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No dia 1° de maio de 2011 chegou à TV por assinatura brasileira o “novo” canal da Sony, o Sony Spin, emissora que veio com o slogan “o canal que vai virar a sua cabeça”.

Bem, antes de mais nada, o uso de aspas na palavra ‘novo’ logo acima se deve pelo fato do canal incorporar pouco conteúdo inédito em sua estreia. O Sony Spin usou boa parte da programação já descaracterizada do Animax, o que veio de inédito mesmo foram séries no horário nobre e as vinhetas.

Com a premissa de ser um canal jovem – focado na geração millennials, como a nova MTV – o Sony Spin apostou em séries teen (Kenny vs Spenny, 90210), e algumas com apelo sexual, como Glory Daze, The World of Charlie e 18 To Life (nova temporada, a série já era exibida no Animax).

Um dos poréns dessas aquisições estava no fato de que as séries tiveram desempenho tão ruim nos Estados Unidos, que boa parte não durava mais que uma temporada. Ou seja, nenhuma chegava a marcar a cara do canal, uma vez que saiam do ar pouco tempo depois. Talvez 90210 e Teen Wolf tenham chegado perto de fazer isso, mas eram tantas as reprises e demora por episódios inéditos, que aos poucos essas deixaram de ter uma presença forte na emissora.

“Ah, mas essa demora, além das reprises, acontece com todos os canais”. É quase uma verdade absoluta. Os canais de TV paga têm como característica exibição semanal dos episódios inéditos das séries, com várias reprises ao longo da semana. Quem acompanha, por exemplo, Law & Order: SVU no Universal desde sempre muito provavelmente já está acostumado, mas a questão toma outras proporções quando um canal se propõe a focar no público jovem, um público que nasceu na era digital e já incorpora YouTube, Downloads, e até streaming das suas séries favoritas pela internet, em tempo real.

Com isso o Sony Spin não pode competir. Aliás, nenhum canal hoje no Brasil pode, com algumas exceções na rede aberta de TV que produz e distribui seu próprio conteúdo.

Então, até onde o canal poderia se sustentar para não cair em ruínas? Se o motivo para a extinção do Animax era o de baixa audiência e repercussão, esse, ao menos, tinha um público fidelizado sem o fator “millennials” na equação.

A solução, até agora, da Sony foi a seguinte: aos poucos, enfiar séries do canal Sony e AXN que fizeram algum sucesso, no Spin. Lost, Joan of Arcadia, Time of Your Life, The Guardian, dentre outras. E o pior é que muitas são exibidas há quase dois anos ininterruptamente. JoA, por exemplo, exibida todos os dias, já teve tempo de ser reprisada por volta de 16 vezes.

O canal adolescente foi se transformando em um recinto nostálgico, com um horário nobre ainda centrado em algumas séries jovens e programas de música, criando assim um modelo híbrido de programação.

O ponto é: se em dois anos de existência o canal precisou passar por essa grande transformação, a Sony errou na proposta do Sony Spin, e pelo visto vem sendo difícil consertar. Recentemente, até telenovela mexicana do Zorro o canal exibe, mostrando que se aposta em tudo pra conseguir encontrar qualquer tipo de público para aumentar sua audiência.

Pode ser que a Sony se arrependa de ter extinguido o Animax pro Sony Spin nascer. Mesmo com os animes concentrados nas madrugadas do canal, fazia relativamente mais sucesso que o sucessor hoje.

Por outro ponto, pode ser que não, uma vez que só por usar o termo “jovem” na descrição do seu canal, a programadora tenha atraído toneladas de anunciantes, que provavelmente estão pagando cada vez menos para que seus comerciais sejam veiculados, uma vez que o baixo desempenho do canal não agrada nem a Sony, nem quem quer vender produtos.

Curioso também que o Sony Spin teve uma série de vantagens que o Animax não tinha. Na estreia de Teen Wolf, os atores vieram ao Brasil fazer divulgação da série, e as maiores operadoras do país liberaram algumas vezes o sinal do canal para todos os assinantes.

O Animax, restrito, por exemplo, ao pacote top da NET na época, não tinha essas regalias para arrecadar público, e mesmo assim, se mantinha com sua fatia de espectadores.

O Sony Spin é um excelente estudo de caso para entendermos que, talvez, canais jovens não funcionem hoje em dia. A nova MTV poderá desmentir ou reiterar, mas os índices já mostram que ela caminha para a reafirmação de que o público jovem está na internet.

E para encerrar: teria sido melhor, para assinantes e Sony, que o Animax continuasse existindo ao invés de morrer e ceder espaço pro Spin?