Com exatamente 1 ano de atraso, os Jogos Olímpicos de Tóquio finalmente tiveram início — o que não deixa de ser bastante discutível, já que a pandemia ainda não parece nem perto de chegar ao fim.

A cerimônia de abertura ocorreu na manhã desta sexta-feira, segundo o horário de Brasília. Ao longo de 17 dias, o evento contará com mais de 11 mil atletas, divididos entre 206 nações participantes.

E se nos últimos dias vimos a mídia mainstream, seja na TV ou na internet, dedicar parte de sua atenção aos diversos elementos que formam as múltiplas culturas presentes no país insular (ou pelo menos tentar), os sites de cultura pop japonesa aproveitam a deixa para falar sobre um tema que, aos poucos, vem se tornando mais frequente no mercado brasileiro: os mangás de esporte.

Nessa lista, separamos 1 título para 9 das 46 modalidades que farão parte da Tóquio 2020 a fim de ajudar os fãs de mangá a conhecê-las, ou atrair ao nosso universo aqueles que já acompanham os esportes mencionados.

Segue a lista:

Atletismo: Run with the Wind

Kaze ga Tsuyoku Fuite Iru

Imagem: Banner de 'Run With the Wind'.

de Shion Miura e Sorata Unno

2007 | Inédito no Brasil | Shueisha | 6 volumes | Concluído no Japão

Criado originalmente como romance, em 2006, por Shion MiuraRun with the Wind (Kaze ga Tsuyoku Fuiteiru) foi adaptado para mangá no ano seguinte, pelas mãos de Sorata Unno, antes de ganhar um filme live-action em 2009 e finalmente a série animada em 2018.

A primeira cena do mangá mostra Kakeru Kurahara, um ex-corredor de elite no ensino médio, numa veloz fuga à pé depois de roubar comida. Kakeru acaba se safando com a ajuda de um estudante da Universidade Kansei, Haiji Kiyose, que também corria na escola, mas acabou sofrendo uma grave lesão que o afastou das pistas de atletismo. Impressionado com a velocidade de Kakeru, Haiji convence o garoto a morar com ele na Pensão Chikusei, onde planeja juntar 10 corredores para a Maratona de Hakone Ekiden, uma das corridas universitárias mais importantes do Japão.

Embora o mangá não esteja disponível no Brasil, os 23 episódios animados pelo Production I.G (o mesmo de Haikyu!!, Kuroko no Basket e tantos outros), com direção de Kazuya Nomura, estão legendados na Crunchyroll, além do Hidive

A animação é um deleite de tão bonita e a atmosfera agradável típica dos shounens esportivos é capaz de cativar qualquer um. Prato cheio para os fãs de atletismo (ou para quem quer conhecer um pouco do esporte, que é uma das modalidades fundadoras das Olimpíadas).


Basquete: Slam Dunk

Imagem: Banner de 'Slam Dunk'.

de Takehiko Inoue

1990 | Editora: Panini | Licenciante: Shueisha | 24 volumes (edição especial) | Concluído

Slam Dunk é considerada por muitos a maior obra de Inoue, que também é autor de Vagabond e Real, e é, seguramente, a mais aclamada série de esporte da história dos mangás. Publicado originalmente entre 1990 e 1996, pela Shueisha, foi responsável por uma grande onda de popularização da modalidade no Japão, onde o basquete tinha pouca tração comparado a outros esportes americanos.

O título ficou em 3º lugar na pesquisa sobre os 100 mangás mais populares do Japão promovida pela TV Asahi, no fim do ano passado. Completo em 31 volumes, o título teve duas passagens pelo Brasil. Em meados de 2005, foi publicado pela Conrad, em versão tankobon. De 2016 a agosto de 2020, a obra foi relançada pela Panini em formato kanzenban, dessa vez totalizando 24 encadernados — a coleção conta com grande parte dos volumes esgotados, infelizmente.

A série também rendeu uma animação de 101 episódios produzida pela Toei, que não adapta todo o mangá e possui final em aberto, além de 4 OVAS contando eventos extras em relação à trama original.  Em janeiro, um longa animado foi anunciado, ainda sem muitos detalhes.

A história gira em torno de Hanamichi Sakuragi, um típico colegial delinquente de cabeleira ruiva. Seu comportamento questionável esconde a frustração de quem não aguenta mais ser preterido pelas colegas da escola, que preferem os esportistas. No entanto, as coisas começam a mudar quando ele se apaixona por Haruko, que sugere que ele entre no time de basquete do colégio Shohoku. Sakuragi enfim consegue entrar no time e dá início à sua jornada representando a escola no campeonato nacional.


