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Foram muitos os profissionais que tiveram Os Cavaleiros do Zodíaco atrelados à sua carreira ou até mesmo como responsáveis por mudar a sua vida.

Como não deu para contar com todos na primeira matéria, o JBox dá continuidade à série de depoimentos de nomes que sentiram e fizeram parte desse sucesso de 20 anos no Brasil, trazendo mais declarações curiosas de bastidores ricos em história.

Não viu a primeira parte? Clique aqui para ler os 10 primeiros depoimentos.

cdz20anos-edu Já conhecia o desenho. A Álamo me chamou pois queriam um cantor de metal para tal. Foi uma honra ter sido convidado para cantar as trilhas dos Cavaleiros do Zodíaco, e principalmente fico muito feliz das músicas que cantei terem se tornado os hinos da série!

Cada show e evento que faço guardo com muito carinho! Mas adorei ter gravado também a “Never”, que foi pro cinema!

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É incontestável a importândia de CDZ, que colocou os dubladores em evidência. A série nos apresentou ao grande público e especialmente aos fãs de animes. As pessoas começaram a ouvir mais sobre dublagem, a TV passou a exibir matérias sobre a nossa profissão e aí o público se ligou que havia uma pessoa à frente de um microfone que fazia atores de Hollywood e criaturas animadas falarem português. Descobriram que era um trabalho muito interessante e divertido. E que pagava bem. Hoje, o interesse pela profissão é gigantesco e é procurado também por muitos fãs de animes que decidiram se profissionalizar, se aventuraram e hoje vivem da dublagem, como Diego Lima e Thiago Zambrano: dois profissionais que realizaram seu grande sonho.

Quando compareci à primeira escala de CDZ, pra mim era apenas mais um desenho japonês. O único interesse que me despertou era que tinha algo a ver com astrologia – sou vidrado nesse assunto. Aí logo percebi que a semelhança se resumia aos nomes (risos). Comecei com Jabu, que logo desapareceu. Como não havia um release sobre a série e os episódios chegavam fora de ordem, (mal) dublados em espanhol, era difícil entender o que se passava naquela produção cheia de armaduras e golpes gritados, e achamos que o Jabu tinha encerrado sua participação por ali mesmo. E veio o Mu, nosso querido Mu de Áries. Depois veio o Misty, depois voltou o Jabu e junto com o Mu!!! Nada muito difícil. Mu e Jabu tem comportamentos bem distintos. Bastou manter-me fiel a cada uma das personalidades. A voz pode ser a mesma, o que diferencia é a personalidade. O problema é quando um dublador impõe sua personalidade aos atores/personagens que dubla – aí você tá na cozinha e não sabe que ator está falando na TV da sala.

Melhor que dublar, foi dirigir uma parte dessa saga: a de Hades e o longa-metragem Prólogo do Céu. Fazer com que os dubladores fossem fundo na interpretação, como na dublagem de filmes em live action, em vez de ficar no fácil e confortável meio do caminho. Se é pra intimidar, então que intimide; se é pra desafiar, então que desafie de verdade; se é pra gritar, então que gritem pra valer, em vez de fazer de conta que grita, fazer de conta que desafia e fazer de conta que intimida. O público curtiu. Eu fiquei feliz. Mais feliz ainda eu fiquei ao saber que o Mu fez mais sucesso aqui do que no Japão, e que isso se deu graças à dublagem. Se isso não for verdade, não me digam! Prefiro morrer feliz assim. Obrigado a todos pelo carinho.

 

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Sou da geração que cresceu sem perder um capítulo de Jaspion, Changeman e toda a enxurrada de tokusatsu que passou na TV brasileira entre o final dos anos 80 e meio dos 90. Quando Cavaleiros estreou, pouca coisa desse tipo ainda passava, o que me fazia procurar em outros seriados e desenhos características que me lembrassem os tokusatsu, meio que como requisitos para eu acompanhar. Comecei a ver Cavaleiros do Zodíaco com essa cabeça. Os primeiros episódios que eu vi eram daquela fase que só existe no anime, em que eles lutam contra o Docrates, etc, Lembra? O capanga do mestre Ares mandava em quase todo episódio um Cavaleiro diferente para enfrentar os de bronze. Isso me lembrou muito o jeitão dos tokusatsu e Cavaleiros virou meu desenho preferido instantaneamente. Com o tempo, fui me envolvendo absurdamente com a trama, e ela ter ou não características dos tokusatsu deixou de importar. Viciei até o fim.

