Decidido o nome e o “objetivo” de seu clube escolar, as heroínas de Tropical-Rouge! Precure finalmente começaram suas atividades “extracurriculares”, mas entre uma atividade ou outra, elas também precisaram lutar contra o mal – e ganharam uma nova habilidade ao fazer isso.

Cozinha tropical

O oitavo episódio lembrou bastante Kirakira Pretty Cure a la Mode, uma vez que Manatsu decidiu que a primeira atividade de seu Clube Tropical seria fazer bentôs estilizados de Kururun. A ideia surgiu após a protagonista ver que sua mãe vivia ocupada demais com afazeres domésticos e que ela poderia ajudá-la caso cozinhasse suas refeições sozinha.

Em Kirakira, os doces feitos pelas protagonistas sempre tem algum significado e são feitos para ajudar ou incentivar alguma pessoa, de modo que a hipótese de o episódio ter sido uma homenagem é bastante plausível.

Imagem: Asuka ensinando Minori e Laura a cozinhar.

Reprodução: Toei/Crunchyroll.

Quem ensinou as meninas a cozinhar seus bentôs foi Asuka, e o episódio buscou se aprofundar um pouco mais na valente Cure Flamingo. Descobrimos que Asuka vive em uma família pequena, com somente ela, o pai e o irmão, e divide as atividades de casa com seus poucos familiares, então cozinhar já é normal para ela. Como não citou sua mãe, eu creio que em breve vamos conhecer mais da família de Asuka e entender o “porquê” dessa ausência da figura materna.

Entretanto, mesmo sendo de certa forma o foco do episódio, sobrou espaço para o roteiro trabalhar situações divertidas em torno das personalidades de todas as 4 precures (e também da sereia Laura), assim, todo mundo brilhou um pouco nesse capítulo.

Luzes, câmeras e maquiagem

Depois de alguns episódios focados em Manatsu, Minori e Asuka, chegou a hora de Sango ser a estrela (em partes) no nono capítulo da temporada. Nesse episódio, as garotas conhecem Yuna, uma jovem atriz que vai gravar um filme, mas com problemas para conseguir “entrar no papel” de sua personagem. As precures a levam para a loja de maquiagens da mãe de Sango e decidem ajudá-la, mas sem sucesso.

Em determinado momento, Sango resolve ajudar a mãe a distribuir amostrar grátis de uma nova maquiagem focada no conto de fadas Cinderela. Ela se veste como o mascote da loja e dá o melhor de si em tal tarefa, e isso impressiona Yuna e dá coragem à atriz.

A citação ao conto Cinderela tem seu significado: para Sango, ao reler a clássica história, o maior presente dado pela Fada Madrinha à Cinderela não foi um vestido, ou um sapatinho, mas a coragem para ir ao baile do príncipe – a mesma coragem que faltava a Yuna. No fim, a mãe de Sango se torna a “fada madrinha” de Yuna, maquiando-a para  ela (inspirada por Sango) conseguir despertar essa coragem.

Imagem: Yuna lendo a 'Cinderela'.

Reprodução: Toei/Crunchyroll.

Como é possível notar, foi um episódio envolvendo muita coisa: maquiagem, a Cinderela, mensagem de coragem e motivação, além de dividir o foco entre Sango e Yuna. Mesmo buscando ordenar todos esses assuntos e o capítulo em si não sendo de todo mal, no final é difícil não notar que o enredo ficou um tanto quanto bagunçado e estranhamente excessivo (e ainda assim mostrou menos do que eu esperava em torno de Sango).

Como ponto positivo é possível citar a batalha contra o monstro da semana, novamente vencida na base da estratégia (e sempre que fazem isso, é muito legal). Também é legal ver a série mostrando como a maquiagem é usada profissionalmente e o reforçando a importância do trabalho dos maquiadores no cinema, a mãe de Sango é maquiadora profissional.

Não vou citar as cenas cômicas, pois nisso Tropical-Rouge! tem acertado tanto que já cansei de elogiar.

Uma por todas, todas por uma

Por fim, chegamos ao episódio dez, aquele com o primeiro “ponto de virada” de Tropical-Rouge! Precure no que diz respeito a poderes. Nesse episódio, fomos apresentados a uma versão ainda mais forte do monstro yarane-da (chamado agora kero-não na tradução), além do primeiro golpe em grupo das 4 precures.