Beisebol: Touch

Imagem: Banner de 'TOUCH'.

de Mitsuru Adachi

1981 | Inédito no Brasil| Shogakukan | 26 volumes | Concluído

Seriado de 1981 a 1986 na revista Shonen Sunday (Shogakukan), Touch é um dos mais notáveis títulos de esporte do Japão — muito por conta da popularidade da modalidade no país (o que inclusive pesou para o retorno do beisebol às olimpíadas, ausente desde os jogos de 2008). Assim como Slam Dunk, o mangá esteva entre os primeiros colocados na lista de 100 mangás mais populares do Japão em 2020 da TV Asahi.

A história traz os gêmeos Tatsuya e Kazuya Uesugi, além de Minami, amiga de infância e com uma quedinha por ambos. Tatsuya sempre foi muito mais habilidoso que Kazuya no beisebol, mas “deixava” o irmão brilhar. Contudo, conforme crescem, o rapaz percebe que talvez existam coisas que ele não quer “perder” para o irmão. Após Kazuya se acidentar um dia antes da final do torneio local, Tatsuya joga no lugar dele.

A obra foi adaptada em um animê de 101 episódios, passando na TV de 1985 a 1987 no Japão. O extinto estúdio Group TAC foi o responsável pela produção. Diversas outra animações e live-actions foram produzidos posteriormente.

Embora não esteja oficialmente no Brasil, Touch possui uma continuação chamada Mix (atualmente em andamento, com 17 volumes), recentemente adaptada num animê de 24 episódios (do estúdio OLM) e disponível com legendas em português no catálogo da Funimation.

O sucesso da franquia de Mitsuru Adachi pode ser visto nos rankings semanais da Oricon, sempre com alguma posição ocupada por Mix, nas semanas de estreia dos novos volumes da série.


Futebol Feminino: Farewell, My Dear Cramer + First Touch

Imagem: Banner de 'Sayonara Football'.

Sayonara Watashi no Cramer / Sayonara Football

de Naoshi Arakawa

2016 | Inédito no Brasil | Kodansha | 14 volumes | Concluído

Uma das modalidades mais queridas pelos brasileiros que acompanham os jogos olímpicos é certamente o futebol feminino. Para esse público, Farewell, My Dear Cramer é uma ótima pedida!

O enredo aborda Sumire Suo, uma adolescente apaixonada por futebol. Jogando no time do colégio, a garota acaba não obtendo grandes conquistas no esporte, já que faz parte de uma equipe não tão competitiva. Até que um dia, Suo recebe uma proposta da sua grande rival, Midori Soshizaki, para jogarem juntas e formarem um time mais forte.

Com sua arte inconfundível, o mangá é do mesmo autor de Your Lie in April, publicado por aqui pela Panini. Infelizmente, não há qualquer previsão para a chegada da obra de Naoshi Arakawa ao Brasil, mas a animação de 13 episódios feita pelo estúdio Liden Films pode ser vista com legendas em português na Crunchyroll.

Na plataforma também há o filme animado Farewell, My Dear Cramer: First Touch, bonito prólogo que narra a trama de Nozomi Onda, uma estudante no Ensino Fundamental que, por não ter time feminino na escola, joga futebol com os garotos – mas acaba sempre sendo barrada das competições pelo fato de ser garota.

O filme é uma adaptação de Sayonara Football, mangá do mesmo Naoshi Arakawa lançado no Japão em 2009, totalizando 2 volumes.


Boxe: Ashita no Joe

Imagem: Banner de 'Ashita no Joe'.

de Ikki Kajiwara e Tetsuya Chiba

1968 | Inédito no Brasil | Kodansha | 20 volumes | Concluído

Após fugir de um orfanato, o adolescente Joe Yabuki vaga pelas ruas do distrito de Sanya, na periferia de Tóquio. Um dia, ele acaba encontrando o treinador Danpei Tange, que tenta convencê-lo a entrar no boxe. Após uma primeira negativa à Tange, Joe acaba indo parar na detenção, experiência decisiva para que o garoto volte a procurar pelo treinador e tentar a sorte na carreira de boxeador na categoria peso-galo.

Com uma narrativa envolvente, o mangá de Ashita no Joe é, ao lado de Hajime no Ippo, o grande clássico dos quadrinhos sobre boxe. Recentemente, o JBox fez um texto para falar da importância da série de Ikki Kajiwara e Tetsuya Chiba para o contexto histórico-social da época em que foi publicado no Japão (leia aqui).

É uma pena que a série não esteja disponível oficialmente por aqui. A editora que se propusesse a traze-la faria inestimável contribuição ao mercado brasileiro (vai que é tua, NewPOP!), sem dúvidas.