Foi por causa de Cavaleiros que descobri o bairro da Liberdade, onde se concentra a colônia japonesa em São Paulo. Obriguei meu pai a me levar lá. Acabamos esbarrando numa loja que vendia fitas VHS pirata dos longas da série, que iam demorar muito até virem pra cá. Claro que fiz ele me comprar. Esse foi o meu primeiro contato com a língua japonesa, acho. Alguns anos depois, em 1999, isso evoluiria para um intercâmbio de um ano no Japão. Lá, com 17 anos, assisti um show ao vivo do Hironobu Kageyama, o cantor da segunda abertura de Cavaleiros (Soldier Dream), e dos temas de Changeman e Dragon Ball Z. O cara é uma lenda. Gostei tanto desse show que, quando voltei para o Brasil, insisti muito para trazerem ele para cá, o que acabou acontecendo em 2003, no primeiro Anime Friends. Conheci meu ídolo aqui, mandei uma demo pra ele e, em 2005, fui aprovado para cantar com ele no Japão, no grupo vocal JAM Project, onde sigo até hoje, inclusive compondo músicas. Quando eu ia imaginar que isso fosse acontecer? Além de ter sido a realização do meu maior sonho, foi a porta de entrada para a minha carreira profissional atual. Hoje vivo de música japonesa, com o JAM Project e solo (acabei de lançar um disco solo chamado On the Rocks, cheio de influências das trilhas de Saint Seiya).

Cavaleiros do Zodíaco teve uma importância enorme para que eu trilhasse esse caminho até aqui. Se essa série não tivesse passado na TV, a minha vida seria muito mais chata.

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Antes de começarmos a editora Acme já tínhamos a ideia de fazer uma revista lidando com esse mundo dos heróis, porque tínhamos feito dois especiais com essa pegada quando eu trabalhava na Editora Azul, os especiais SET TERROR E FICÇÃO. Fizemos um com capa do Batman, o Retorno, que arrebentou. Era muito mais na pegada de revistas americanas como Comic Heroes, do que sobre terror e sci-fi.

Mas a Herói só tomou forma mesmo em dezembro de 1994. O Mauro Martinez dos Prazeres, sócio da Devir, também era sócio nos projetos editoriais da Acme, junto com o Carlos Cazzamata, dono da Sampa. Foi ele que um dia chegou no nosso escritorinho e comentou, “já ouviu falar de um desenho chamado Cavaleiros do Zodíaco?” Eu não tinha. Aí ele disse que o Franco de Rosa, parceiro da Sampa e responsável por muitos produtos da casa, tinha dito que CDZ estava arrebentando, o filho dele adorava e os amigos também.

Fomos atrás, tinha muito pouca informação. Eu estava desconectado da animação japonesa há muitos anos. Cresci assistindo, nos anos 70, mas desde Star Blazers (Patrulha Estelar), na Manchete, eu não acompanhava mais nada. Nesse mesmo período foi anunciado que uma grande febre americana ia estrear em janeiro, Power Rangers. Pensamos, ué, juntando um desenho e um seriado fortes para moleque, dá recheio para uma revista legal.

Para ser baratinha, tinha que ser formatinho, era menos risco. E isso naturalmente deixava ela um pouco mais infantil. Era a época do Plano Real, o que conspirou a favor. Não fazíamos ideia que ia vender tanto, nem que viraria logo semanal, nem que CDZ seria capa de tantas edições.

[A importância de CDZ] Foi muito grande. Porque as matérias sobre CDZ eram a espinha dorsal da Herói na sua primeira fase, em 1995. Foi a partir dali que começou todo o envolvimento da nossa editora, a Conrad, com o mundo dos animes e mangás, que teria muitas consequências dali para frente – inclusive com o lançamento dos nossos primeiros mangás, Pokémon, Dragon Ball e CDZ. E depois vieram muitos outros… a Herói mudou minha vida, minha editora, e o próprio mercado editorial brasileiro. Influenciou muita gente, muitas outras revistas, muitos sites e podcasts e canais do YouTube que existem hoje.

Durante um ano, 1995, minha vida foi Cavaleiros do Zodíaco… e a Herói até hoje é grande parte da minha vida, o site Heroi.com.br hoje fala com mais gente do que a revista nos seus melhores momentos.

Mas o grande momento que quero viver ainda é em dezembro, na Comic Con Experience, quando vamos celebrar os 20 anos da Herói. Vamos reencontrar velhos amigos, teremos boas surpresas!

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O meu envolvimento com Os Cavaleiros do Zodíaco foi bem pequeno, mas acho que importante.

