Eu não vou iniciar esta edição desejando apenas um feliz ano novo, mas também um Feliz Shinobi Novo! 2022 é o ano em que o jovem Rentaro Kagura se transforma pela primeira vez no ninja Kamen Rider Shinobi, um dos três Riders do futuro que aparecem em Kamen Rider Zi-O, mais precisamente de uma linha do tempo alternativa onde Geiz Myokoin/Kamen Rider Geiz se torna o salvador do mundo no Dia de Oma.

2022 promete ser outro ano bastante movimentado para os fãs de tokusatsu, com direito à novidades no Brasil. Sem mais delongas, vamos ao balanço de expectativas para o que vem por aí.


Cinquenta mais um

Duas das três novas produções de Kamen Rider anunciadas em 3 de abril de 2021 (data em que a franquia completou meio século) estão programadas para este ano. Kamen Rider Black Sun, o reboot do clássico Kamen Rider Black, vai estrear em algum ponto entre março e junho (durante a primavera japonesa). Enquanto FUUTO PI, animê baseado no mangá de Kamen Rider W (Double), estreia em julho (durante a temporada de verão no Japão).

Ambas e mais o filme Shin Kamen Rider (programado para março de 2023) estenderão as comemorações do cinquentenário da série original de 1971.

Imagem: O Kamen Rider de Black Sun.

Kamen Rider Black Sun estreia neste semestre | Foto: Divulgação/Toei

Como eu escrevi aquiKamen Rider Black Sun tem tudo para ser a grande série tokusatsu do ano. As declarações do trio Kazuya Shiraishi (diretor), Shinji Higuchi (criador do conceito visual do Kamen Rider e dos monstros da nova série) e Kiyotaka Taguchi (diretor de efeitos especiais) garantem muitas expectativas, incluindo uma possível releitura de Taurus, o Espadachim das Trevas.

Até agora foram divulgados dois atores: Hidetoshi Nishijima (50) será Kotaro Minami, o alter ego de Kamen Rider Black Sun. E Tomoya Nakamura (35) será Nobuhiko Akizuki, o alter ego de Kamen Rider Shadow Moon.

Não dá pra especular tanto com poucos detalhes, mas duas coisas me chamam atenção:

1) Shadow Moon será chamado de Kamen Rider. Apesar do personagem da série clássica de 1987 parecer um, visualmente falando, ele não possui tal título. Teoricamente, se o vilão original fosse mesmo um Rider, ele talvez fosse chamado de “Kamen Rider Shadow”, já que o Senhor Black Black Sun foi chamado de Kamen Rider Black.

2) Os atores que farão os irmãos Kotaro e Nobuhiko têm 15 anos de diferença. Como sabemos, ambos os personagens são adotivos e nasceram durante um eclipse solar. Certamente esse elemento será descartado. Agora, qual será a relação entre ambos para se tornarem rivais? Haverá disputa pelo título de Imperador Secular dos Gorgom? Tais informações estão guardadas a sete chaves, e provavelmente vamos saber durante o desenrolar da trama. O fator surpresa é imprescindível e eu curto demais isso.

Assim como Kamen Rider Amazons (o reboot de Kamen Rider Amazon que está disponível por aqui pelo Prime Video), esta nova série será voltada para o público mais velho, prometendo altas doses de violência e suspense. Em outras palavras, quem espera que Black Sun seja como a série clássica, vai se decepcionar. Aquele modelo de episódios das séries tokusatsu dos anos 80 não existe mais. As coisas mudam com o tempo, para melhor ou para pior. A expectativa com Black Sun é que seja algo muito superior, tanto em termos de roteiro quanto de efeitos especiais.

Imagem: Pôster de 'Fuuto Pi'.

FUUTO PI tem lançamento garantido no Brasil pela Funimation | Foto: Divulgação/Studio Kai

Quanto ao FUUTO PI, também estou ansioso pela estreia. Kamen Rider W é uma das minhas séries favoritas da franquia e me marcou bastante, pois em 2009 eu estava redescobrindo o tokusatsu, depois de algum tempo afastado. Desde então não parei mais de acompanhar e cá estou escrevendo sobre o assunto. 🙂

Confesso que ainda não li o mangá FUUTO PI, muito por causa da dificuldade de acesso ao material. Em tempo, a Funimation confirmou a exibição do animê no Brasil. Torço demais para que a dupla Shotaro & Philip cative uma nova legião de fãs, que se interesse pela série original. E mais legal ainda seria ouvir boa parte do elenco da série de volta para emprestar as vozes para seus respectivos personagens. Quem sabe, né?


