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O fenômeno que Os Cavaleiros do Zodíaco desencadearam no Brasil a partir de 1994 marcou não só a maneira como lidamos com cultura pop japonesa, como também a carreira de vários profissionais.

Ao longo desses 20 anos, músicos, dubladores, editores, empresários, jornalistas e muitos outros cargos viram Seiya e seus amigos como um importante papel em sua trajetória.

Pensando nisso, o JBox reuniu alguns nomes importantes na história da série no Brasil pra contar um pouquinho mais da relação que tiveram e como guardam isso para sempre na memória. Estendemos a homenagem do sucesso de Saint Seiya a essas figuras, que estão marcadas para sempre no legado dos defensores de Atena em nosso país.

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Quando CDZ estreou no Brasil, eu sinceramente não me interessei. Assisti vários episódios, até gostava de algumas coisas, mas no geral não conseguia sentir empatia pela série. Não gostava da narrativa, dos diálogos, do modo visceral do drama. Quando fui chamado para o projeto da revista Herói, perguntaram se eu conhecia o desenho. A única coisa que eu tinha eram duas ou três edições da Shonen Jump com o mangá de CDZ. Uma imagem da Jump acabou entrando na histórica Herói n. 01, que teve a matéria de capa escrita pelo Odair Braz Junior, se não me engano. Só no número 2 apareceu o especialista no tema, o Marcelo Del Greco.

Posso dizer que, mesmo sem ser um curtidor desse animê, CDZ mudou minha trajetória profissional. Afinal, com a febre enlouquecedora de CDZ, a Herói vendia centenas de milhares de exemplares toda semana. E os Cavaleiros ocupavam apenas 6 a 8 páginas de cada revista. O resto eram matérias sobre quadrinhos, filmes, seriados e desenhos em geral. E eu sempre tinha uma boa cota de matérias sobre produções japonesas. Foi graças a CDZ que eu tive espaço para falar sobre Super Sentai, Metal Heroes, Kamen Rider, Sailor Moon, Patrulha Estelar e uma infinidade de títulos, entre material antigo e coisa contemporânea. A Herói recebia centenas de cartas por semana, a garotada ligava pra redação perguntando sobre os próximos episódios (não havia internet naquela época), e o Del Greco e eu, que respondíamos pelo material japonês, tivemos um momento de popstar, com meninas telefonando, mandando cartas e fotos… Escrevíamos sobre assuntos que gostávamos e éramos pagos para isso. Foi divertido, e só agora podemos ver tudo com perspectiva. Na época, era uma correria só.

Não há o menor padrão de comparação, em termos de popularidade, com as revistas que disputavam o segundo lugar no segmento e também é incomparável com a internet. Em sites e blogs, muita gente só passa os olhos por uma página, não lê até o fim, dá uma curtida e compartilha. Depois esquece. Quando a informação vinha em revistas que eram compradas, havia uma fidelização, as pessoas liam tudo, aguardavam ansiosamente a próxima edição, comentavam, escreviam cartas para levar até o correio… Eram outros tempos, sem falar que conseguir informação era muito mais difícil. Não era melhor nem pior antes, apenas diferente, com sensações e prioridades diferentes. E eu certamente adoro a praticidade de hoje em dia. Mas voltando ao tema, se eu consegui construir uma carreira paralela à de desenhista como redator especializado em cultura pop japonesa, devo isso a CDZ. O Cosmo realmente brilhou forte naquele tempo.

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Bom, Cavaleiros do Zodíaco é uma das razões de eu trabalhar com isso hoje. Sempre fui fã de desenhos japoneses como Fantomas, A Princesa e o Cavaleiro, de Ultraseven, e também leitor de HQs em geral. Claro que nos anos 1990 fiquei viciado em Cavaleiros e passei a querer ver ainda mais animês e saber dos mangás. Eu tinha toda a séria em VHS gravada da TV. E então tive a sorte de ser o primeiro editor do mangá de CDZ no Brasil e, mais sorte ainda, de, por enquanto, ser também o último (ou mais recente, pelo menos). Editar cavaleiros duas vezes em duas editoras diferentes é uma honra pra mim.