Ciclismo: Yowamushi Pedal

Imagem: Banner de 'Yowamushi Pedal'.

de Wataru Watanabe

2008 | Inédito no Brasil | Akita Shoten | 74 volumes | Em andamento

Uma das séries esportivas mais aclamadas da década passada, Yowapedal tem como protagonista Onoda Sakamichi, um jovem fã de animês de garotas mágicas que, para economizar uns trocados do transporte para gastar com seu hobby, passou a usar sua velha bicicleta para todas as suas locomoções – o que acabou o transformando numa verdadeira máquina de pedalar.

Quando entra para o colégio, Sakamichi se depara com o clube de animê fechado por falta de membros e acaba se inscrevendo no clube de ciclismo, mudando de uma vez por toda a sua relação com o esporte.

A enorme quantidade de volumes certamente afasta as editoras brasileiras. Quando a animação que popularizou a série estreou, em meados de 2013, o mangá já tinha mais de 30 volumes.

O animê, no entanto, tem as suas 4 temporadas no catálogo da Crunchyroll, com áudio original e legendas em português.


Vôlei: Haikyu!!

Imagem: Banner de 'Haikyuu'.

de Haruichi Furudate

2012 | Editora: JBC | Licenciante: Shueisha | 22 volumes (2 em 1) | Concluído no Japão

Haikyu!! é um dos mangás de esporte mais populares no Japão e consequentemente um dos títulos mais famosos da revista Shonen Jump na atualidade. Seriado de 2012 a 2020, narra a história do jovem Shoyo Hinata, que revive o clube de vôlei da sua escola no seu último ano de fundamental. Porém, o clube não dura mais que uma partida contra a escola Kitagawa Daiichi, liderada por Tobio Kageyama e conhecido como “rei da quadra”.

Ao entrar na escola Karasuno, Hinata está decidido em continuar no vôlei e se vingar de seu adversário, mas seus planos vão por água abaixo ao ver que o próprio Kageyama será seu novo colega de time. Hinata se vê precisando lidar com seus problemas de altura e com o agressivo Kageyama para se estabelecer com o time e sua nova jornada no esporte.

A relação do título com os fãs brasileiros é muitos especial e sempre rendeu movimentos pouco frequentes no mercado brasileiro, como as ações do time de vôlei do SESI-SPa vinda de Haruichi Furudate para o Brasil a fins de pesquisa (para o próprio mangá) e diversos outros momentos envolvendo inclusive atletas brasileiros.

Muita gente está ansiosa pela estreia das seleções masculina e feminina em Tóquio por causa de Haikyu!!, e muitos fãs do esporte podem ter a série como porta de entrada para o mundo dos mangás.


Tênis de Mesa: Ping Pong

Imagem: Banner de 'Ping Pong'.

de Taiyo Matsumoto

1996 | Editora: JBC | Licenciante: Shogakukan | 2 volumes  | Concluído no Japão

A história de Ping Pong gira em torno de Peco e Smile, amigos de infância com personalidades drasticamente diferentes, e que agora são membros do clube de tênis de mesa do Colégio Katase. Mas Peco fica arrasado após ser derrotado por um estudante chinês e decide abandonar o esporte; enquanto seu amigo, Smile, sempre se impede de tentar vencer Peco. Notando o potencial de Smile, o treinador Jo tenta motivá-lo a superar este obstáculo de seu psicológico.

A JBC planeja lançar o título ainda esse ano (estava previsto para o segundo trimestre, mas acabou atrasando). Assim como Haikyu!!, que chega ainda no mês de julho, a série de Taiyo Matsumoto (Tekkon KinkreetSunny) esteve na nossa lista de mangás mais aguardados do ano.

O mangá foi originalmente seriado entre 1996 e 1997 na revista seinen Big Comic Spirit, totalizando 5 volumes encadernados publicados pela editora Shogakukan. A edição brasileira será num formato especial, completo em 2 tomos.


Ginástica artística: Moon Land

Imagem: Banner de 'Moon Land'.

de Sai Yamagishi

2018 | Editora: Inédito no Brasil| Shueisha | 9 volumes | Concluído no Japão

Em Moon Land, acompanhamos Mitsuki Amahara, um garoto que sempre teve enorme interesse em ginástica. Amahara costumava até assistir aos treinos do clube da escola, mas nunca teve coragem de participar por acreditar não ter um bom porte físico.

Mesmo depois de um colega convencê-lo a ingressar na equipe, ele passa todo o Fundamental II apenas treinando exercícios de base. Ao final do ciclo, seu professor finalmente o inscreve em uma competição. E é lá que ele vê a performance de Sakura Dogase, membro de um renomado clube de ginastas, e passa ter uma outra visão do esporte.

Indisponível oficialmente em português, o mangá pode ser lido em inglês através do aplicativo da Shueisha, o MANGAPlus.