Nuvem de gafanhotos

Imagem: Kamen Rider Shinobi.

Imagem meramente ilustrativa do Kamen Rider Shinobi, o herói de 2022 | Foto: Divulgação/Toei

Falando em Brasil, a Sato Company vai lançar mais 11 séries Kamen Rider a partir deste ano. Além de Kamen Rider Black (1987) e Kamen Rider Zi-O (2018), que estão disponíveis em plataformas de streaming, a distribuidora confirmou a aquisição de Kamen Rider Black RX (1988), Kamen Rider Kuuga (2000), Kamen Rider Agito (2001), Kamen Rider Ryuki (2002), Kamen Rider 555 (Faiz, 2003), Kamen Rider Blade (2004), Kamen Rider Hibiki (2005), Kamen Rider Kabuto (2006), Kamen Rider Den-O (2007), Kamen Rider Build (2017), Kamen Rider Zero-One (2019), além do filme Kamen Rider Zero-One: Real×Time (2020), que foi apresentado em dezembro na Mostra de Cinema Japonês 2021.

Vale lembrar que, em novembro passado, Black RX apareceu no site oficial da distribuidora. Já no final do mesmo mês, Kamen Rider Kuuga foi anunciado durante uma live do canal Resistência Tokusatsu. Após a virada do ano, a Sato lançou um vídeo de ano novo com estas séries e a confirmação de mais nove títulos.

A quantidade é um pouco maior que o pacote com 10 séries Ultraman que a Loading anunciou para 2021, mas que infelizmente não aconteceu devido à prematura extinção da emissora. Não sei se a Sato vai lançar tudo durante o decorrer deste ano ou se vai deixar uma parte para 2023. O importante é que haja estratégia/planejamento, que é fundamental para qualquer produto.

Segundo meu amigo Danilo Modolo, em vídeo sobre o assunto no canal TokuDoc, é possível que Build seja lançado praticamente na mesma época de Kuuga, que atualmente está em processo de legendagem. Kuuga meio que está tendo uma redenção no Brasil, pois a série chegou a ser licenciada no início da década de 2000 pela Imagine Action Dá Licença, a mesma distribuidora que resgatou Os Cavaleiros do Zodíaco à época.

Imagem: Pôster de Kamen Rider Black RX.

Kamen Rider Black RX está no novo pacotão de séries da Sato Company | Foto: Divulgação/Toei

Curiosamente, Black RX e Ryuki, que foram adaptados nos EUA como Masked Rider (1995) e Kamen Rider: O Cavaleiro Dragão (2009), respectivamente, estão no novo pacote da Sato.

Black RX está de volta graças… à Disney. O fato é que o atual contrato permite que a Hasbro, a atual dona de Power Rangers, utilize a mitologia de Masked Rider em qualquer tipo de mídia, uma vez que ela é uma criação da antiga Saban Entertainment.

Porém, ela não pode comercializar a série nipo-americana de 1995, já que o contrato foi expirado em 29 de setembro 2005 e a casa de Mickey Mouse não renovou. Inclusive, o documento pode ser visto no fórum Rangerboard.

Por isso, o Rei Lexian apareceu em 2019 nos quadrinhos de Power Rangers. Em tempo, os contratos de VR Troopers e Beetleborgs, as adaptações gringas das série Metal Hero, são vitalícios.

Vale lembrar que tanto Black RX quanto Masked Rider chegaram a ser exibidos na mesma época por aqui, no final dos anos 90, pois houve uma negociação entre as extintas Tikara Filmes (antiga detentora da série original no Brasil) e a Saban Entertainment (criadora da adaptação).

Imagem: Cena de Kamen Rider Ryuki.

Depois de O Cavaleiro Dragão, agora é a hora e a vez da exibição de Kamen Rider Ryuki no Brasil | Foto: Divulgação//Toei

Ryuki só pôde ser comercializado graças ao cancelamento de O Cavaleiro Dragão, que ocorreu praticamente na reta final pelo canal americano The CW. Aliás, a Adness Entertainment havia acertado a mão em termos de roteiro e provou que dá pra fazer uma boa adaptação ocidental de Kamen Rider e até garantir uma premiação no Daytime Emmy Awards. Agora o público que só conhece a adaptação americana tem a chance de conferir a versão original de 2002, que também é muito boa (aviso desde já que os temas interpretados por Rica Matsumoto e Hiroshi Kitadani são viciantes).