Com meu trabalho na Conrad, eu me envolvia mais com os mangás de Dragon Ball, as outras obras de Akira Toriyama e Vagabond. Logicamente falava sobre CDZ na revista Herói sempre que precisava. Assisti ao desenho logo na primeira exibição da Manchete.

Bom, eu trabalhei na Conrad como funcionário por um ano, de 2000 a 2001, e saí por problemas que envolviam equilibrar o tempo da faculdade e do trabalho. Como freelancer permaneci na empresa até 2005, sempre pegando uma ou outra coisa pra fazer nas revistas e nos sites. E como freelancer eu podia pegar outras coisas para fazer e como estava no meio deste boom dos animes, me chamavam para indicar produtos, avaliar dublagens, etc.

Eu me lembro de, conversando com o pessoal da Rede TV, a diretora de programação me perguntando por que os animes não davam audiência mais. “Começamos com Super Campeões e tinha uma audiência muito alta e bacana, agora a gente tá dando meio ponto no IBOPE! Por que?” ela dizia. Os grandes fanfarrões da TV não entendiam (e a maioria ainda não entende!) que animes são série com começo, meio e fim como uma novela. Bom, mas tudo bem… se eles não sabiam, eu ia lá e explicava porque era assim que tirava mais um troco para pagar as contas do mês.

Vamos voltar um pouco no tempo…

Em 2004, a PlayArte estava atrás de um anime que fosse dar dinheiro no mercado de DVDs que na época já apresentava uma queda grande em vendas por conta da pirataria, internet, etc…

A ideia era vender uma coisa nova e inédita que atraísse esse público que sabíamos que era muito grande. Me lembro da época da Conrad onde os mangás como Dragon Ball eram novidade e vendiam cerca de 80 mil exemplares/mês. Hoje em dia vendem de 5 a 8 mil e mesmo assim é um ótimo mercado que sustenta muita gente.

Eu fui até a sede da PlayArte e me deram um catálogo imenso de animações japonesas para avaliar. No meio disso estava Os Cavaleiros do Zodíaco. A minha avaliação era simplesmente: “Esse aqui é um grande clássico e vai vender bem porque NINGUÉM ainda pensou nisso. Se pegassem a Saga de Hades, seria o ideal porque ainda é uma série inédita na TV”. Sendo assim, os negociadores da PlayArte foram atrás da Saga de Hades, mas esbarraram com os licenciadores que ofereceram a série toda de uma vez como uma espécie de “obrigação”. É comum no mercado isso também acontecer: “Quer pegar um bom título? Então pegue esse, esse e esse que não são tão bons primeiro e depois vamos conversar”. Já se sabe porque entre “Narutos” e “Bleaches” saem mais um monte de mangás que você nunca ouviu falar o nome nas bancas brasileiras, por exemplo.

Com esse retorno, eu refiz a estratégia porque a série toda era enorme (114 episódios) pra um público que comprava o DVD pirata por menos da metade do valor do oficial. A série clássica ainda passava na TV, mas o DVD podia dar certo, se os boxes fossem mais baratos, sem cortes e acessíveis ao público da época. Já que se ia lançar a série inteira era preciso separar as sagas direitinho.

Eu fiz toda essa parte de logística. Até sabíamos que os primeiros boxes venderiam mais por ser novidade, mas os outros teriam uma menor venda porque a procura do público ia diminuir já que seriam MUITOS e MUITOS DVDs…

Bom, eu montei as divisões dos discos, ajudei a escolher as imagens que ilustravam as capas e foi isso. Ganhei por esta assessoria e por ter indicado o título. No mercado, aconteceu exatamente o que prevíamos. Os DVDs venderam muito nos primeiros boxes e a ideia era que, se desse lucro, sobrasse a verba para lançar todos os outros. Depois do primeiro lançamento, os discos que sobraram foram parar em gôndolas sortidas e custando metade do preço combatendo a pirataria.

O mais espantoso é que sobrou mesmo o fôlego dos fãs para comprar tudo. No final, a PlayArte começou a comprar outros clássicos dos animes e lançou também Yu Yu Hakushô. Na mesma leva, fui parar na Focus, que pegou Fullmetal Alchemist, Super Campeões, Viewtiful Joe, Jaspion, Changeman e Flashman. Tudo isso só saiu porque o êxito em Os Cavaleiros do Zodíaco estimulou as empresas a investirem nesse tipo de material quando perceberam que haviam fãs de verdade para consumi-los.

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A importância [de CDZ] é muito grande. No lado profissional teve de certa forma uma boa influência, mas de forma inversa, ou seja, a minha profissão me incentivou a fazer o site, que é apenas um hobbie. Já no lado pessoal, acabei formando muitos amigos e conheci minha esposa por causa da série e do site, há 10 anos atrás.

