Em exibição pela Crunchyroll, o animê de Harem in the Labyrinth of Another World (Isekai Meikyuu de Harem wo) levou ao ar nesta semana seu 4º episódio, “Formatura” — o primeiro realmente contendo cenas de sexo. A versão exibida por aqui oficialmente é censurada (uma das censuras mais engraçadas que já vi na vida, diga-se de passagem).

Em meio a peitos e órgãos sexuais atrás de uma “janela de erro”, um beijo também foi censurado. O curioso é: mais de um beijo foi mostrado ao longo do episódio, e só um deles foi censurado. O motivo? Boa pergunta.

Vamos começar pela ironia que é a censura em uma série que simplesmente desconhece a ideia de consentimento enquanto tenta mostrar um protagonista que considera, ou tenta considerar, o quanto sua recém-adquirida escrava — alguém obviamente incapaz de dizer não pelo seu status — quer ou não que ele avance sexualmente.

Sem uma negativa — que ele não parece perceber que jamais poderia existir dentro deste contexto –, o rapaz tira a virgindade da moça (pois a série se importa em deixar claro ao espectador que ela era virgem!!). Porque consentir ou não é secundário, o problemático e digno de censura é mostrar os peitos da personagem peituda ou uma bitoca mais intensa.

imagem: cena cheia de censura.

A versão sem censura deve ser muito menos divertida. | Reprodução: Passione/Crunchyroll.

Mas vamos ignorar por um segundo que não há possibilidade dessa personagem recusar dentro deste contexto: uma trama cuja proposta é apenas mostrar um rapaz querendo fazer sexo com o máximo de garotas que ele conseguir comprar censurando basicamente a sua centralidade existencial já é cômico, mas se torna quase poético ao colocar uma tarja num simples beijo — e apenas um entre os vários mostrados ao longo do episódio.

Vale pontuar que a versão censurada vem direto da distribuidora, e não é a Crunchyroll que coloca as tarjas nos episódios. E esse não é o primeiro animê de harém com um beijo censurado.

E este é o conto de hoje. Deve existir algum lugar para isso no conceito de “ARTE”.


Fonte: Episódio 4


Sobre o “isekai do harém”

O animê adapta a série de livros que se foca no estudante do ensino médio Michio Kaga, que um dia é transportado para um mundo de fantasia estilo RPG, no qual consegue usar alguns “cheats”. Ele usa seus poderes para juntar garotas – a maioria escravas compradas – para o seu harém, em seu objetivo de virar mestre na profissão “maníaco sexual” (sim, essa é trama).

A produção é do estúdio Passione (Higurashi: New), com direção de Naoyuki Tatsuwa (Nisekoi) e roteiro assinado por Kurasumi Sunaya (Minami Kamakura Girls Cycling Club, Yowamushi Pedal New Generation). Taku Yashiro (Vulcan Joseph em Fire Force) interpreta o protagonista Michio, e Shiori Mikami (Akari Akaza em Yuruyuri) faz Roxanne, a primeira integrante do futuro harém do personagem.

A novel foi seriada de forma independente do site Shousetsuka ni Narou de 2011 a 2019, com um epílogo saindo em março de 2020. A editora Shufunotomo publica os volumes, com ilustrações de Shikidouji (Full Metal Panic!) – são 12 por enquanto. Uma adaptação em mangá é seriada na Shonen Ace, da Kodakawa, desde 2017, com 7 volumes até o momento.

O nome original, na verdade, é Isekai Meikyuu de Dorei Harem wo (Harém de Escravas num Mundo de Masmorras), mas a versão editada pela Shufunotomo retirou o “dorei” (escravo) do título, adaptação seguida pelos mangá e animação, e um indício de que até as produtoras japonesas consideram a série meio bomba.

A exibição japonesa com três versões: uma restringindo (ou seja, censurando) algumas partes, uma versão um pouco menos censurada e uma outra versão totalmente sem censura — a versão internacional é uma das com censura.