Agora, senti falta de Kamen Rider W no pacote da Sato, já que FUUTO PI será transmitido pela Funimation. Uma pena. :/

Enfim, independentemente de uma versão dublada ou legendada, todos devem ter em mente de que esse tipo de material também deve atrair outros tipos de público, como, por exemplo, os fãs de animês que tiveram ou não algum contato com tokusatsu. Vamos lembrar que parte do público mais jovem (que está muito mais habituado com versões legendadas) teve acesso a Ultraman quando a Crunchyroll disponibilizou alguns títulos da franquia.

Por aqui ainda é um início de uma nova fase. Torço para que a Sato Company faça um bom trabalho e com bastante planejamento. Também espero que os fãs possam corresponder com o desejo de sucesso dos motoqueiros mascarados no Brasil. A Toei está de olho no mercado brasileiro e certamente está apostando no potencial que existe por aqui. Parte do sucesso depende de nós para que a empresa continue investindo em mais séries Kamen Rider.


Wow wow, Dyna

Imagem: Os 6 irmãos Ultra.

Os 6 Irmãos Ultra estão pra chegar | Foto: Divulgação/Production I.G./Sola Digital Arts/Tsuburaya

Tivemos nessa semana a divulgação da data de estreia da segunda temporada do animê ULTRAMAN na Netflix. Não vou comentar muito sobre isso agora, pois recomendo que o leitor confira o mangá publicado pela Editora JBC antes de 14 de abril.

Serão apenas 6 episódios. Muito pouco para contar o arco de Ultraman Taro, que começa no final do capítulo 8 da obra de Eiichi Shimizu e Tomohiro Shomoguchi. Sabemos que os 6 Irmãos Ultra estarão lá. Ou melhor, a representação dos personagens originais, uma vez que a trama considera apenas os eventos da série original de 1966.

Certamente a produção vai segurar uma boa parte da adaptação para uma possível terceira temporada, que será bem familiar (sem trocadilhos).

Outra grande produção da franquia é a minissérie Ultra Galaxy Fight: The Destined Crossroad. No finalzinho do ano passado saiu o prólogo desta que é a terceira parte da saga Ultra Galaxy Fight. Começa do ponto onde parou, logo após o sequestro de Yullian. Como esperado, ela encontra Ultraman Regulos, um novo personagem da mitologia que também foi aprisionado em Narak.

São 15 minutos de vídeo com diálogos que ajudam a prepararmos para o arco, que vai mostrar do que Absolute Diavolo será capaz. Aliás, o novo vilão apareceu nos episódios 14 e 15 de Ultraman Trigger: New Generation Tiga. Enfim, a guerra contra os Absolutinianos está só começando. Assista aos vídeos com áudios em japonês e inglês – com legendas oficial em português:

E esse ano deverá ser de mais uma comemoração para a franquia. A Tsuburaya vai lançar a série Ultraman Chronicle D, que estreia no dia 29 deste mês, substituindo Ultraman Trigger.

Quem acompanha religiosamente a franquia sabe que as séries Chronicle funcionam como espécie de “tapa-buraco”, revisitando episódios de determinadas séries, dependendo de cada ocasião. No caso de Ultraman Chronicle D, Alien Marlulu (voz por Mao Ichimichi, a Gokai Yellow em Gokaiger) e Alien Deban (voz por Risae Matsuda) vão revisitar os melhores momentos de Ultraman Trigger e também de Ultraman Dyna, que completa 25 anos em setembro.

Isso não deve ser a toa e provavelmente teremos uma série (de fato) comemorativa de Dyna no segundo semestre. Saberemos nos próximos meses…

Imagem: Ultraman Dyna.

Ultraman Dyna dando seu “joinha” | Foto: Divulgação/Tsuburaya


Roteirista de renome

Para os fãs mais entusiastas de Super Sentai, assistir Zenkaiger é uma diversão. Para outros (como é o meu caso), é uma dureza acompanhar uma trama excessivamente infantil, apesar de ter boas referências às demais séries da franquia. A atual série chega ao fim em 27 de fevereiro e será substituída por Avataro Sentai Donbrothers, a partir de 6 de março.