Em 2001/2002, resolvi unir o fato de já trabalhar com programação com a paixão pela série. Daí surgiu o CavZodiaco, um site 100% feito e programado por mim. A oportunidade de trabalhar com a marca foi uma consequência do nosso trabalho, onde as empresas se interessaram pelo serviço de assessoria. Nunca corremos atrás de nenhuma empresa, elas nos procuram.

São muitos [fatos curiosos e memórias]. Gostaria até de escrever um livro sobre tudo o que (nós do site) vivemos nestes 12 anos, mas, por termos visto tantas coisas muito boas e outras tantas muito ruins, capaz que não daria certo. De qualquer forma, na década de 90 o que mais me marcou foi a estreia do filme do Abel nos cinemas e recentemente destaco o fato de ter ganho o autógrafo do Masami Kurumada no dia da pré-estreia brasileira do filme A Lenda do Santuário.

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Muitos fãs comemoraram neste 1º de setembro os 20 anos de Saint Seiya (Cavaleiros do Zodíaco) no Brasil. Para mim, porém, é o dia 16 de setembro que marca a data em que eu conheci a série, quando, no ano de 1994, assisti ao décimo-segundo episódio, intitulado “As correntes da amizade”.

Em uma sexta-feira chuvosa – ou não, mas gosto de pensar que chovia, confere certa carga dramática àquele dia e gosto de dias de chuva –, eu, zapeando pelos canais da TV, me deparo com um desenho de traços diferentes do que eu estava acostumado, paro para ver do que se trata e fico fascinado com a figura daquele homem que se sacrifica, sem hesitar, para restaurar o traje de batalha utilizado por seu amigo. O sangue dele jorra incessante e, para mim, desesperadamente enquanto meus olhos seguem vidrados, cintilantes. Foi amor à primeira vista pelo Shiryū e pela série. Foi essa demonstração de amizade o principal motivo que fez com que eu me apaixonasse por Cavaleiros do Zodíaco. Foi esse senso de amizade que me levou posteriormente a contextos em que conheci muitos fãs de mangás/animês, tendo alguns se tornado amigos meus de fato, para orgulho do cavaleiro de Dragão.

Depois desse primeiro contato com a série, sempre que ouvisse qualquer referência a Saint Seiya meus olhos voltariam a brilhar. Assistir aos capítulos diariamente era um ritual sagrado para mim. Não queria perder um instante sequer do desenho, nem mesmo da abertura, que eu tentava compreender enquanto me afundava nos spoilers que ela lançava a todos os seus telespectadores. Depois, como toda boa criança daquele tempo, fui tremendamente hipnotizado pelos comerciais dos bonecos clássicos. Como eles eram caros, quando eu finalmente pude comprar algum fui a uma loja e só havia dois modelos sobrando: ironicamente, para desespero de seus muito ardorosos fãs, era um Gêmeos e um Virgem. Naquela ocasião, ainda não conhecia nenhum desses personagens e na verdade queria o do meu signo, Leão, mas acabei levando aqueles dois! rs

Além de moldar meu caráter por meio de exemplos como o senso de amizade e sacrifício de Shiryū, o intenso contato (aka vício! rs) com CDZ aflorou em mim dois interesses que se perpetuariam ao longo de minha vida até então: religiões e Japão. Enquanto o primeiro se manteve em caráter apenas de passatempo pessoal, o segundo, além de me lançar ao mundo dos animês e mangás, moldou intensamente minha vida profissional: me levou a um curso de língua japonesa; depois a uma faculdade de Letras Português/Japonês (encerrada com uma monografia sobre tradução de mangás no Brasil); então a um mestrado em linguística analisando o texto imagético de histórias em quadrinhos (utilizando o primeiro volume de CDZ da Conrad como exemplo principal); e, agora finalmente, a um emprego no Japão no cargo de professor de Português bem no ano do lançamento do novo filme da série.

Comemorei o 1º de setembro como os outros fãs brasileiros, mas agora chega a hora de comemorar algo mais especial para mim: os 20 anos do meu encontro pessoal com Saint Seiya, que tanto vem marcando a minha trajetória até agora. Eu fico extasiado em poder festejar essa data justamente no Japão, pois devo a CDZ essa conquista – o momento da ignição inicial do processo que me trouxe até aqui foi justamente quando eu, então com apenas 9 anos, vi Shiryū se sacrificando em nome da amizade.

PS: E também vi um personagem de cabelo longo verde e armadura rosa que eu jurava que era mulher! rs