Entrou hoje (06) no catálogo da Netflix o filme Corações Sujos (2011, Kegareta Kokoro em japonês), baseado no livro-reportagem de Fernando Morais, publicado em 2000 pela Companhia das Letras.

Com direção de Vicente Amorim (A Princesa da Yakuza), a trama aborda a organização real Shindo Renmei, criada no interior de São Paulo na década de 1940 por imigrantes japoneses.

imagem: tela da série na Netflix

Página da série na Netflix (clique na imagem para acessar). | Imagem: Reprodução/Netflix.

Quando o Brasil entrou oficialmente na 2ª Guerra Mundial, em 1942 (durante a Era Vargas), foram proibidos os idiomas de países do Eixo por aqui — italiano, alemão e japonês — e, com isso, nenhum material falado ou escrito nessas línguas ou vindo desses países poderia circular mais no Brasil. Foi nessa época que, por exemplo, o Palestra Itália virou Palmeiras e o colégio paulistano Deutsche Schule virou Porto Seguro.

O problema para a comunidade japonesa e nipo-brasileira é que boa parte dos imigrantes e seus descendentes se informavam por meio de jornais japoneses ou escritos em japonês. Quando o Japão se rendeu em 1945, parte da comunidade não acreditou: achavam ser “fake news” dos EUA pois o Japão “jamais perderia”.

Assim, a comunidade ficou dividida entre os que acreditavam nas notícias sobre a derrota e rendição do Japão e os que não acreditavam. Alguns membros mais fanáticos da Shindo Renmei cometeram assassinatos violentos contra japoneses e descendentes que acreditavam na derrota japonesa por considerá-los “traidores da pátria”. Foram 23 pessoas mortas e pelo menos 147 feridas.

O filme saiu por aqui em 2011 no Festival do Rio, ganhando lançamento amplo em 2012 nos cinemas nacionais e também nos cinemas japoneses.


Fonte: Netflix