Imagem: Pôster de Donbrothers.

Donbrothers estreia em março | Foto: Divulgação/Toei/TV Asahi

Por sinal, Donbrothers será indiretamente uma sequência de Zenkaiger. Mais ou menos como Sun Vulcan (1981) foi para Denziman (1980), que teve a Rainha Hedrian como elo entre as duas séries clássicas.

O que sabemos até agora é que Don Momotato, o possível líder da nova equipe, vai aparecer no episódio 42 de Zenkaiger, previsto para ir ao ar na TV Asahi na manhã deste domingo (9). Isso sem contar que os Donbrothers (esta é a segunda equipe da franquia a ser referida no plural) terão Gears, assim como a atual equipe. É mais brinquedo pra vender no mercado japonês.

Fico mais confiante em saber que o veterano Toshiki Inoue será o roteirista de Donbrothers. Ele é nada menos que o roteirista principal de Jetman, a série Super Sentai de 1991 que é aclamada até hoje por atrair um público mais velho, graças aos romances e reviravoltas na trama.

Inoue não participa da franquia desde quando contribuiu para o episódio 28 de Gokaiger, que serviu como tributo a Jetman e foi ao ar em 4 de setembro de 2011. Ele havia aceitado o convite da Toei à época, mas desde que Toshihide Wakamatsu voltasse a interpretar Gai Yuki/Black Condor (o bad guy que era praticamente o Jece Valadão da franquia, por causa do seu jeitão meio “cafajeste”, digamos assim).

Resta sabermos se o roteirista, que adora explorar personagens (como no mangá de Kamen Rider Kuuga, por exemplo), fará algum diferencial. Ele certamente atenderá certas necessidades para que a franquia continue sendo atrativa para o público infantil. Mas Inoue está com a faca e o queijo na mão para não deixar Donbrothers cair na mesma chatice que é seu antecessor. Espero que ele deixe uma marca importante com sua volta.


Queremos a volta de Space Squad!

Imagem: Jiraiya, Gavan e Shaider.

A nova geração de Jiraiya, Gavan e Shaider | Foto: Divulgação/Toei

É bem verdade que 2022 promete ser mais um ano cheio para os fãs de tokusatsu. Talvez por isso alguns deixassem uma lembrança passar batido, mas cá estou para lembrar que existe (espero que ainda sim) a saga Space Squad, que rendeu os seguintes filmes: Girls in Trouble: Space Squad Episode Zero (2017), Space Squad: Gavan vs. Dekaranger (2017) e Uchuu Sentai Kyuranger vs. Space Squad (2018).

A série de filmes chamou atenção também de uma parcela do público brasileiro que não é necessariamente fã de tokusatsu, mas que acompanhava, por exemplo, Jaspion na extinta Manchete. O nosso herói aparece por pouco segundos, que foram bastante significativos para engajar os saudosistas. Da série original, tivemos a volta de Junichi Haruta emprestando sua voz para a então nova encarnação de MacGaren. Isso sem contar que tivemos referências que deixaram o público em êxtase.

Outra coisa interessante em Space Squad é a premissa de reunir heróis das franquias Super Sentai e Metal Hero contra uma seita maligna chamada Genmakuu, apresentando releituras de antigos vilões como MacGaren de Jaspion, Herbaira de Spielvan e Benikiba e Dell Star de Jiraiya. O sucesso foi tanto que foi inevitável comparar com Os Vingadores da Marvel. O filme mais recente ainda apresentou Touma Amagi, o novo Jiraiya que acabou substituindo Sharivan na formação dos Policiais do Espaço da nova geração.

Um pouco mais de três anos depois, não tivemos mais sinal de continuação da saga Space Squad. Não sabemos se o projeto foi cancelado. Espero, ou melhor, esperamos que não. 2022 é um ano propício para a retomada da série de filmes. Afinal, Gavan completa 40 anos em março. A primeira série Metal Hero teve um sucesso similar ao que Jaspion teve no Brasil.

Que a série de filmes tem uma repercussão acima do ótimo, isso é inegável. Pode ser que a Toei esteja demorando em lançar um novo material por causa da pandemia da COVID-19. Em tempo, já está mais do que na hora de vermos os heróis novamente em ação e mostrar para que realmente vieram. Depois de dois anos conturbados, precisamos de uma carga redobrada de adrenalina.


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