island.

Não sei se vocês perceberam, mas escrevi Robotnick e Eggman num mesmo parágrafo, acontece que já me acostumei a falar Eggman desde o Dreamcast, então é isso.

Voltando ao reino da realidade aqui no texto, Sonic mais uma vez, pretende por um fim as ambições de Eggman, seja lá quais forem, até o episódio seguinte.

Uma coisa que pode ser uma das bençãos ou maldições do jogo, dependendo do ponto de vista, é o seu progresso que exceto pelo primeiro Act de Splash Hill é completamente não-linear.

Após terminar o primeiro Ato de Splash Hill, durante a contagem dos pontos, uma mensagem dizendo (aperte o botão A – ou o equivalente no controle do PS3/X360/PC – para jogar no próximo ato) e caso não aperte, você será levado ao mapa mundi, aonde as quatro fases disponíveis no jogo estarão lá e será possível jogar qualquer uma delas na ordem que quiser (cada um dos 3 acts, exceto o do Boss, disponível após completar os 3 atos da fase), o que causa estranhamento. Mas é possível seguir de maneira linear, como descrevi aqui mesmo, sendo a ordem de progressão Splash Hill > Cassino Street > Lost Labirynth > Mad Gear.

Os estágios especiais estão de volta, e são mais ou menos parecidos com os de Sonic 1, inclusive as condições de como entrar neles é a mesma: consiga mais de cinquenta anéis, e ao cruzar a placa de fim de fase, pule no anél. E lá, a estrutura, como disse é mais ou menos igual a de Sonic 1, mas ao invés do estágio ficar girando sem parar e lhe causar uma epilepsia como no primeiro jogo, você controla a rotação do estágio com o direcional e com um botão (ou uma chacoalhada rápida do Wiimote por exemplo), pode dar uma mexida no estágio.

E neste labirinto deve se achar a Chaos Emerald, rotacionando e coletando o maior número de moedas e tentando chegar lá antes do limite de tempo acabar. E a questão das moedas é essencial, pois tem algumas barreiras que exigem uma certa quantidade delas para serem transpostas, e isso dá uma certa “adrenalina” aos estágios.

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As fases foram feitas mais como tributo aos dois primeiros jogos, inspirando-se em Green Hill, Casino Night, Labirynth e Metropolis, mas com novas sacadas e efeitos que a geração atual é capaz de permitir. E mesmo sendo inspirados, cada uma possui particularidades que mesmo sendo semelhantes, as tornam únicas em relação as suas fontes de inspiração.

Porém, toda essa inspiração acabou na hora de criar os chefes, já que são todos versões dos chefes de Sonic 1 e Sonic 2. Porém, eles pegaram emprestado um pouco do padrão de ataques criado na série Advance, que os faz mudar o tipo de ataque a partir de uma quantidade de dano recebida.

A jogabilidade é um misto do clássico com o moderno, com a progressão bidimensional clássica e adições como o Homming Attack, usado de forma semelhante a Sonic Unleashed (com a “mira”).

A física é um pouco estranha no início, mas é questão de se acostumar… E quem diabos vai ficar dando pulo pra frente e largando o direcional pra jogar? Isso pra mim é coisa de retardado, sempre joguei Sonic correndo em frente sem parar e agora não vai ser diferente.

Muitas das novidades em termos da jogabilidade, tem a ver com o Level Design, como no ato 2, de Lost Labirynth (World of Darkness), onde Sonic corre com uma tocha na mão e deve usá-la tanto pra acender Dinamites e desimpedir o caminho, quanto acender outras tochas pra resolver “puzzles” e ativar coisas. E por assim vamos nos outros estágios que sempre tem um elemento que o diferencia dos outros.

Um dos “problemas” do jogo é sua duração. Ele é curtíssimo, de fato, se jogado com afinco poderá ser terminado em uma tarde. Para quem gosta de disputas pelo menor tempo, pode ficar um pouco mais no time attack e tentar superar outros jogadores pela Leaderboard, única coisa de Online que o jogo oferece.

Uma coisa não muito boa do game que remete aos clássicos, são alguns bugs que parecem não querer sair do Sonic em 2D (mas que inexplicavelmente não existiram nas interações de DS) e causam mortes bobas, mas como é MUITO FÁCIL ganhar vidas aqui, isso não chega a ser um problema grave.

O visual do jogo é bom, não é tão colorido em excesso quanto Sonic Colors, mas seus cenários possuem um ótimo visual e detalhes de fundo sensacionais. Cada cenário, apesar de remeter a Sonic 1 ou Sonic 2 contém elementos únicos em cada Act que diferenciam e ajudam a deixar um pouco de lado a sensação de Deja Vu.

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Esqueçam os sprites, aqui, tudo é na base dos polígonos, Sonic está bem construído, embora as vezes pareça desengonçado dependendo do quão crítico é seu olho. Os badnicks são os clássicos, então você vai se sentir em casa, e longe daqueles robôs genéricos que infestam a série desde Sonic Adventure 2.

O mesmo cuidado infelizmente não foi dispensado aos estágios especiais, que apesar de não causarem eplepsia como em Sonic 1, podem causar sono como Sonic Chronicles, de tão sem sal que são. Simplesmente é um fundo com uns efeitos que qualquer mameluco que está aprendendo a usar o After Effects ou Photoshop consegue fazer.

A trilha Sonora de Sonic 4 não é ruim. Apesar de não fazer frente as composições clássicas, a maioria delas soa bem aos ouvidos, o que mostra que pelo menos o departamento de som da Sega sabe o que faz. A exceção fica novamente por conta da música do Special Stage, que complementa o tom insalubre do mesmo. De resto, efeitos e músicas estão bons.

Finalizando, Sonic 4 Episode I é uma experiência rápida. Muito rápida, mas não no sentido de velocidade, mas de duração do jogo.

Como é um título que será distribuído de forma episódica, pode até valer a pena o investimento. Entre erros e acertos, há de se convir que a Sega estava no caminho certo, e lapidou muitas das coisas no Episode II de Sonic 4, mas isso… É outra história.

Avaliação do JBox: 88%