[Sobre o convite para editar o mangá] Sou jornalista formado, já tinha trabalhado na Abril Jovem e estava em uma assessoria de imprensa quando fui convidado a trabalhar na Conrad pra lançar a linha de mangás deles. Aceitei e, pra minha surpresa, descobri que os títulos eram Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco. Confesso que pulei de alegria na hora. Foi realmente incrível, e um grande desafio.

A gente fazia as capas das edições pares da coleção em meio tanko com imagens em cromos mandadas pela Shueisha. Mas chegou uma hora que as imagens acabaram, então pedimos para a Shueisha deixar a gente pegar imagens em PB do miolo e colorir. Eles toparam e o Denis Takata, que hoje também trabalha comigo aqui na JBC, coloriu várias capas que acabaram ficando bem legais e exclusivas da nossa coleção da Conrad.

Guardo com muito carinho o momento que saiu a primeira edição da Conrad, e agora, 3 meses atrás, quando saiu a última da JBC.

Cassius Medauar – Editor sem orelha e namorado da Marin.

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Cavaleiros do Zodíaco foi um marco não só na minha vida como também na de muita gente. No meu caso, a série ainda teve um grande impacto na minha carreira profissional. Eu havia me formado em Jornalismo havia uma semana e fui chamado para começar a escrever para a Herói – isso em dezembro de 1994. Meu primeiro texto assinado saiu na edição 2, sobre a Shina de Cobra, na última página – embora eu tenha quase que ditado toda a matéria de capa.

Por conta do sucesso de Cavaleiros e do sucesso da Herói dediquei minha carreira a esse universo. Vinte anos depois, fui responsável pela tradução da redublagem da série e da versão em português do arco do Santuário da Saga de Hades e do filme Prólogo do Céu, tudo na Álamo. Depois, já na DuBrasil, fiz as fases Inferno e Elísios (que finalizam o capítulo do Imperador do Inferno), mais os dois anos do The Lost Canvas, a primeira temporada do Ômega e, este ano, o novo longa A Lenda do Santuário. Além disso, editei a versão da JBC do mangá original, toda a série The Lost Canvas e ainda colaboro com o Next Dimension. Ou seja, só tenho boas lembranças de Cavaleiros do Zodíaco.

O curioso é que mesmo antes de eu me envolver com Cavaleiros, a série já tinha ligação com a minha família. Quando ela foi trazida pela Manchete, meu pai era o Gerente do Comercial da emissora e foi um dos responsáveis pela chegada dela. O contrato com a Samtoy foi feito por ele porque envolvia o departamento comercial, não só o de cinema. Se não me engano, os primeiros 52 episódios custaram 500 créditos. Isso significava que a empresa de brinquedos recebeu em espaço publicitário para anunciar os bonecos que viraram febre no Natal de 1994.

Quando a Herói começou, eu tinha uma ou outra informação privilegiada graças ao meu pai, mas eram coisas do tipo “quando os novos episódios seriam exibidos”, “em qual programa” e coisas assim. Numa época ainda pré-internet, para assistir os capítulos antes de irem ao ar para fazer as matérias, tive de rebolar. Eu tinha dois canais para isso. O primeiro foi descobrir junto de alguns amigos colecionadores de séries algumas locadoras na Liberdade que tinham material da série em VHS. Em uma, encontrei a Saga do Santuário, em uma outra o filme do Abel, na outra o de Odin e assim por diante. Foi assim que reuni um grande material para usar de referência para as matérias.

O outro caminho que corri atrás foi ir na Gota Mágica, onde Cavaleiros era dublado. Naquele tempo não era complicado entrar em um estúdio de dublagem… era EXTREMAMENTE difícil botar o pé dentro de um, quiçá falar com algum dublador. Mas graças ao Mário Lúcio de Freitas, que era um dos donos da Gota, e ao Gilberto Baroli, diretor de dublagem da casa e eterno Saga de Gêmeos, pude passar quase dias inteiros dentro do estúdio acompanhando os trabalhos de dublagem. Foi quando conheci todo o elenco da série, fiz um monte de entrevistas com eles, aproveitei para expandir as perguntas para outros personagens famosos que cada um tinha feito e tals. Acho que ali foi o pontapé inicial para o surgimento dos fãs desses grande profissionais que até então eram famosos anônimos. Mas com o acesso à Gota Mágica, passei a ver os episódios dublados bem antes de irem ao ar e ainda fazer alguns ajustes na tradução.

