Depois de 16 meses do anúncio oficial, o animê FUUTO PI finalmente estreou, inclusive no Brasil pela plataforma de streaming Crunchyroll.

Este é o primeiro dos três projetos comemorativos dos 50 anos da franquia Kamen Rider, que foram confirmados pela Toei em 3 de abril de 2021 – o segundo será Kamen Rider Black Sun, reboot da série Kamen Rider Black (1987), que estreia mundialmente no final deste ano via Prime Video; e o filme Shin Kamen Rider, um novo reboot da série original de 1971 que estreia nos cinemas japoneses em março de 2023 e tem direção de Hideaki Anno (o mesmo de Shin Godzilla (2016) e Shin Ultraman (2021) e também o criador de Evangelion).

FUUTO PI (Fuuto Tantei, no Japão) é uma adaptação do mangá que dá continuidade à série tokusatsu Kamen Rider W (Double), que havia inaugurado uma segunda fase dos Riders da antiga era Heisei, em 2009. O roteiro da série de TV e também do mangá foi de Riku Sanjo, que já era conhecido pelos fãs de animê pela série Dragon Quest: The Adventure of Dai (ou mais conhecido pelo público brasileiro como Fly – O Pequeno Guerreiro).

É claro que o fã de carteirinha vai notar várias referências e até reconhecer personagens que apareceram em determinados arcos de W – é que cada caso de investigação equivalia a dois episódios, modelo adotado em algumas séries Kamen Rider. Mas o espectador não precisa necessariamente ter assistido Kamen Rider W para entender FUUTO PI (leia PI como sigla em inglês “pi aɪ”, que vem do termo private investigator; assim como na série clássica americana Magnum P.I. (1980~88), estrelada pelo veterano Tom Selleck), que provavelmente vai despertar a curiosidade de novos fãs para buscar o passado dos personagens principais, que são carismáticos do início ao fim.

Imagem: Cena de transformação no trailer.

No segundo episódio, Philip e Shotaro se preparam para a transformação em Kamen Rider Double | Reprodução/Crunchyroll

Para não ficar perdido na mitologia de Kamen Rider W, a produção do Studio Kai tratou de fazer um belo resumo da Begins Night, evento que acontece cerca de um ano antes dos eventos principais da série tokusatsu e que foi explorado em detalhes no filme Kamen Rider × Kamen Rider W & Decade: Movie Taisen 2010 (2009).

O mote do animê se passa algum tempo depois do final de W, mostrando a dupla Shotaro & Philip investigando um caso aparentemente sobrenatural, que dá pistas sobre a existência de uma bruxa e até de canibalismo – algo impensável para uma série tokusatsu exibida nas manhãs de domingo. Por outro lado, Shotaro se envolve sentimentalmente com uma misteriosa garota chamada Tokime, que sofreu amnésia e pode estar ligada aos Dopants, que nada mais são que humanos que podem se transformar em monstros através das Gaia Memories.

Veja a abertura de FUUTO PI:

Cyclone! Joker!

Falando como fã de Kamen Rider W (e um fã de Shotaro que já esteva quase prestes a fazer um cosplay do personagem), estou curtindo bastante FUUTO PI. Até o momento foram exibidos os primeiros dois episódios — de um total de 12–, que foram suficientes para agitar ainda mais os meus domingos. E a série é ótima de um jeito que eu tenho que assistir duas vezes, inclusive formando uma dobradinha com a segunda temporada do reboot de Os Cavaleiros do Zodíaco — também na Crunchyroll.

E não é a toa que FUUTO PI está agradando em cheio os antigos fãs de Shotaro & Philip e cativando novos fãs. Mesmo com alguma ou outra cena de sangue e umas “discretas” cenas de nudez de Tokime, o animê respeita toda a essência de Kamen Rider W. E a impressão é de você reencontrar amigos de longa data que não mudaram praticamente nada — a não ser pela animação e pelas vozes, que estão próximas das características firmadas pelo elenco original.

Vale ressaltar que o segundo episódio faz referências a um momento importante do primeiro arco da série tokusatsu e mostrou, no momento certo, a versão animada da transformação de Shotaro & Philip em Kamen Rider W, com todas as características que o espectador tem direito de relembrar o passado. Impossível um fã (como eu) não surtar diante desse momento triunfal que não merece palavras, mas sim ser muito bem prestigiado.

imagem: cena do segundo episódio.

Shotaro e a misteriosa Tokime | Reprodução/Crunchyroll

FUUTO PI é um animê promissor para esta temporada de verão (ou inverno no Brasil) e, de longe, supera não apenas os novos episódios de Cavaleiros — que está se esforçando para deixar alguma marca — como também as novas temporadas dos animês ULTRAMAN e Círculo de Fogo: The Black — que estrearam neste ano e também atraem fãs de tokusatsu.

E dependendo da qualidade, a dublagem brasileira, já garantida pela Crunchyroll, tem tudo para fazer barulho entre os fãs, pois é a primeira vez em vários anos que teremos uma série da franquia com diálogos em português.

Shotaro, Philip e cia retornaram com pé na porta e sem decepcionar o público. Se assistir semanalmente Kamen Rider W à época era entretenimento, acompanhar FUUTO PI hoje é uma carga redobrada (sem trocadilho) de emoção. É impossível assistir sem deixar de lado a nostalgia. Um ótimo começo para as celebrações do cinquentenário de Kamen Rider, que ainda prometem bastante para o resto do ano.

PS: Para quem é amante da cultura pop em geral, curte tokusatsu, mas por algum motivo não acompanhou a safra de Riders que sucedeu Issamu Minami, dê uma chance para FUUTO PI, porque Kamen Rider continua tão bom quanto nos velhos tempos da saudosa Manchete. É ver pra crer. 🙂

FUUTO PI tem novos episódios exibidos oficialmente no Brasil pela Crunchyroll todo domingo, a partir das 13h (horário de Brasília), com legendas em português. A série tem dublagem confirmada, que deve estrear nas próximas semanas, como é de praxe com os simuldubs do serviço.

O texto presente nesta resenha é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site JBox.