Durante o episódio, o novo monstro da semana rouba toda a motivação de Manatsu, deixando o restante das garotas em grandes apuros. Para piorar, quando Laura consegue absorver a motivação da amiga com seu frasco mágico, ela acaba perdendo o objeto e se torna mais um desfalque para o time ao partir em uma busca pelo tal frasco.

Como é possível prever, Laura consegue recuperar o frasco, mas antes disso, a própria Manatsu consegue alimentar sua própria motivação ao se esforçar para proteger suas amigas em perigo. O grupo então se une e ganha um novo ataque chamado Mix Tropical, combinando elementos de cada uma das precures a partir da invocação de uma ave (referência ao “Flamingo” do codenome de Asuka), com corpo de papaia, asas em formato de raios de sol e coroa de penas de corais.

Imagem: As Precure transformadas.

Reprodução: Toei/Crunchyroll.

O episódio seguiu à risca os “clichês” de Precure, pensando nos episódios em que elas ganham um “ataque em grupo”: teve um monstro mais forte, os ataque finais das heroínas não funcionando e o momento de heroísmo da líder do grupo se colocando para salvar as demais.

O ponto alto, entretanto, não foi exatamente a batalha em si ou como elas conseguiram o novo poder, mas sim ver a preocupação de Laura em torno da amiga. Por mais que ela continue dizendo fazer tudo apenas por desejar que as precures salvem seu reino, ela está cada vez mais se importando com suas aliadas (uma evolução de caráter construída desde aquele episódio 7, quando Kururun se uniu às meninas). Em breve devemos ver uma Laura mais altruísta – embora, espero eu, não menos vaidosa e engraçada.

A luta em si, porém, não trouxe uma sensação de grande emergência, mesmo com a cena emocionante de Manatsu. Isso pode ter sido causado pelo fato de o monstro do dia não ter sido o mais criativo da temporada em relação a poderes (ele era engraçado, mas sem grandes habilidades como inimigo com exceção de sua grande durabilidade).

Há ainda outro elemento importante a ser citado para essa falta de urgência: o fato de que, pelo menos até agora, o roteiro da série não conseguiu transformar os seguidores da Bruxa da Protelação em seres realmente ameaçadores.

Em um aspecto geral, Tropical-Rouge! tem acertado (e bastante) na comédia e também na construção de suas protagonistas, mas quando olhamos para o lado de urgência de batalha com vilões, o negócio é um pouco diferente.

Digo isso considerando exemplos lá de trás: HeartCatch Precure!, por exemplo, em seu décimo episódio, mostrava as protagonistas enfrentando uma das vilãs mais poderosas daquela temporada (e elas perdiam a batalha). Kirakira Pretty Cure a la Mode, por sua vez, em seu décimo primeiro episódio, apostava na união de diversos vilões para fazer com que as heroínas despertassem o poder de seu golpe em grupo. Em ambos os casos, a narrativa trazia certa urgência.

O mais recente capítulo de Tropical-Rouge! não trouxe essa urgência. Trouxe um bom desenvolvimento de personagem por parte de Laura e Manatsu, mas os vilões não pareciam verdadeiramente ameaçadores – talvez por isso a batalha não tenha sido a mais interessante.

Não significa que o animê esteja ruim, muito pelo contrário, é bastante divertido e uma das temporadas mais engraçadas da franquia, mas quando o assunto é mostrar urgência na luta contra o mal, falta um certo tempero que eleve os vilões a inimigos ameaçadores (algo que pode ser feito sem que eles sejam menos cômicos).

Com o surgimento do primeiro ataque em grupo das nossas heroínas, deve demorar algum tempo até a série mostrar algum grande evento de luta contra o mal que gere o surgimento de novas habilidades especiais. Isso significa que, daqui para frente, muitos episódios deverão se focar no cotidiano das garotas – e isso não deve ser menos divertido, já que é nesses momentos que poderemos conhecer mais dessas meninas.

P.S.: Tsuchida Yutaka, diretor principal de Tropical-Rouge!, foi também diretor do filme de Kirakira Pretty Cure a la Mode, o que me leva a crer ainda mais que o episódio 8 pode sim ter sido uma homenagem à temporada de 2017.


Tropical-Rouge! Precure é exibido pela Crunchyroll com legendas em português de forma simultânea com o calendário japonês. A empresa fornece ao JBox um acesso à plataforma. Confira as outras resenhas da série: episódios 1, 2-3, 4-5, 6-7.


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