Eu fiquei tão amigo do pessoal da Gota naquela época que o Baroli me passou um freela para escrever episódios para o Tele 900 dos Cavaleiros do Zodíaco. Acho que fiz uns dez. Para mim era uma grande emoção ver os meus ídolos interpretando textos meus. Na verdade, até hoje, a cada série que participo da dublagem, quando assisto o trabalho pronto, com todas as vozes, é impossível não me comover. Nessas horas meu lado fã grita… Hehehehe…

Para finalizar isso que era para ser um pequeno depoimento e virou uma biografia, a versão em português de Pegasus Fantasy foi feita por umas seis pessoas diferentes, mas posso dizer que a frase “Faça elevar o cosmo do seu coração” é minha. ^__^v Também quero aproveitar para agradecer a todos que me acompanham desde a Herói, da Henshin até hoje com meu trabalho nos mangás da Nova Sampa. Meu muito obrigado a todos!!!

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Não houve um convite [para fazer a trilha], pois fomos nós que criamos o produto, com a parceria da Samtoy, e o comercializamos com a Sony. Também dublamos a série e fizemos os comerciais de TV, Disc 900, shows em circo, etc. A intenção sempre foi fazer um produto totalmente brasileiro, como fizemos com outras séries que cuidamos (Guerreiras Mágicas, Bananas de Pijamas, Chaves etc).

Foi um marco em minha carreira. Nunca houve um sucesso igual àquele com este tipo de produto. A Manchete tinha média 3 no Ibope, e ele dava 13.

Eu estava me desligando de meu primeiro estúdio (Marshmallow) e construindo o segundo (Gota Mágica), mas ainda gravando num dos estúdios da Marshmallow. Então não estava procurando trabalhos longos. Foi quando alguém que eu não conhecia me procurou pedindo orçamento para a dublagem de uma série que seria trazida para o Brasil por uma firma espanhola. Tentei não fazer o trabalho, cobrei até um pouco acima do mercado, para cair fora, mas surpreendentemente a Samtoy insistiu comigo e acabamos fazendo. Parece que ela estava certa, né? rsrsr

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Cavaleiros do Zodíaco foi muito importante na minha infância, por ser o primeiro contato que tive com os temas que a série aborda com força. Aspectos como a força de vontade, a perseverança e a amizade são mensagens que a série me entregou e eu carrego comigo até hoje. E hoje tenho a felicidade de comunicar as mesmas mensagens a uma “Nova Geração” de fãs brasileiros.

Lost Canvas foi uma oportunidade que aconteceu na hora certa e contou com um uma pitada de sorte. Havia pouco tempo que uma notícia tinha sido desmentida a respeito de uma suposta exibição do tema em português em algum lugar, já que a dublagem da série ainda não havia começado. Depois de saber disso corremos muito atrás dos responsáveis no Brasil e no Japão e, após algumas demos e bastante ajuda de diferentes amigos, felizmente tudo aconteceu. Logo depois fizemos o trabalho com Dragon Ball, e esse repercutiu tão bem que gerou o convite para o Ômega e o apoio para iniciar o CAVALEIROS: IN CONCERT na música “Nova Geração”.

Já são quase seis anos seguidos trabalhando com a série e temos muitas histórias, com certeza. Certamente os momentos que guardo com mais carinho são aqueles em que podemos trocar boa energia com o público, que na maioria das vezes nos deixa às beiras das lágrimas. Curioso é que recentemente, estando em conjunto com os demais cantores da série no IN CONCERT, a gente observa como cada um toma uma função diferente naturalmente: um acaba puxando o aquecimento do grupo todo, outro se concentra em montar o set-list etc.

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Confira o depoimento em vídeo clicando aqui.

Eu gravei a primeira trilha, em 1995, com meu querido Willian, mas não era pra ter sido bem isso. Eu entrei pra gravadora Sony Music pra representar a nova formação do grupo Trem da Alegria (bem como o Willian). Mas por algum motivo não deu certo, desistiram do projeto e surge a dupla Larissa e Willian cantando os temas principais de Os Cavaleiros do Zodíaco.

