Para quem vê de longe, talvez seja difícil entender o sucesso de Chainsaw Man pelo mundo. Mesmo pensando em obras que são um absurdo de popularidade como Kimetsu no Yaiba, o estouro principal veio depois da série já ter adaptação para animê, mas não é o caso do mangá do Homem Motosserra.

Chainsaw Man começou a ser publicado em 2018 nas páginas da Shonen Jump, a revista de mangás mais popular do Japão (e, provavelmente, do mundo). Apesar de ter tido um início mais “tímido”, logo caiu no gosto do público e se tornou um fenômeno, ganhando diversos prêmios. Prêmios não só no Japão, mas também internacionais, ou seja, a obra já é um fenômeno mundial.

No início de Chainsaw Man conhecemos Denji, um rapaz pobre que certo dia se funde com seu cachorro-motosserra, Pochita, acabando assim se tornando parcialmente um demônio, o Demônio da Motosserra. Com seus novos poderes, ele começa a trabalhar como um Caçador de Demônios na cidade grande.

Quando conhecemos Denji, talvez seja compreensível a identificação com personagem: o protagonista alcança principalmente o coração de grande parte do público jovem masculino, que deseja coisas simples como dinheiro e se relacionar com alguma mulher. Esse é o resumo mais direto e óbvio de Denji. No entanto, personagens assim podem ser encontrados em várias outras obras, principalmente em comédias românticas no estilo harém. Qual seria, por exemplo, a diferença inicial entre Denji e Kazuya, protagonista de Rent-a-Girlfriend? Praticamente nenhuma. Então qual é o “tcham” de Chainsaw Man?

imagem: quadro do mangá com denji com pochita nos braços dizendo "se sonhos pudessem se tornar reaidade, queria abraçar uma garota antes de morrer...".

Reprodução: MANGA Plus.

Apesar de ter uma premissa inicial que o faz parecer apenas mais um entre tantos, o mangá conquistou muitos públicos, sendo digno do título de “Norvana” da nova geração. Além do público jovem que se enxerga no Denji, há vários outros que foram conquistados por aspectos distintos.

Os mais comum são aqueles que amam os personagens como um todo, que também são bastante apelativos ao público mais novo, e, embora a maior parte deles ainda talvez se identifique com o Denji, encontramos personagens como Makima, Power, Aki e Demônio Anjo sendo apreciados por diversos leitores que não parecem ter uma questão de identificação com eles — talvez valha pontuar que, no caso de Makima e Power, as duas atraem leitores que provavelmente as encaram como “mulheres desejáveis”, seja pela aparência ou personalidade de ambas.

imagem: makina e chainsaw man em ilustração do mangá.

Reprodução: Shueisha.

Outro público que ama Chainsaw Man é o pessoal mais “cult”, já que na narrativa do mangá é possível observar críticas de vários aspectos sociopolíticos, principalmente em questões ligadas com a violência. Em diversos momentos, o mangá traz elementos mais abstratos para contar sua história, algo que o autor Tatsuki Fujimoto costuma usar bastante em suas histórias, e isso também cativa a atenção dos leitores mais críticos já que são coisas que abrem mais espaço para uma interpretação mais densa.

Ainda há aqueles que gostam de Chainsaw Man pelas constantes referências à cultura pop, que conquistam principalmente o público internacional. Em minha opinião, o grande destaque fica para o capítulo Sharknado, onde basicamente vemos cenas que poderiam ser muito bem tiradas de qualquer filme da franquia.

Por fim, temos o mais óbvio: Chainsaw Man é um “mangá de lutinha”, então claramente existe destaque também para esses momentos, mas eu particularmente não acho que o título se destaque tanto nesse aspecto na maior parte do tempo, ainda mais que muita coisa acaba sendo um tanto confusa nas cenas de ação da obra.

imagem: personagem dizendo "o futuro pica";

Reprodução.

Trazendo o foco para o Brasil, Chainsaw Man tem um caso especial com os brasileiros, sendo fonte de uma quantidade imensa de memes, falas que já se tornaram marcantes no imaginário otaku e também… brigas entre grupos de tradução e fãs.

A chegada não-oficial de Chainsaw Man em português veio com muitas polêmicas. A tradução que acabou ficando mais conhecida chegou com adaptação de diálogos feita de forma muito misógina e homofóbica, além de até mesmo alterar alguns quadros da obra para fazer referências ao cenário nacional, como latas de Pitu e garrafas de cachaça 51 substituindo desenhos da versão original.

Outra coisa que pelo o que essa scan ficou bem conhecida foi pela frase “o futuro é pica!”, que não é exatamente problemática em si, mas se tornou basicamente um bordão de quem defende as alterações no roteiro em prol do “humor” dessa tradução. Felizmente há quem use a frase de forma mais inocente, ainda mais porque acabou de fato sendo uma boa adaptação.

Falando em bordões, diversos memes de Chainsaw Man repercutem até hoje, então há um enorme movimento nas redes sociais a cada capítulo novo da obra. Mais recentemente, algumas montagens com personagens de Chaves discutindo Chainsaw Man ou alguma oneshot de Tatsuki Fujimoto se tornaram um grande sucesso no Twitter, gerando frases que acabaram se tornando bem populares, como as “pedradas do Fujimas”.

imagem: o homem motosserra em trailer do anime.

Reprodução: MAPPA.

No geral, ainda é um tanto absurdo pensar como Chainsaw Man já se tornou tão vivo no imaginário otaku o mangá ainda não ganhou um animê, mas já consegue um engajamento de animês com temporadas de sucesso a fio. Claro, ser uma obra da Shonen Jump e a facilidade de acesso ajudam bastante, mas ainda é de impressionar o que Chainsaw Man já alcançou e o que provavelmente ainda vai alcançar, principalmente com a estreia da adaptação animada em outubro.

Com tudo que a obra já conquistou, espera-se que o animê de Chainsaw Man alcance públicos ainda maiores. Talvez ele não consiga o mesmo impacto no Japão que um Kimetsu no Yaiba da vida teve, porém o potencial para conquistar o resto do mundo é bem mais forte que qualquer outro animê em muito tempo e o que o mangá já conseguiu está aí para provar isso.

Para quem quiser entrar nessa loucura de forma oficial, o mangá de Chainsaw Man está sendo lançado no Brasil pela Panini e também com tradução oficial em português no MANGA Plus (que começou a partir da segunda parte da obra). O animê irá estrear em outubro na Crunchyroll, com, inclusive, dublagem em português já confirmada.


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