Ser a representante oficial de Cavaleiros do Zodíaco no Brasil não é fácil. É uma responsabilidade muito grande, porém um orgulho e uma honra, que equivalem à responsabilidade. Mas ao longo desses 19 anos, sendo 20 anos de Cavaleiros no Brasil, eu adquiri uma bagagem e uma experiência muito grande e só tenho a agradecer. Graças a Cavaleiros do Zodíaco eu tive a oportunidade de ser dirigida por um cara o qual sou fã até hoje, uma das personalidades mais marcantes da música popular brasileira que é o Michael Sullivan. Entre outras figuras ilustres que eu tive a oportunidade de conhecer, de trabalhar, de conhecer de perto o trabalho. Além de tudo, ter a possibilidade de ser querida por pessoas que eu sempre fui muito fã e saber que algumas personalidades, que eu era fã, também eram fã do meu trabalho, isso de fato não tem preço.

Queria muito agradecer ao carinho de todo público. É graças a vocês que eu posso dizer que sou a representante oficial no Brasil das animesongs de Os Cavaleiros do Zodíaco. Só tenho a agradecer ao carinho que vocês me recebem sempre por todas as cidades por onde eu passo, que acompanham os shows, que compram seus ingressos pra conferir de perto esse meu trabalho que faço há tantos anos. Essa bandeira eu faço questão de carregar pro resto da vida e que venham mais 20 anos! Que venham agora os 40 anos de Cavaleiros, que Deus me permita ter saúde pra continuar trilhando esse caminho e emprestando um pouquinho da minha voz pra esse anime que é tão fantástico!

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Sou um publicitário, que atua no setor de licenciamento há mais de 30 anos. Em 1999, fui responsável por criar a empresa DALICENÇA – que pertencia ao Grupo Mauricio de Sousa. Nesta empresa, iniciamos com algumas marcas, porém a nossa principal prioridade foi o contrato firmado com a TOEI ANIMATION, em 1999.

Nossa grande realização foi com Digimon, onde começamos em janeiro de 2000 a preparar o mercado brasileiro para a chegada da série em junho na então Fox Kids e 3 meses depois na TV Globo. A repercussão foi tanta que a TV Globo fez um acordo com a FOX, e ambas estrearam no mesmo mês. O resultado foi uma subida na audiência no então “Programa da Angélica” (Bambuluá) de 3 pontos para mais de 15 na época, e mais de 45 contratos de licenciamento assinados em menos de 1 ano.

Em 2001, a Toei nos chamou para iniciar o planejamento de mais um lançamento para o ano seguinte, para que continuássemos o sucesso obtido nos primeiros anos de trabalho. A série escolhida foi SAINT SEIYA. O problema começou quando as “masters dubladas” em português simplesmente sumiram. Acredita-se que ficaram perdidas na “massa falida” da extinta TV Manchete. E até hoje, ninguém sabe onde foram parar.

Isso demandou uma negociação muito difícil e extremamente demorada com a Toei Animation, para que a verba para uma nova dublagem fosse liberada, pois o custo era muito grande e fugia de qualquer orçamento pré-estabelecido pela empresa japonesa.

Assim, começamos a preparar todo um cenário para o relançamento da série no Brasil. Jamais um trabalho de bastidores tão forte havia sido realizado, levando inúmeros profissionais em torno de uma série animada, com destaque na mídia para os produtores, cantores, dubladores, estúdio de dublagem e todo o processo em desenvolvimento. Traduções foram refeitas, acompanhamento diário em sites, blogs, etc.

O resultado foi fantástico.

Porém, a comercialização dos direitos para exibição no Brasil para a TV aberta se arrastou muito tempo, para que os acertos fossem concretizados. Pelo fato da série ter 114 episódios e a Toei, além de estabelecer um preço mínimo por episódio relativamente alto e somente concordar com a “venda” de todos os 114 episódios, fez com que CDZ fosse uma das séries mais caras do mercado, comercializada até então.

O acordo com a TV Bandeirantes foi firmado e a exibição se iniciou, elevando a audiência no dia de estreia de simples 1,5 ponto para mais de 8 pontos de média, com picos de audiência bem acima disto. Um fenômeno.

Após uma estreia fantástica, viabilizamos inúmeros contratos com empresas fabricantes e distribuidoras de produtos. O principal foi com a empresa LONG JUMP, que importou e distribuiu oficialmente mais de meio milhão de bonecos da BANDAI no Brasil. Teve até lista de espera em algumas lojas, como A MINIATURA do Shopping Ibirapuera.

Também na época, foi realizado o evento CAS – Cavaleiros Anime Show – comemorando o retorno da série no Brasil.

A manutenção da exibição na TV aberta infelizmente não foi das mais positivas, com mudanças de horários repentinas e limitação do sinal apenas para algumas cidades. O resultado foi o esfriamento natural dos negócios e audiência, resultando em um sumiço das telas.

CDZ é o título mais importante internacionalmente, e para a Toei, o Brasil é um dos principais países para esta série. Alguns novos lançamentos com tentativa da “atualização” da linguagem foram realizados, mas com sucessos apenas razoáveis.

Agora, a Toei realmente direcionou a linguagem visual e elementos para um mercado onde o fã clássico aprova, e com grandes possibilidades de atrair uma “nova legião de fãs” (exatamente como aconteceu há 20 anos no Brasil).

OS CAVALEIROS DO ZODÍACO – A LENDA DO SANTUÁRIO – marca uma nova época para CDZ no mundo, e em especial para o Brasil. Deve ser a grande retomada do sucesso.

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Cavaleiros do Zodíaco representa um marco na minha carreira. O momento em que o profissional de televisão toma a decisão certa na hora exata! Não importando se vai ser difícil ou não. Acreditar em um produto, mesmo que a primeira impressão leve você a pensar que este seja inadequado. Insistir naquilo que seu feeling indica como sucesso. Com certeza, Os Cavaleiros do Zodíaco mostrou que a função do responsável pela aquisição de produtos para TV é mais séria do que muitos pensam. Agradeço muito a Rede Manchete por ter me dado a oportunidade de mostrar meu profissionalismo e de ter acreditado no meu trabalho.

Foi um mérito do comercial da Rede Manchete. Eles trouxeram o licenciador que representava os produtos (brinquedos) no Brasil e fizeram um ótimo acordo de permuta. Funcionou, perfeitamente, para ambos os lados. Tenho a honra de dizer que fui o responsável pelo parecer artístico que tornou essa negociação viável, pois, sem ele, Cavaleiros talvez fosse rejeitado, assim como já havia sido por outras emissoras.

Os momentos que guardo com carinho em minha memória são os depoimentos dos inúmeros fãs que encontro, agradecendo a infância feliz que tiveram. Sem dúvida é a maior emoção sentir nos olhos deles a felicidade que meu trabalho gerou. Isso não tem valor!

Mas se falarmos de fatos curiosos, destaco dois ocorridos por ocasião da saída de Cavaleiros do ar. A carta de um menino que rezava que eu morresse atropelado quando eu voltasse para casa (medo) e uma mãe, enfurecida, que me ligou para que eu convencesse sua filha de 5 anos a voltar a comer! Com certeza isso, também, vai ficar para sempre na minha memória! Rsrs…

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Cavaleiros do Zodíaco é um fenômeno que vem impressionando a todos nos últimos vinte anos. Acho que jamais haverá outro anime que desperte tanto interesse como ele. Foi fundamental para a Dublagem brasileira porque a partir de CDZ é que os dubladores “apareceram”. Tem um valor especial pra mim também porque meu personagem é um dos mais queridos – se não for o mais querido de todos – e eu acabei ganhando muitos amigos por tabela por conta disso. Participei de 106 eventos de anime até hoje e devo muito ao Shiryu.

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É uma honra fazer parte dessa história. Graças a CdZ conheci o Brasil inteiro e fiz uma porção de novos amigos. É um dos trabalhos mais importantes da minha carreira.

[Sobre a escolha para ser o Seiya] O dono do estúdio deixou o diretor da série escalar todo o elenco, com exceção do Seiya e da Saori. Pois como o diretor era meu pai e da Letícia, o Mario Lúcio, dono da Gota Mágica, sabia que meu pai não nos escalaria e ele achava que éramos perfeitos pra esses papéis. Então ele entregou a série com estes personagens escalados e meu pai escalou o resto do elenco.

Todos os eventos que participei me proporcionaram momentos especiais. Poder encontrar com os fãs e ouvir deles o que os agrada e o que os desagrada é essencial para um diretor. E CDZ nos proporcionou isso.